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Fibromialgia é associada a maior risco de acidentes e infecções

A fibromialgia geralmente coexiste com outros problemas de saúde, como distúrbios reumáticos e intestinais - iStock
A fibromialgia geralmente coexiste com outros problemas de saúde, como distúrbios reumáticos e intestinais - iStock

A fibromialgia, uma condição que causa dor generalizada persistente e fadiga, pode estar ligada a um risco aumentado de morte como resultado da vulnerabilidade a acidentes, infecções e especialmente suicídio. O alerta foi feito por especialistas israelenses, após análise de diversos estudos.

As descobertas, publicadas no acesso aberto revista RMD Open, sugerem que é necessário monitorar regularmente a saúde física e mental de pessoas com a condição, a fim de minimizar esses riscos.

Prevalência da fibromialgia aumentou

Não está claro o que causa a fibromialgia, mas sua prevalência está aumentando, segundo os pesquisadores. E há um crescente reconhecimento de que a condição geralmente coexiste com outros problemas de saúde, incluindo distúrbios reumáticos, intestinais, neurológicos e de saúde mental.

Dada a extensão da dor que as pessoas com fibromialgia experimentam e a probabilidade de ter outras condições dolorosas e debilitantes, acredita-se que eles provavelmente correm um risco maior de morrer antes do tempo.

Para fortalecer essa hipótese, os pesquisadores revisaram as descobertas de oito estudos relevantes, publicados entre 1999 e 2020, de um conjunto inicial de 33. Eles reuniram os resultados de seis deles, envolvendo um total de 188.751 adultos, todos com outros condições coexistentes.

Riscos associados à condição 

A análise mostrou que a fibromialgia estava associada a um risco aumentado de 27% de morte por todas as causas ao longo do tempo, embora isso não fosse verdade para aqueles diagnosticados pelos critérios de diagnóstico que eram válidos em 1990. De lá para cá, esses critérios evoluíram, e foram revisados em 2010, 2011 e 2016.

A análise mostrou que o risco de morte por câncer era 12% menor do que para a população geral da mesma idade, e um pouco maior (5%) para acidentes.

No entanto, o risco foi 44% maior para infecções, incluindo pneumonia e septicemia, e mais de três vezes maior para suicídio.

Se esse risco aumentado é devido à própria fibromialgia ou às condições concomitantes não está claro, de acordo com os pesquisadores. Mas esta é uma questão importante, que mais pesquisas precisam abordar.

Eles advertem que suas descobertas devem levar em conta o fato de que os estudos sobre fibromialgia serem pequenos em número e muito heterogêneos.

Mas eles acreditam que o aumento da mortalidade observado pode ser decorrente de sintomas ligados à condição, como fadiga, sono não reparador e problemas de concentração.

Além disso, cada vez mais evidências apoiam o envolvimento do sistema imunológico e da inflamação no surgimento da fibromialgia, o que pode explicar a descoberta de aumento da mortalidade por infecções.

Já o risco reduzido de morte por câncer pode ser devido ao uso mais frequente dos serviços de saúde por esses pacientes, sugerem os pesquisadores.

Fibromialgia não é "doença imaginária"

Em resumo, os dados da pesquisa mostram que a fibromialgia representa um grave problema de saúde pública, que os médicos nem sempre levam a sério, como destacado pelos autores:

“Estudos mostraram que a equipe médica reluta em aceitar a fibromialgia como uma condição médica e enfrenta dificuldades emocionais e psicológicas ao interagir com esses pacientes e lidar com seu distúrbio”.

A fibromialgia é frequentemente chamada de ‘doença imaginária’, e existem debates sobre a utilidade do diagnóstico. Mas os pesquisadores reforçam a importância do cuidado adequado às pessoas que enfrentam a condição:

Nossa revisão fornece mais uma prova de que os pacientes com fibromialgia devem ser levados a sério, com foco particular na triagem de ideação suicida, prevenção de acidentes e prevenção e tratamento de infecções”.

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Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin