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Posso perder peso sem parar de beber?

O álcool é considerado uma caloria vazia e seu consumo pode aumentar o peso
O álcool é considerado uma caloria vazia e seu consumo pode aumentar o peso

Redação Publicado em 06/12/2021, às 10h00

Qual o impacto do álcool na nossa alimentação, principalmente para quem precisa perder peso? Este foi o tema de um bate-papo entre o psiquiatra Jairo Bouer e a nutricionista Adriana Stavro. A conversa, que é parte de uma série de entrevistas do Dose de Responsabilidade, começou com a seguinte dúvida: a bebida alcoólica ajuda ou atrapalha quem quer emagrecer?

Adriana explica que o álcool é considerado uma caloria vazia e que, para explicar o porquê de o consumo atrapalhar a perda de peso, é preciso levar algumas informações em consideração: quantas vezes por semana a pessoa bebe, se é homem ou mulher, estilo de vida e, principalmente, quantidade e tipo de bebida consumida.

Ela lembra que o álcool inibe o nosso sistema nervoso, onde está o centro da fome e da saciedade: “Temos dois hormônios que regulam fome e saciedade. O álcool inibe o da saciedade - leptina -  e estimula o da fome - grelina. Quando a pessoa bebe, perde o senso de escolha e acaba comendo o que vê pela frente, não há bom senso”.

Bebida e carboidrato

A nutricionista comenta que quem bebe uma caipirinha, por exemplo, não vai pedir uma salada para acompanhar, mas algo mais calórico, um salgado, enfim, um carboidrato. Daí, claro, vai ganhar peso. Além disso, o álcool diminui o açúcar no sangue, levando a pessoa a ter necessidade de repor essa glicose. Para que isso seja rápido, a escolha será por algo calórico.

Para se ter uma ideia, cada grama de álcool tem 7 kcal, por isso é importante olhar o teor alcoólico da bebida, o etanol. Por exemplo, o gim, que é a bebida da moda, é um destilado sem glúten, mas tem alta quantidade de etanol e, consequentemente, muita caloria. É preciso levar em conta que é difícil consumir a versão pura da bebida, e os acompanhamentos costumam ter calorias, como, por exemplo, é o caso da água tônica. No caso da caipirinha, é ainda pior, porque a versão tradicional leva açúcar.

“A pessoa sai para comer e pensa no que vai escolher, mas se tomar dois drinques já consumiu as calorias de um jantar, pois extrapolou na bebida. Tem pacientes que falam que foram a um churrasco e só comeram salada e carne, daí pergunto da bebida”, lembra Adriana. Nesses encontros o mais comum é beber cerveja, que a maioria acredita ser menos prejudicial, e acaba tomando várias latinhas.

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Cafeína e álcool: mistura perigosa

Como o etanol “carrega” água, quem bebe muito acaba ficando com o rosto e os pés inchados, por exemplo, achando que engordou. Mas, na verdade, trata-se da retenção de líquido, lembra Adriana. E ela chama a atenção sobre um falso mito: “As pessoas vão para a piscina e tomam cerveja, achando que estão se hidratando. Tomam 10, 12 latinhas. O ideal é beber e sempre ter uma garrafa de água do lado. E não é porque tem menos álcool que se pode beber à vontade”.

Jairo lembra que os mais jovens gostam de misturar destilado e energético para deixar o drinque mais doce. Adriana frisa que além das calorias, os energéticos têm cafeína, o que pode ser perigoso e levar a pessoa até a precisar de atendimento médico: “Temos pessoas mais e menos sensíveis à cafeína. São os metabolizadores rápidos e lentos. Às vezes, o adolescente vai para a balada, ingere doses altas de cafeína, passa mal e tem até taquicardia. Cafeína e álcool é uma mistura nada saudável”.

Jairo ainda acrescenta: “Menores de 18 anos, beber não é legal, em todos os sentidos!”

Mas, afinal, dá para perder peso bebendo? “Temos de ter uma vida social também. A perda de peso precisa ocorrer sem causar estresse para o paciente” – enfatiza Adriana. “Desde que faça parte da vida social da pessoa, uma vez por semana, uma quantidade razoável... Se durante a semana fizer atividade física, tiver uma alimentação adequada e fizer um consumo consciente e responsável.”

Agora, o que não vale é fazer tudo certinho de segunda a quinta, e de sexta a domingo beber descontroladamente. “Deste modo, não vamos equilibrar a balança. O descontrole é muito grande e o que conseguiu de positivo nos outros quatro dias vai se perder, aí a pessoa vai desanimando. Por isso eu falo que não é proibido beber, mas é preciso ter equilíbrio”, ensina a nutricionista.

Confira a conversa completa: