Pesquisadores encontram um recurso poderoso para resolver desafios cotidianos
Redação Publicado em 24/10/2025, às 10h00
A maioria das pessoas é obrigada a lidar com vários contratempos diariamente, das tarefas desagradáveis no trabalho até pequenos “pepinos” em casa, como um vaso sanitário entupido ou um eletrodoméstico quebrado.
Quando os problemas se acumulam demais, a sensação é clássica: a adrenalina aumenta, o coração bate mais rápido, os músculos ficam tensos e bate aquele desespero paralisante. É o famoso estresse em ação.
Mas, segundo pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA, existe uma arma poderosa para lidar com esses desafios cotidianos: sentir que você está no controle.
Em um estudo, eles descobriram que nos dias em que as pessoas sentem ter maior controle sobre seus estressores, elas tinham 62% mais chances de agir. Em outras palavras, em vez de deixar o desespero tomar conta, eles conseguiam tomar alguma providência para resolver os problemas um por um. E o efeito se tornou ainda mais forte com o passar da idade.
Os resultados, publicados no periódico Communications Psychology, sugerem que a sensação de controle é um importante recurso psicológico. E mais: ele pode ser fortalecido para ajudar as pessoas a gerenciarem o estresse e terem mais saúde.
“Essa pesquisa mostra que até pequenos aumentos na sensação de controle sobre as dificuldades diárias tornam mais provável que esses problemas sejam realmente resolvidos”, explica David Almeida, professor de Desenvolvimento Humano e Estudos Familiares da Penn State e autor sênior do artigo.
Aprender a identificar e agir sobre essas pequenas áreas de controle pode não só reduzir o estresse, mas também apoiar a saúde e o bem-estar a longo prazo.”
Pesquisas anteriores lideradas por Almeida já mostraram que as respostas ao estresse variam ao longo do tempo e que até pequenos problemas diários podem afetar nossa saúde quando se acumulam.
Leia também: Sintomas físicos do estresse; como ele pode se manifestar
Resolver ativamente um estressor (como ter aquela conversa difícil no trabalho ou contratar um encanador ou eletricista) é uma parte essencial do processamento do estresse. Agir faz com que as emoções sejam aplacadas rapidamente.
Os pesquisadores quiseram entender se a sensação de controle pessoal, ou seja, o quanto uma pessoa acredita poder influenciar seus desafios diários, afeta a probabilidade de o problema ser resolvido.
Por exemplo: acreditar que você pode corrigir um erro de cobrança o torna mais propenso a ligar para a empresa?
A equipe também analisou o que influencia essa sensação de controle, incluindo o tipo de estresse, sua frequência e as condições socioeconômicas dos participantes.
A análise foi feita com dados de mais de 1.700 adultos que participaram do National Study of Daily Experiences, parte de um estudo de longo prazo chamado Midlife in the United States (MIDUS). Durante oito dias consecutivos, os participantes relataram os estressores vivenciados nas últimas 24 horas e se cada um havia sido resolvido até o final do dia.
As principais fontes de estresse incluíram tensões interpessoais (discussões ou conflitos evitados), sobrecarga em casa ou no trabalho e o chamado “estresse em rede”, quer dizer, problemas enfrentados por amigos ou familiares que ainda assim geram preocupação no participante.
Os voluntários também classificaram o quanto sentiam ter controle sobre cada estressor, em uma escala de quatro pontos: nenhum, pouco, algum ou muito controle. Dez anos depois, o mesmo questionário foi repetido para avaliar se a relação entre controle percebido e resolução do estresse havia mudado com o tempo.
Os resultados mostraram que a sensação de controle varia bastante ao longo dos dias. Em outras palavras, sentir-se no comando não é uma característica fixa, e sim uma percepção que muda conforme as circunstâncias.
Em todas as faixas etárias, nos dias em que as pessoas sentiam mais controle que o habitual (por exemplo, “algum” em vez de “pouco”), elas tinham muito mais chances de resolver o estressor. Essa tendência foi observada independentemente do tipo ou da intensidade do estresse.
Curiosamente, o efeito foi mais forte com o envelhecimento: no início do estudo, quem se sentia mais no controle tinha 61% mais chances de resolver o problema naquele dia; uma década depois, essa probabilidade subiu para 65%.
“O estudo mostra que, à medida que envelhecemos, não apenas ganhamos mais controle, como também nos tornamos melhores em lidar com o estresse”, afirmou Dakota Witzel, autora principal da pesquisa. Isso prova que a maturidade traz vantagens quando se trata de gerenciar problemas.
Os resultados da pesquisa indicam que o controle percebido pode ser uma ferramenta poderosa para reduzir o estresse diário.
Para Almeida, é animador saber que a sensação de controle não é algo fixo e que pode ser fortalecida com algumas estratégias. Algumas formas práticas de desenvolver isso, segundo ele, incluem:
Essas pequenas vitórias podem criar impulso positivo, reduzir o estresse e aumentar a sensação de domínio sobre a própria rotina.
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