Redação Publicado em 22/07/2021, às 19h00
Doutor, meu sobrinho adolescente urinar sentado indica que ele pode ser gay?
Não, esse comportamento indica simplesmente que a pessoa gosta de urinar sentada e, de alguma forma, a pergunta leva a gente a questionar um comportamento possivelmente machista: por que esperamos que todo homem faça xixi em pé?
Aliás, muitas mulheres que convivem com maridos, filhos, companheiros e namorados, adorariam que eles urinassem sentados. Afinal, suja muito menos o vaso sanitário e, quando se vive com outra pessoa, a higiene e a limpeza são importantes.
Em primeiro lugar, o comportamento de urinar sentado ou em pé, muitas vezes, é uma questão cultural, comportamental e de como os pais ensinaram o filho a fazer xixi.
Outro ponto importante: esperar que todo homem urine em pé como se fosse uma “prova de masculinidade” é afirmar um comportamento absolutamente machista. Por que todo mundo precisa fazer a mesma coisa do mesmo jeito para ser do sexo masculino?
Contar com que determinados padrões sejam obedecidos sempre é tentar encaixar a pessoa em um padrão de comportamento único, e os homens são diferentes (assim como as mulheres).
Por fim, a orientação sexual não tem nenhuma relação com determinados padrões de comportamento, como o de urinar em pé. Em outras palavras, o homem fazer xixi sentado não significa, de forma alguma, que ele seja gay ou bissexual.
Confira:
Para os profissionais de saúde, que lidam com epidemiologia ou com saúde pública, a classificação de “homens gays” ou “bissexuais” não é utilizada. Nesse caso, o termo usado é “homens que fazem sexo com homens”, representado pela sigla HSH.
Ao adotar o termo “HSH”, é aberto um caminho para várias classificações possíveis: homens gays que transam exclusivamente com homens, bissexuais, que mantêm relações sexuais com pessoas do sexo masculino e femino, e aqueles que se consideram heterossexuais, mas que já tiveram ou às vezes vivenciam experiências com outro homem.
Essa classificação, do ponto de vista da saúde, é muito importante por englobar um grupo amplo, que pode estar se expondo a um determinado tipo de comportamento, risco ou relacionamento.
De qualquer forma, o mais importante é como a pessoa se sente. Um homem, por exemplo, pode se classificar como heterosexual e já ter se relacionado no passado ou ter relações ocasionais com outro homem. Isso não quer dizer que ele seja homossexual ou bissexual – e também não significa que seja exclusivamente heterossexual. Enfim, nesse caso, talvez ele esteja em algum ponto dessa gradação.
Em vez de ficar pensando em qual classificação se enquadra, o ideal é estar bem consigo mesmo, não fazer mal, não enganar ninguém e viver a vida afetiva e sexual da maneira que se sentir mais confortável e melhor.
Além disso, é fundamental lembrar que questões de orientação sexual podem mudar ao longo da vida ou em algumas fases. Portanto, não é preciso colocar as pessoas em caixinhas. Elas não cabem nessas caixinhas, são complexas, têm possibilidades e caminhos diferentes.
