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Por que as pessoas falam que mulher não pode beber?

As mulheres são mais sensíveis aos danos do álcool por diferentes razões, como a composição corporal - iStock
As mulheres são mais sensíveis aos danos do álcool por diferentes razões, como a composição corporal - iStock

Redação Publicado em 20/12/2021, às 18h00

“Doutor, meus amigos falam que mulher não pode beber. O que eu devo falar para eles?”

Esse papo de “mulher não pode beber” é machismo e vem sendo desconstruído com o passar do tempo. Hoje, as mulheres bebem e bebem de uma forma muito parecida com os homens.

Mas quais seriam os cuidados? Em primeiro lugar, a mesma recomendação que vale para eles, vale para elas: o ideal é que as mulheres só comecem a beber após os 18 anos. 

Outra coisa muito importante de lembrar é que o organismo feminino realmente é mais sensível aos efeitos do álcool que o masculino, porque a concentração de gordura e composição de líquidos no corpo delas é um pouco diferente, bem como algumas enzimas no fígado que degradam o álcool estão presentes em quantidades um pouco menores. 

Portanto, todas as orientações mostram que a mulher deve tentar beber um pouco menos do que os homens já que, na teoria, para uma mesma quantidade de álcool, elas teriam um efeito mais intenso no organismo. 

Mas mulher pode beber sim! Homens e mulheres não têm que ser diferentes nos seus comportamentos, só é preciso um pouco de cuidado com essa questão do organismo da mulher ser, em média, um pouco mais sensível para bebidas alcoólicas.

Vale lembrar ainda que: 

  • Não existe uma quantidade ideal de álcool ou que seja considerada 100% segura para todo mundo; 
  • Os limites são individuais e podem ser diferentes ao longo da vida. Fatores como peso, gênero, quantidade total de álcool ingerida e condições emocionais podem interferir na tolerância à bebida alcoólica.

Confira:

Riscos do consumo abusivo para mulheres

A ingestão excessiva de álcool favorece a alteração de alguns hormônios na mulher, principalmente da progesterona, o que pode afetar a ovulação, facilitar a hipertrofia do endométrio (revestimento do útero) e causar sangramentos menstruais irregulares. Com o passar da idade, aumentam os riscos de câncer de endométrio e de pólipos endometriais. 

Além disso, junto com a obesidade, o consumo abusivo de álcool forma um binômio perigoso para o câncer de mama. E, para esse tipo de neoplasia (a mais comum entre as mulheres), mais do que uma dose ao dia já eleva esse risco. Se o fumo também faz parte da rotina, a propensão é ainda maior. 

Outra questão importante a se destacar é que os hormônios das pílulas anticoncepcionais são metabolizados no fígado, de modo que esse órgão pode ficar sobrecarregado com o uso regular de álcool. Ainda existe o risco de a mulher esquecer de tomar a pílula por causa da embriaguez ou até de vomitar, o que diminui a eficácia do contraceptivo.