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Prematuridade: conheça as 8 principais causas e como reduzir o risco

Mais de um em cada 10 bebês nasce antes das 37 semanas de gestação no mundo - iStock
Mais de um em cada 10 bebês nasce antes das 37 semanas de gestação no mundo - iStock

O "Dia Mundial da Prematuridade" é em 17 de novembro, uma data criada para conscientizar e alertar a população sobre os riscos da prematuridade, motivando a reflexão sobre a importância da prevenção e do acompanhamento pré-natal de grávidas

Segundo dados do Ministério da Saúde, todo ano são registrados em torno de 340 mil nascimentos prematuros no Brasil, ou seja, antes do prazo esperado de 37 a 42 semanas de gestação. São cerca de 40 bebês a cada hora ou seis partos prematuros a cada dez minutos. 

Com uma taxa estimada em torno de 12%, de acordo com dados da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e do Ministério da Saúde dos últimos anos, essa proporção é o dobro da registrada em alguns países europeus. Por outro lado, não está tão diferente da média mundial: mais de um em cada 10 bebês nasce antes do tempo.

Por que o parto prematuro é um risco?

Um parto antes da hora é sempre motivo de preocupação, ainda mais para os chamados prematuros extremos, que nascem com menos de 28 semanas de gestação. É que nesse estágio muitos órgãos ainda não estão completamente formados, o que gera maior risco de vida ou de sequelas. Os recém-nascidos prematuros são classificados de acordo com a idade gestacional ao nascer, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria

  • Pré-termo extremo (<28 semanas);
  • Muito pré-termo (28 a <32 semanas);
  • Pré-termo moderado (32 a <37 semanas);
  • Pré-termo tardio: (34 a <37 semanas);

Os fatores de risco

Existem diversos fatores de risco para a prematuridade que, algumas vezes, podem ser controlados com um bom acompanhamento pré-natal. Mas também há situações em que o parto é antecipado por decisão médica, quando há indícios de sofrimento fetal, restrição de crescimento ou perigo para a mãe

Veja, a seguir, algumas causas comuns de prematuridade:

  1. Hipertensão materna: casos em que a mulher já apresentava ou tinha tendência à pressão alta crônica antes de engravidar;
  2. Pré-eclâmpsia: quando a hipertensão ocorre especificamente na gestação, em geral a partir da 20ª semana de gravidez. Além da pressão alta, pode haver edema e perda de proteína pela urina. A condição pode evoluir para a eclâmpsia, quando a mulher sofre convulsão e há risco de vida tanto para ela quanto para o bebê;
  3. Descolamento prematuro da placenta: pode ocorrer em função de condições de saúde da mãe e tem como principal sintoma o sangramento;
  4. Placenta prévia: quando a placenta passa a se localizar na frente do bebê, ou seja, cobrindo a abertura do colo do útero. As causas são desconhecidas, mas é mais comum em mulheres com mais de 35 anos ou que passaram por cirurgias uterinas;
  5. Malformações uterinas ou fetais: no primeiro caso, o chamado “colo curto” ou a presença de miomas uterinos volumosos pode interferir no risco;
  6. Infecções e outras doenças durante a gestação: como infecções no trato urinário, IST's (infecções sexualmente transmissíveis), diabetes gestacional ou outras;
  7. Gestação gemelar: a gravidez de gêmeos sempre envolve maior risco de complicações e a probabilidade de parto prematura aumenta ainda mais em casos de trigêmeos;
  8. Ruptura prematura da bolsa amniótica: vale mencionar que quando isso acontece e a gestante não entra em trabalho de parto, é possível adiar o parto com repouso absoluto e outras medidas.

Confira:

Dá para diminuir o risco?

Como há muitas causas possíveis para um parto de prematuro, a prevenção depende da identificação precoce dos fatores de risco, e pode incluir, além de repouso e observação, o uso de progesterona, antibióticos e outros medicamentos. 

As principais maneiras de se evitar um parto prematuro é consultar o médico antes de tentar engravidar, não só para identificar possíveis infecções, como também para iniciar o uso de suplementos, como o ácido fólico, fundamental para o desenvolvimento fetal.

Depois que a gravidez é confirmada, é fundamental que a gestante vá a todas as consultas e exames do pré-natal, siga todas as orientações médicas, se cuide (o que inclui não fumar, não usar álcool ou drogas e ter uma dieta adequada) e procure atendimento sempre que houver algum sintoma estranho, como secreções ou sangramentos.

Mas é importante lembrar que nem todos os partos prematuros têm causa conhecida. Quando isso acontece, porém, há risco maior de uma nova ocorrência nas gestações seguintes. 

Conheça o método canguru

Um estudo coordenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e com iniciativa do Instituto Karolinska (Suécia) revelou que o contato contínuo pele a pele começando imediatamente após o parto – mesmo antes de o recém-nascido ser estabilizado – pode reduzir a mortalidade em 25% em bebês prematuros e abaixo do peso.

O toque constante pele a pele entre mãe/pai e recém-nascido, conhecido como Método Mãe Canguru, é uma das formas mais eficazes de prevenir a mortalidade infantil globalmente. A recomendação atual da OMS é que esse contato comece assim que um bebê abaixo do peso esteja suficientemente estável, o que, para aqueles que pesam menos de dois quilos ao nascer, pode levar vários dias. 

Segundo os pesquisadores, a ideia do toque imediato após o parto para recém-nascidos muito pequenos e instáveis encontrou forte resistência. Porém, cerca de 75% das mortes ocorrem antes mesmo que o bebê fosse considerado suficientemente estável. 

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Milena Alvarez

Milena Alvarez

Caiçara e jornalista de saúde há quatro anos. Tem interesse por assuntos relacionados a comportamento, saúde mental, saúde da mulher e maternidade. @milenaralvarez