Redação Publicado em 13/06/2025, às 10h00
Você gostaria de ser mais alto? Então é provável que seja mais competitivo, segundo um estudo publicado no periódico Evolutionary Behavioral Sciences. Os resultados sugerem que percepções psicológicas sobre a própria altura podem desempenhar um papel importante na formação de comportamentos sociais como inveja, ciúmes e competitividade, especialmente entre os homens.
O desejo de alcançar os ideais de altura afeta ambos os sexos, embora seja mais pronunciado entre eles, por questões culturais. Pesquisas anteriores já haviam mostrado que homens mais baixos são mais propensos a exagerar suas medidas, expressar mais ciúmes e sentir-se menos dominantes em interações com outros homens. Mas ainda faltava investigar melhor os impactos psicológicos desse tipo de insatisfação.
Para isso, pesquisadores das universidades de Sydney, na Austrália, e de Economia e Ciências Humanas de Varsóvia, na Polônia, analisaram questionários de 302 adultos heterossexuais, nos EUA, recrutados por meio de uma plataforma online. Cerca de 63% dos participantes eram do sexo masculino, e cerca de três quartos se identificaram como brancos.
Para medir a competição intra-sexual (entre pessoas do mesmo sexo), eles utilizaram uma escala de 12 itens com três componentes principais: inveja, ciúmes e competitividade. A insatisfação com a altura foi avaliada por meio de duas perguntas: uma sobre o desejo de ser mais alto e outra sobre a satisfação com a altura atual.
Como esperado, tanto homens quanto mulheres apresentaram desejo de ser mais altos, embora eles almejassem alturas maiores do que elas. Em relação aos componentes, de forma geral, os homens relataram níveis mais altos de competitividade (do que de inveja ou ciúmes), enquanto as mulheres relataram mais inveja do que os outros dois.
Ao examinar as correlações, os pesquisadores viram que pessoas mais baixas, ou menos satisfeitas com sua altura, tendiam a ser mais invejosas, mais ciumentas e mais competitivas com pares do mesmo sexo. Isso foi ainda mais pronunciado entre os homens.
A diferença entre os sexos, no entanto, teve relação com a altura real x altura desejada. Para os homens, ser mais baixo estava associado à sensação de desvantagem em rivalidades sociais. Já para as mulheres, a altura real não se relacionava tanto com a questão da competitividade, mas o desejo de ser mais alta, sim.
Certas combinações de características também foram mais associadas a competitividade. Por exemplo, pessoas ao mesmo tempo mais baixas e insatisfeitas com a sua altura, bem como aquelas com uma grande diferença entre altura real e ideal, eram mais propensas a relatar sentimentos de ciúmes ou competição.
Isso sugere, segundo os autores, que tanto a estatura física quanto a maneira como as pessoas se sentem em relação a ela interagem para influenciar comportamentos sociais.
A pesquisa possui diversas limitações, como o fato de se restringir à população ocidental habituada ao uso da internet. Além disso, a análise não permite determinar causa e efeito (apenas a correlação). Em outras palavras, não dá para saber se a insatisfação com a altura leva mesmo a maior competitividade, ou se indivíduos mais competitivos são mais preocupados com sua altura.
Os autores acreditam que pesquisas futuras podem trazer uma visão mais completa. Além disso, eles sugerem que seria interessante avaliar o quanto pessoas preocupadas com a altura tendem a adotar comportamentos compensatórios, como ganhar massa muscular, usar salto alto ou buscar intervenções cirúrgicas.
Referência:
O estudo “Intrasexual Envy, Jealousy, and Competitiveness Are Associated With Height and Height Dissatisfaction” é de autoria de Daniel Talbot e Peter Jonason.