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Vibrador é muito mais que um brinquedo sexual, avisam pesquisadoras

Médicas dizem que uso de vibradores deve ser normalizado, e até indicado por profissionais de saúde - iStock
Médicas dizem que uso de vibradores deve ser normalizado, e até indicado por profissionais de saúde - iStock

Redação Publicado em 23/05/2022, às 15h00

Uma revisão de estudos médicos mostra que vibradores são muito mais do que brinquedos sexuais. Eles podem trazer resultados positivos para problemas sérios de saúde, como perda involuntária de urina e disfunção sexual, e até reduzir sintomas da vulvodínia, um quadro de dor crônica na vulva (área externa da genitália feminina) que impede que a mulher tenha relações sexuais.

Apesar de haver poucas pesquisas desse tipo, as existentes indicam que o uso do vibrador traz mudanças favoráveis no fluxo sanguíneo e na musculatura do assoalho pélvico. Assim, melhoram vários aspectos da excitação e satisfação sexual, aumentam a resposta orgástica e diminuem condições dolorosas que prejudicam o sexo e a qualidade de vida. 

Hora de normalizar o uso do vibrador!

De acordo com uma revisão da literatura médica, está na hora de ginecologistas, urologistas e outros profissionais de saúde que lidam com a saúde íntima feminina terem mais educação em saúde sexual. “Precisamos remover o estigma dos vibradores e acredito que isso em breve será possível, pois estamos normalizando a discussão sobre a saúde sexual das mulheres”, comentou a médica Alexandra Dubinskaya, do Centro Médico Cedars-Sinai, nos EUA, na reunião anual da Associação Americana de Urologia.  

“Os vibradores devem ser vistos como outra forma de tecnologia que pode ser aplicada para beneficiar os pacientes na prática clínica”, completou Rachel Rubin, da Universidade de Georgetown, em Washington. Ela acrescentou que se os parceiros masculinos tiverem interesse em trazer os dispositivos para a relação, a saúde sexual de todos vai melhorar. Por isso, ela considera fundamental divulgar a ciência por trás disso:

Sabemos que as mulheres levam mais tempo para atingir o orgasmo do que seus parceiros masculinos, e isso porque o clitóris é todo interno. Ensinar às pessoas ciência básica e fisiologia tornará o sexo mais divertido, mais prazeroso, e ajudará todos a ter melhor qualidade de vida”.

Pornografia trouxe má fama aos vibradores

O uso terapêutico da estimulação vibratória tem origem em uma condição que era chamada de “histeria feminina”, associada a emoções excessivas que estariam ligadas a questões conjugais, ao orgasmo e à gravidez. Acreditava-se que, ao levar as pacientes ao orgasmo, a emotividade melhorava. Como os médicos ficavam cansados de usar as mãos, recorriam a alternativas como uso de duchas, até chegarem aos primeiros vibradores elétricos portáteis, que também eram usados para tratar constipação, artrite, fadiga muscular e “congestão pélvica”, segundo reportagem do MedPage Today

Com o passar dos anos, os potenciais benefícios à saúde foram ofuscados pela má reputação que os vibradores ganharam com os primeiros filmes pornográficos. Mas pesquisas têm mostrado que a maioria das mulheres e mais de 40% dos homens usam ou já usaram os dispositivos em algum momento da vida. Então por que ter vergonha? 

Confira:

Dor crônica, disfunção sexual e incontinência urinária

A especialista do Cedars-Sinai, em Los Angeles, e sua equipe analisaram 21 estudos sobre o tema, dos quais 11 eram sobre disfunção sexual e 9 sobre disfunção do assoalho pélvico. Apenas um era sobre vulvodínia, uma condição que impede o sexo e que pode ser deflagrada por estresse intenso, experiências traumáticas, infecções ou pela menopausa. O uso do vibrador trouxe redução da dor e aumento do prazer sexual após 4 ou 6 semanas de uso.

Mais de 80% dos participantes do estudo expressaram satisfação com o tratamento e 90% disseram que se sentiam à vontade com o médico oferecendo um vibrador como forma de terapia.

A análise dos outros trabalhos comprovou que o uso dos vibradores também melhorou a função sexual feminina, por facilitar a vasodilatação e o fluxo sanguíneo nos tecidos, além de aumentar o relaxamento, a excitação e o orgasmo.

Por último, a estimulação vibratória foi associada a uma redução significativa do uso de absorventes higiênicos e perda de urina em mulheres com incontinência urinária de esforço, bem como uma redução nos sintomas urinários. O tônus ​​muscular do assoalho pélvico melhorou significativamente, com o consequente aumento da qualidade de vida e satisfação das pacientes.

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