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Médicos fazem alerta sobre zolpidem após internação de Fernando Zor

Medicamentos para dormir podem causar efeitos perigosos quando misturados com álcool - iStock
Medicamentos para dormir podem causar efeitos perigosos quando misturados com álcool - iStock

O cantor Fernando Zor, que faz dupla com Sorocaba, realizou uma live esta semana para contar que esteve hospitalizado em função do uso abusivo de um medicamento para dormir. Após o ocorrido, especialistas da Associação Brasileira do Sono (ABS) decidiram divulgar um comunicado à população e à classe médica para alertar sobre o uso indevido dessa droga, principalmente em combinação com o álcool.

Como regra, é sempre bom evitar a mistura de remédios com bebida alcoólica. Por estimular a desidratação, o álcool pode modificar a concentração da droga no organismo, por exemplo. Mas essa recomendação é ainda mais importante quando se trata de medicamentos com ação no sistema nervoso central, como é o caso de calmantes, indutores de sono e mesmo antidepressivos. Essa mistura potencializa o efeito tanto do álcool quanto dos remédios, o que pode ser muito perigoso. 

Remédio deve ser usado por pouco tempo

O zolpidem, princípio ativo do medicamento usado por Fernando Zor, é um hipnótico indicado para o tratamento da insônia inicial e de manutenção, ou seja, quando a pessoa não consegue pegar no sono quando deita, ou acorda várias vezes ao longo da noite.

Mas a ABS esclarece que, assim como diz a bula, o zolpidem não deve ser usado por mais de quatro semanas. Apesar de não ter o potencial de dependência dos benzodiazepínicos, que são remédios de tarja preta, a droga deve ser usada apenas temporariamente, enquanto o paciente realiza terapia e outras modificações no estilo de vida que melhorem seu sono.

Os principais efeitos colaterais do zolpidem, assim como de outras drogas dessa mesma classe, são sonolência, tontura, confusão mental, alucinações, parassonias (como sonambulismo) e amnésia anterógrada (a pessoa não lembra de fatos que aconteceram após a tomada do remédio).

Por causa desses riscos, a Food and Drug Administration (órgão que regula alimentos e medicamentos nos EUA) recomendou o uso de dosagens menores para idosos e mulheres, além de alertar para comportamentos anormais que podem decorrer do uso da droga, e dos riscos de sua associação com bebidas alcoólicas.

Uso inapropriado pode colocar a vida em risco

A ABS faz uma série de recomendações aos médicos que prescrevem o medicamento, como a importância de esclarecer pacientes e seus familiares sobre os efeitos colaterais e riscos. E lembrar que o uso excessivo, ou concomitante com outros fármacos ou álcool podem estimular efeitos indesejáveis graves, como sedação, a ocorrência de quedas, acidentes e depressão respiratória. É fundamental, portanto, que o usuário tenha acompanhamento médico regular enquanto utiliza o medicamento.

A entidade ainda faz o seguinte alerta:

O uso inapropriado da medicação, isto é, doses além das recomendadas, assim como o uso fora do período estabelecido para dormir aumentam o risco de dependência, tolerância e consequências graves como ferimentos, atividades motoras complexas como dirigir automóveis, uso de celular, alimentação noturna, alucinações causando danos físicos como ferimentos, quedas e acidentes, danos morais, financeiros e risco de vida.”

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Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin