Diz a sabedoria popular que nós somos o que comemos. Isso vale para a saúde e até para a nossa aparência. Segundo um estudo recente, alguns alimentos podem acelerar o envelhecimento da pele, enquanto outros ajudam a retardar esse processo – algo que todos nós almejamos.
Nessa revisão de estudos científicos, publicada na revista Food Science & Nutrition e divulgada no site News Medical, pesquisadores analisaram trabalhos realizados nos últimos cinco anos sobre como os hábitos alimentares e alimentos específicos influenciam o envelhecimento da pele.
A pele, que representa cerca de 15% do peso corporal de um adulto, atua como uma barreira protetora e adaptável. Ela é composta por três camadas:
Epiderme (camada externa): composta principalmente por queratinócitos, age como uma barreira impermeável, protege contra patógenos e contém melanócitos, que produzem melanina para defesa contra danos causados pelos raios UV.
Derme (camada intermediária): proporciona força e elasticidade à pele por meio do colágeno e da elastina e contém vasos sanguíneos, nervos, glândulas e folículos pilosos.
Tecido subcutâneo (camada profunda): composto por gordura e tecido conjuntivo, isola o corpo, armazena energia e amortece impactos.
As funções da pele incluem, além de proteção:
De forma geral, a pele atua como uma interface complexa entre o corpo e o ambiente, exercendo papéis vitais na saúde, imunidade e homeostase.
Com o passar dos anos, ocorrem mudanças fisiológicas, como menor regeneração celular e maior dano celular.
O envelhecimento da pele resulta de fatores internos (intrínsecos) e externos (extrínsecos):
No nível molecular, o estresse oxidativo desempenha um papel central ao aumentar a produção das chamadas espécies reativas de oxigênio, que danificam proteínas da pele, ativam vias inflamatórias e enzimas que degradam o colágeno.
Outros mecanismos incluem encurtamento dos telômeros, mutações genéticas, senescência celular, inflamação crônica e glicação (quando açúcares se ligam a proteínas, formando produtos finais de glicação avançada, que enrijecem a pele). Esses fatores comprometem a elasticidade, hidratação e regeneração da pele, acelerando os sinais visíveis de envelhecimento.
Apesar de o estresse oxidativo ser um fator-chave, o envelhecimento da pele envolve uma interação complexa entre inflamação, alterações hormonais e danos ambientais. Pesquisadores continuam explorando os detalhes moleculares para entender e combater melhor esses efeitos.
Pesquisas recentes destacam o papel essencial da alimentação na manutenção da saúde da pele. Hábitos alimentares ruins comprometem funções cutâneas e contribuem para doenças de pele, enquanto dietas nutritivas favorecem a reparação e retardam o envelhecimento.
Veja, a seguir, como alguns tipos de nutrientes presentes nos alimentos podem agir na pele:
- antioxidantes como as vitaminas A, C, E, polifenóis e ácidos graxos ômega-3 combatem o estresse oxidativo e reduzem a inflamação. A vitamina C ainda apoia a produção de colágeno, enquanto a vitamina E melhora a elasticidade da pele.
- peptídeos e proteínas fornecem aminoácidos como lisina e prolina, essenciais para a síntese de colágeno
- ácidos graxos ômega-3 (presentes na chia, linhaça e peixes gordurosos) melhoram a função de barreira e hidratação da pele.
- minerais como cobre, selênio e zinco apoiam a atividade antioxidante e a reparação enzimática
- fitoestrógenos, como os isoflavonoides da soja, melhoram a hidratação e espessura da pele, especialmente em mulheres pós-menopáusicas
- prebióticos e probióticos favorecem o microbioma cutâneo, também protegendo contra danos UV, reduzindo rugas e melhorando a hidratação.
Os alimentos mais saudáveis para a pele incluem:
Estudos experimentais, especialmente em modelos animais, mostram que o jejum ou a restrição calórica podem reduzir a glicação de proteínas da pele e a formação de AGEs, ajudando a retardar alterações estruturais associadas à idade.
Excesso de açúcar e gorduras não saudáveis produzem substâncias que danificam o colágeno e aceleram o envelhecimento.
Vale lembrar que as gorduras do tipo ômega-3 são benéficas, enquanto as gorduras trans e o excesso de ômega-6 podem ser nocivos.
Assim, as dietas mais prejudiciais para a pele são aquelas:
- ricas em gorduras trans (como snacks processados e margarina)
- ricas em açúcares refinados
- ricas em álcool
- com baixo consumo de água, o que leva à pele seca e áspera
A revisão também destaca o crescimento dos “nutricosméticos” e dos alimentos funcionais — produtos e ingredientes desenvolvidos para apoiar a saúde e aparência da pele de dentro para fora.
A tendência envolve o uso de alimentos enriquecidos com compostos bioativos e suplementos alimentares como peptídeos de colágeno, ácido hialurônico, vitaminas e minerais, cada vez mais populares como parte de estratégias de beleza e cuidados holísticos com a pele.
Referência:
Potential role of dietary antioxidants during skin aging. Tranchida, N., Molinari, F., Franco, G.A., Cordaro, M., Di Paola, R. Food Science & Nutrition (2025). DOI: 10.1002/fsn3.70231, https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/fsn3.70231
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin