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Meu filho é dependente químico; como posso ajudar?

Criar um canal de comunicação é fundamental quando o assunto é consumo de drogas - iStock
Criar um canal de comunicação é fundamental quando o assunto é consumo de drogas - iStock

Redação Publicado em 03/06/2021, às 10h00

Conhecer alguém ou ter um familiar que sofre com a dependência química não é nada fácil, afinal essa é uma questão que afeta todas as pessoas que fazem parte do convívio do indivíduo, e não apenas ele.  

Por isso, confira algumas dicas para que parentes e amigos possam ajudar entes queridos nessas condições, quais os principais sintomas que caracterizam o problema e qual a melhor forma de lidar com a dependência química. 

Como identificar? 

As drogas são muito diferentes e cada uma pode produzir algum tipo de efeito ou alteração particular.  O impacto dessas substâncias também pode mudar de pessoa para pessoa e, muitas vezes, basta uma única experiência para tornar o indivíduo um dependente químico.

Confira alguns sinais gerais que podem ajudar na identificação de pessoas que consomem algum tipo de droga:  

#1 Alterações do comportamento

A pessoa fica diferente, os comportamentos mudam e chamam atenção. Se ela era alegre e falante, por exemplo, pode de repente ficar mais quieto, ou vice-versa. 

#2 Agitação permanente

Esse é um dos efeitos mais comuns de vários tipos de substâncias químicas. A pessoa fica em um estado de agitação psicomotora, uma inquietação constante, não consegue parar quieta, está sempre em alerta, prestando atenção e há uma tensão no ar. 

#3 Isolamento

Muitas vezes, o indivíduo tende a ficar mais isolado e perde interesse em atividades que antes ele achava extremamente prazerosas 

#4 Relacionamentos conturbados

O indivíduo mantinha um relacionamento saudável e tranquilo com pessoas de seu convívio – mãe, pai, irmãos, amigos, namorado (a) – e, de repente, tudo ficou confuso e conturbado. 

#5 Mentiras, endividamento e manipulações 

Drogas custam dinheiro e, caso a pessoa não tenha o suficiente, ela busca outros caminhos: endivida-se, vende coisas de casa e se envolve em atividades ilícitas, como roubo. Jairo explica que “isso não é questão de falta de caráter. O problema é que o uso da droga se impõe sobre o indivíduo, isto é, ele não tem controle, então acaba fazendo de tudo para ter acesso à substância”. 

#6 Queda de rendimento 

Começa a faltar no trabalho, na escola e em outras atividades diárias.

Confira:

Como ajudar?

A família é um ponto central e uma rede de apoio extremamente importante quando o assunto é dependência química. Por isso, é fundamental que os familiares e os amigos estejam cientes do seu papel, para que, dessa forma, o indivíduo consiga começar e seguir com o tratamento. 

Confira algumas dicas:

  • Pesquise e entenda sobre a dependência química: uma família bem informada e consciente do seu papel pode ser ainda mais eficiente na hora de ajudar quem sofre com o problema 
  • Seja franco e exponha seus sentimentos 
  • Coloque limites 
  • Seja empático, mas não deixe de ser firme 
  • Seja a ponte para que a pessoa chegue ao tratamento 
  • Além do dependente químico, é importante que a família também frequente os grupos de autoajuda para saber a melhor forma de lidar com o problema.

Qual o papel dos pais? 

Quando falamos de riscos de consumo precoce, a exposição a conflitos familiares, o fácil acesso a drogas ilícitas e a pressão dos amigos são as principais causas para que jovens se envolvam com a dependência química. Por essa e outras razões, os pais desempenham um papel importante nos fatores de proteção e para evitar que seus filhos acabem seguindo por esse caminho. 

Muitas famílias ficam envergonhadas de ter um parente dependente químico por acreditarem que essa situação tenha sido causada por uma falha na educação. Além disso,  acham que conversar sobre drogas com os filhos novos – seja na infância ou na adolescência – pode despertar uma certa curiosidade e uma vontade de experimentar. 

Entretanto, apesar desses receios, a conversa é um dos pontos centrais e mais importantes da função dos pais na hora de debater sobre o consumo de drogas. Quanto mais a família está atenta, utiliza a comunicação e se faz presente no dia a dia dos jovens, melhor e maior é o efeito protetor.  

Vale lembrar, que as primeiras experiências com drogas acontecem na adolescência. Principalmente na faixa etária dos 13 e 14 anos, a família deve estar atenta, saber aonde vai, com quem vai e como volta. Essa atitude pode até parecer um controle excessivo, mas não é. É uma maneira de estar junto e possibilitar o diálogo correto para evitar problemas.

É através da conversa que se estabelece um bom relacionamento familiar, com poucos conflitos e um ambiente no qual o jovem sinta que existe o apoio entre os membros. Todas essas questões são importantes e capazes de reduzir o risco de um adolescente usar drogas. 

O que não fazer?

Assim como existem condutas que podem ajudar o dependente químico a lidar melhor com a situação, aceitar e seguir com o tratamento, também há algumas atitudes que podem ter o efeito reverso. 

Para famílias que convivem diariamente com a dependência química, é importante prestar atenção e ter cautela com falas e comportamentos. Confira algumas expressões que devem ser evitadas: 

“Isso é fraqueza, falta de caráter, falta de vontade”: Na verdade, a dependência química é uma doença e, portanto, precisa de tratamento 

“Isso não é nada, você é forte e para de consumir quando quiser”: Isso só coloca ainda mais pressão sobre a pessoa 

“Você sai dessa sozinho”: A dependência química requer tratamento multidisciplinar de longo prazo, isto é, o indivíduo é acompanhado por um psiquiatra, terapeuta, frequenta grupos de apoio e conta com a ajuda de uma assistente social. Tudo isso pode ser necessário para a recuperação. 

“É uma fase, vai passar”: A dependência química é considerada uma doença crônica e que não tem cura. Dessa forma, a pessoa precisa estar sempre atenta, mesmo quando está há anos sem usar drogas, porque pode haver recaídas. 

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