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Mulheres 35+: como gerenciar alterações menstruais e a contracepção

Apesar da redução na fertilidade após os 35 anos, a preocupação com a gravidez permanece - iStock
Apesar da redução na fertilidade após os 35 anos, a preocupação com a gravidez permanece - iStock

Redação Publicado em 30/09/2021, às 10h00

A menstruação pode ficar menos regular, o padrão de sangramento se modifica e os famosos sintomas de TPM (tensão pré-menstrual) podem se intensificar para muitas mulheres nos anos que antecedem a menopausa. E, apesar de a fertilidade começar a declinar após os 35 anos, o risco de uma gravidez ainda precisa ser considerado. Como lidar com tudo isso? Esse foi o tema do quarto episódio da série sobre a saúde feminina no período de transição entre a idade fértil e a menopausa. 

Na primeira parte deste especial, mulheres de diferentes perfis contaram que se sentem muito melhor hoje, aos 40 ou 45 anos de idade, do que quando tinham seus 20 e poucos. Mas, infelizmente, algumas questões começam a surgir, como cabelo mais ralo, pele mais seca e uma dificuldade maior em manter o peso (abordadas no segundo episódio), alterações no sono e na disposição, como mostramos no terceiro episódio

Como evitar a gravidez

Camila Dall’Agnol, de 45 anos, diz que passou a ter um "pré-menstrual mais sofrido", além de ciclos mais longos, e por isso hoje usa adesivo anticoncepcional. “E, obviamente, a camisinha é minha companheira de vida, mas não pela contracepção; é para cuidar da saúde, mesmo”.

Daniela Mol Valle, de 40 anos, enfrentou a perda do primeiro bebê e outras duas gestações de alto risco por causa de uma condição chamada trombofilia (que predispõe a coágulos sanguíneos). Depois que a segunda filha nasceu, ela chegou tentar um contraceptivo à base só de progesterona, uma vez que a trombofilia é contraindicação para pílulas com estrogênio, mas não ficou bem. O marido, então, optou pela vasectomia, e ambos estão felizes com a decisão. 

Para controlar o ciclo menstrual, Daniela utiliza um aplicativo para celular: "Como eu sofro muito com cólica, eu já começo a tomar a medicação um dia antes", relata. Por enquanto, está tudo regulado. 

Frequência maior de sangramento

Já Ivanete Rodrigues da Silva, de 47 anos, há algum tempo passou a menstruar duas vezes por mês. Procurei o médico, fez exames e a alteração hormonal chegou a ser cogitada. Mas depois o ciclo voltou a ser mensal. Em compensação, ela sentiu melhora na intensidade do sangramento: "Eu menstruava muito mais. Agora dura dois dias e o fluxo é bem menor", descreve.

Salma Ribeiz, de 43 anos, conta que sempre teve o ciclo menstrual bastante regular, a cada 28 dias, mas agora os sangramentos têm vindo com uma frequência maior. "Nos últimos anos, de fato, o intervalo entre os ciclos têm ficado mais curto", comenta. 

"TPM ambulante" 

Adelaine Batista, de 42 anos, demorou mais do que a média para ter a primeira menstruação, e só passou a ter sangramentos mensais a partir dos 19 anos. Por outro lado, ela sempre sofreu com os fluxos intensos e cólicas, que se mantiveram até depois da segunda microcirurgia para remoção de miomas (tumores benignos que podem causar esses sintomas). 

As alterações de humor também não são um problema: "Acho que eu sou a TPM ambulante - tenho a tensão pré-menstrual e a pós-menstrual, então tem pelo menos 15 dias por mês que é bom todo mundo ficar longe de mim". 

Dá para saber se a menopausa está perto?

Infelizmente, não tem como saber se a mulher está perto de parar de menstruar. "É difícil a gente determinar isso, precisaria dosar o hormônio todos os dias", explica a ginecologista Maria Celeste Wender. O que se sabe é que pequenas mudanças começam a ocorrer, para a maioria das mulheres, a partir dos 35 anos. 

Para aquelas que sofrem com sintomas desse declínio hormonal, a pílula anticoncepcional combinada poderia ser vantajosa: as alterações emocionais do período pré-menstrual podem eliminadas, bem como a possibilidade de sofrer com sangramentos irregulares, um problema comum na pré-menopausa. Também haveria um benefício estético - a prevenção da queda de cabelo.

Então a pílula evita os incômodos da transição?

Não é bem assim. A ginecologista deixa claro que a ideia não é prescrever o método para quem não precisa, apenas com o intuito de evitar sintomas da pré-menopausa. "O que a gente está dizendo é que, para a mulher que já fazia uso, por que não manter?", esclarece. Afinal, o risco de engravidar diminui, mas permanece, e pesquisas norte-americanas mostram que muitas gestações em mulheres na faixa dos 45 anos são indesejadas e terminam em abortamento provocado.

Além disso, conforme a vantagem contraceptiva da pílula diminui, em função da queda na fertilidade, as vantagens não contraceptivas começam a crescer, principalmente em relação aos sangramentos inesperados. Maria Celeste acrescenta que algumas mulheres que fazem ligadura tubária, com o intuito de abandonar a pílula, acabam retomando o uso por apresentarem sangramento anormal e cólicas algum tempo após o procedimento. 

Outra observação da médica é que, no Brasil, muitas mulheres ainda utilizam progestágeno injetável trimestral para evitar sangramentos e gravidez, mas um efeito colateral comum do método, a longo prazo, é a perda de massa óssea, um problema que se agrava após a menopausa. 

Por tudo isso, a ginecologista acredita que a pílula combinada, com estrogênio natural, pode ser mantida sem receios até os 50 anos ou um pouco mais – desde que a mulher não tenha qualquer contraindicação e não fume – com a vantagem de evitar todas essas questões que podem ser prejudiciais para sua qualidade de vida. 

Confira o papo completo: