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Cafeína é capaz de alterar cérebro do bebê ainda no útero, diz pesquisa

Estudos anteriores afirmam que o bebê não tem a enzima necessária para quebrar a cafeína - iStock
Estudos anteriores afirmam que o bebê não tem a enzima necessária para quebrar a cafeína - iStock

Redação Publicado em 11/02/2021, às 13h00

Um novo estudo realizado por pesquisadores do Instituto Del Monte de Neurociências do Centro Médico da Universidade de Rochester (URCM), nos EUA, encontrou indícios de que a cafeína consumida ao longo da gravidez pode ter efeitos no cérebro do bebê.

De acordo com os autores, a pesquisa publicada na revista Neuropharmacology revelou que a alteração na estrutura cerebral da criança é capaz de levar a problemas comportamentais em algum momento da vida. 

“Os efeitos são pequenos e não condições psiquiátricas graves, mas são problemas comportamentais mínimos e perceptíveis. Devemos considerar os impactos da ingestão de cafeína durante a gravidez a longo prazo e acredito que o resultado deste estudo será uma recomendação de que consumir qualquer cafeína nesse período provavelmente não seja uma boa ideia” , comentou John Foxe, diretor do Instituto. 

Descobertas

A equipe de pesquisa analisou exames cerebrais de mais de 9.000 crianças entre nove e dez anos de idade. Os sintomas observados ao longo do processo foram problemas comportamentais, dificuldades de atenção e hiperatividade

De acordo com os pesquisadores, existe uma mudança clara na forma como as faixas de matéria branca, que fazem conexões entre as regiões cerebrais, foram organizadas em crianças cujas mães relataram ter consumido cafeína durante a gravidez. 

“É importante ressaltar que este é um estudo retrospectivo, ou seja, estamos contando com as mães para lembrar a quantidade de cafeína consumida enquanto estavam grávidas”, pontuou Foxe. 

Ainda não é claro se o impacto da cafeína no cérebro do feto varia de um trimestre para o outro, ou em qual momento da gestação essas alterações estruturais ocorrem. 

Não é a primeira vez 

O estudo da UCRM não é o primeiro a buscar compreender efeitos da cafeína no desenvolvimento do feto ainda dentro do útero. Pesquisas anteriores já afirmaram que a substância pode ter um impacto negativo na gravidez e que o bebê não tem a enzima necessária para quebrá-la quando a mesma atravessa a placenta.  

Este novo estudo, portanto, revela que a cafeína também pode provocar efeitos duradouros no neurodesenvolvimento dos pequenos. 

“Atualmente, as diretrizes clínicas já orientam limitar a ingestão de cafeína durante a gravidez - não mais de duas xícaras de café por dia. A longo prazo, esperamos desenvolver uma melhor orientação para as mães. Enquanto isso, é importante que elas perguntem a seus médicos quando surgirem dúvidas e preocupações”, comentou Zachary Christensen, doutorando no Programa de Treinamento em Ciência Médica e principal autor do artigo. 

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