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Ciúme pode virar doença? Como saber se passou do ponto

O ciúme pode se tornar doença quando vira obsessão e traz sofrimento excessivo - iStock
O ciúme pode se tornar doença quando vira obsessão e traz sofrimento excessivo - iStock

Ciúme é algo que faz parte da vida e dos relacionamentos, sejam eles amorosos ou não. Alguns estudos até acreditam que a reação tem um papel importante para manter um casal junto numa sociedade monogâmica.

Mas o sentimento pode se tornar uma doença quando vira obsessão e traz sofrimento excessivo para a própria pessoa ou mesmo para quem é alvo do sentimento. Quando isso ocorre, dizemos que a pessoa tem um "ciúme patológico". 

Quando o ciúme vira doença

Indivíduos com ciúme patológico sofrem com ruminações constantes ​​e, muitas vezes, ideias irracionais sobre uma suposta infidelidade do parceiro. Esses pensamentos repetitivos e desagradáveis costumam acompanhar a verificação compulsiva do comportamento do parceiro. 

Outro transtorno mais raro e grave, ligado ao sentimento, é o chamado "ciúme delirante", também conhecido como "síndrome de Otelo", em referência à tragédia de Shakespeare. Nesse caso, existe um componente importante, que é o delírio. Dessa forma, o ciúme delirante é tratado como um transtorno psicótico. 

Veja alguns sinais de ciúme patológico: 

- excesso de ciúme, sem a presença de delírio

- pensamentos irracionais e suspeitas sobre a infidelidade do(a) parceiro(a)

- comportamentos excessivos em busca de informações sobre as suspeitas

- sentimentos de raiva, medo e tristeza ao pensar no assunto

- violência verbal ou até física contra o(a) parceiro(a) ou contra outras pessoas por causa do ciúme

- os pensamentos e comportamentos geram angústia e prejuízos aos relacionamentos

- a pessoa chega a ter sintomas físicos ao pensar no que o(a) parceiro(a) pode estar fazendo, como coração acelerado, suor, falta de apetite, insônia etc. 

Como controlar o ciúme? 

Qual conselho dar para uma pessoa que é muito ciumenta e gostaria de melhorar? O primeiro passo é reconhecer que o sentimento existe e tentar entender de onde isso vem. Muitas vezes, a parceria deu motivos no passado para o outro ficar inseguro. Em outras situações, essa insegurança vem de questões individuais, como a falta de autoestima. 

O importante é que o diálogo seja constante, e que a confiança e o respeito prevaleçam, de forma que o ciúme fique apenas reservado como um “tempero” à relação, em vez de dominar a cena. 

É útil conversar com amigos e amigas para se espelhar um pouco, tentar entender um ponto de vista de outras pessoas que estão de fora e podem dar alguns palpites. Mas, em algumas situações, a terapia também ajuda a entender e superar o ciúme e os problemas de relacionamento. 
Dr. Jairo Bouer

Dr. Jairo Bouer

Médico psiquiatra com formação na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), biólogo pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), e mestre em evolução humana e comportamento pela University College London, além de palestrante e escritor. Twitter: @JairoBouerDr