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O que protege um relacionamento de quem tem depressão?

O comportamento, a receptividade e os sentimentos de cada pessoa afetam o do cônjuge - iStock
O comportamento, a receptividade e os sentimentos de cada pessoa afetam o do cônjuge - iStock

Redação Publicado em 09/04/2021, às 16h30

Ter um cônjuge responsivo e solidário minimiza os impactos negativos da depressão ou do estresse de um indivíduo em seu relacionamento. Pelo menos é o que sugere uma nova pesquisa da Universidade de Massachusetts Amherst publicada na revista Social Psychological and Personality Science. 

Segundo os pesquisadores, existem inúmeros estudos sobre depressão, mas são poucos os que olham para os tipos de comportamento que o cônjuge poderia adotar para neutralizar os efeitos prejudiciais da depressão. 

Sorria, você está sendo filmado

Baseado nos dados do projeto Growth in Early Marriage (GEM), que teve duração de três anos e envolveu mais de 200 casais recém-casados, os autores examinaram como os participantes mudaram ao longo do tempo e como suas relações afetaram a saúde. 

Anualmente, os casais faziam visitas ao laboratório e eram filmados enquanto discutiam um grande conflito em seu relacionamento. Os pesquisadores explicaram que, através desse método, foi possível observar a capacidade de resposta das pessoas em tempo real, em oposição às suas percepções. 

Melhor qualidade do relacionamento 

O estudo revelou que ser um cônjuge responsivo — isto é, concentrar esforços e energia para ouvir o outro sem julgar, tentando entender a situação, sendo solidário de forma útil e sabendo o que o(a) companheiro(a) precisa, está, em geral, associado a uma melhor qualidade de relacionamento. 

De acordo com os autores, essa percepção não é uma novidade. No entanto, a pesquisa traz uma nova visão: quando as pessoas têm uma vulnerabilidade, como depressão ou altos níveis de estresse, ter um cônjuge responsivo parece protegê-las contra uma queda acentuada na qualidade do relacionamento.

Vulnerabilidade × Qualidade

Ao longo do estudo, os pesquisadores previram que um indivíduo com sinais de depressão de leve a moderada experimentaria uma queda na qualidade conjugal de um ano para o outro, ou seja, uma diminuição de cinco pontos. 

Essa queda significativa na qualidade do relacionamento não foi observada em pessoas com baixos índices de depressão e nem em cônjuges com baixa capacidade de resposta. Sendo assim, de acordo com os resultados, se a pessoa estava deprimida, mas se o cônjuge se comportava de forma responsiva, a qualidade conjugal era semelhante à das pessoas sem depressão. 

Da mesma forma, o estresse também resultou em uma queda na qualidade do relacionamento ao longo do tempo — ao menos que o(a) parceiro(a) fosse considerado altamente responsivo e solidário. Segundo os pesquisadores, nesse caso, se a outra parte apresentar uma baixa capacidade de resposta, a média da qualidade cai mais de sete pontos. 

Para os autores, os resultados trazem uma análise sobre a dinâmica dos casais e revela que o comportamento, a receptividade e os sentimentos de cada pessoa afetam o do(a) parceiro(a). Sendo assim, a capacidade de resposta dos cônjuges pode superar efeitos negativos de vulnerabilidades pessoais sobre o relacionamento

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