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Quem é mais competitivo: o homem ou a mulher?

Compreender essas diferenças pode beneficiar relacionamentos no ambiente de trabalho - iStock
Compreender essas diferenças pode beneficiar relacionamentos no ambiente de trabalho - iStock

Você acha que os homens são mais competitivos do que as mulheres? Pois uma pesquisa feita por estudiosos em biologia evolutiva, e publicada no periódico Scientific Reports, desafia essa noção.

Os resultados sugerem que, quando se trata de competição por recursos, as mulheres muitas vezes são mais competitivas do que os homens, embora possam utilizar métodos mais dissimulados para competir.

Os pesquisadores Joyce Benenson, da Universidade de Harvard (EUA) e Henry Markovits, da Universidade de Montreal (Canadá) levantaram a hipótese de que as mulheres podem se sentir mais motivadas a competir por recursos para ajudar seus filhos a sobreviverem.

Diferenças entre homens e mulheres

A questão sobre quem é mais competitivo tem sido debatida e pesquisada exaustivamente. Compreender as diferenças entre homens e mulheres pode beneficiar os relacionamentos no ambiente de trabalho e as práticas parentais.

Alguns estudos têm apontado que os homens são mais competitivos, enquanto outros trazem evidências de que as mulheres, pelo menos quando estão competindo com outras mulheres, são tão ou mais competitivas do que os homens.

Pesquisas anteriores indicam que a competição é comum quando os recursos não são distribuídos de forma igualitária, algo que os estudiosos chamam de “assimetria de recursos”.

Como o estudo foi feito

É comum ocorrer competição entre indivíduos do mesmo sexo, e, portanto, Benenson e Markovits concluíram que investigar a competição por recursos entre pares do mesmo sexo seria um método útil para ajudar a desvendar possíveis diferenças de competitividade entre homens e mulheres.

A equipe de pesquisa utilizou 596 participantes de ambos os sexos dos EUA, da Índia e do México, todos casados e com filhos. Eles foram solicitados a preencher uma pesquisa que investigava a pergunta: "quando as pessoas que você conhece bem veem outras com recursos que elas não têm, como elas reagem?"

O estudo também incluiu perguntas sobre as experiências dos participantes com competições que envolviam pessoas do mesmo gênero. Por fim, todos foram questionados sobre pares do mesmo sexo que tinham mais recursos, e se já haviam espalhado fofocas sobre eles, por exemplo.

Mulheres se mostraram mais competitivas

A análise dos dados revelou que as mulheres relataram maiores sinais de competição intrassexual nos três países. Elas eram mais propensas a sentir inveja ou ressentimento daquelas que tinham mais recursos do que elas. Além disso, eram mais propensas a participar de formas indiretas de competição, como fofocar ou começar a espalhar rumores.

Essas descobertas são importantes para entender que existem certas nuances nas competições, em vez de presumir que os homens são o sexo mais competitivo. A verdade pode ser que homens e mulheres podem utilizar diferentes estratégias de competição porque estão buscando objetivos diferentes.

Historicamente, o sexismo deixou as mulheres vulneráveis à falta de recursos, o que teria consequências também para seus filhos. Como as mulheres podem ter dificuldade em acessar esses recursos, elas podem ser mais competitivas com outras mulheres que tenham mais para cuidar de si mesmas e de seus filhos.

Elas podem ser apenas mais sutis

A dupla reconheceu algumas limitações em seu estudo, como o fato de incuir apenas três países. Além disso, todos os participantes tinham acesso a computadores e à internet, o que torna a amostra não representativa. Por fim, indivíduos não binários não foram incluídos na amostra, e, por isso, algumas percepções podem ter sido perdidas.

De qualquer forma, os resultados sugerem que a suposição geral de que os homens são mais competitivos do que as mulheres pode não estar correta. As mulheres podem ser mais sutis em sua competição, o que pode decorrer de objetivos únicos da experiência feminina.

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Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin