Doutor Jairo
Testeira
Colunas / Saúde e Longevidade » Incontinência

Fisioterapia para incontinência urinária funciona? Entenda!

O fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico é carro-chefe do tratamento fisioterapêutico para a incontinência urinária - iStock
O fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico é carro-chefe do tratamento fisioterapêutico para a incontinência urinária - iStock

Elizabeth Alves Ferreira Publicado em 21/07/2021, às 14h16

Perder urina é normal?

Incontinência urinária é descrita como a perda involuntária de urina. Cabe destacar que qualquer perda importa!

Muitas pessoas aguardam ter uma grande e recorrente perda urinária para procurar tratamento, o que é um erro, pois quanto antes iniciar a fisioterapia, melhores serão os resultados.

A incontinência urinária pode ocorrer em qualquer idade, mas a sua prevalência, ou seja, a sua frequência, é maior com o avanço da idade.

Tipos de incontinência urinária

A mais comum é a incontinência urinária de esforço, que ocorre quando a pessoa ri, tosse, espirra, corre ou realiza algum movimento específico. Há também a incontinência urinária por urgência - perda urinária após um súbito desejo de urinar, que normalmente ocorre quando a pessoa está muito próxima do banheiro.

Muitas mulheres com incontinência urinária optam por diminuir a ingestão hídrica (líquidos) para evitar a perda - e isso é prejudicial ao bom funcionamento dos órgãos.

Como a fisioterapia pode tratar a incontinência?

É fácil associar a fisioterapia aos processos de recuperação de lesão dos ossos e músculos, mas como acontece com a bexiga?

O funcionamento da bexiga e o ato de urinar envolvem um complexo controle muscular e neural e, por isso, a fisioterapia é considerada pela ciência como a primeira linha de tratamento para diversos tipos de incontinência urinária e fecal.

Confira:

A região onde fica localizada a vagina e o ânus é chamada de assoalho pélvico (ou períneo) e os músculos dessa região têm conexão funcional com o músculo ao redor da bexiga (detrusor).

O ato de urinar precisa do relaxamento correto de alguns músculos e conter a urina depende da contração correta deles. Após uma avaliação específica, o fisioterapeuta consegue identificar o que está inadequado na contração dos músculos do assoalho pélvico e, assim, propor técnicas para a melhoria da mecânica da continência urinária.

O corpo humano apresenta sofisticado arranjo muscular para realizar tarefas físicas

A região da pelve tem papel de destaque na manutenção do nosso equilíbrio e a avaliação do fisioterapeuta deve ser ampla e incluir:

  • A função urinária
  • A função dos músculos do assoalho pélvico
  • A mobilidade da pelve
  • As articulações dos quadris e do tronco                                   

O fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico é, sem dúvida, o carro-chefe do tratamento fisioterapêutico para a incontinência urinária, mas muitas mulheres não sabem realizar a contração correta deles, de forma que utilizam músculos da região do abdômen, da coxa e dos glúteos.

Isso explica porque algumas mulheres iniciam um tratamento de fortalecimento por meio de aplicativos ou somente com orientação online e não têm bom resultado. O diagnóstico funcional é essencial para o sucesso do tratamento.

A maioria dos artigos científicos discute o impacto da incontinência urinária na qualidade de vida:

A perda urinária pode limitar o convívio social, a rotina de vida e afetar a autoestima das mulheres. Até mesmo o hábito de se vestir: poder usar uma calça clara com a confiança de que não ficará manchada é um prazer que muitas mulheres não têm.

Se você perde urina, não acredite que é normal. Procure ajuda de um especialista. Na área médica, o profissional mais indicado é o ginecologista, especialmente aquele que atua com uroginecologia, ou o urologista. Na fisioterapia, opte por profissionais especializados em saúde da mulher.

Ter a sensação de controle urinário é muito bom!

Boa saúde e não se esqueça de beber água!

* Elizabeth Alves Ferreira - Fisioterapeuta, Mestre em Psicologia e Doutora em Ciências pela USP. Especialista em Fisioterapia em Saúde da Mulher. Formação em GDS pelo Institut des Chaînes Musculaires et des Techniques na Bélgica. Professora do Curso de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da USP, onde é responsável pela área de Saúde da Mulher. Orientadora de pós-graduação em ginecologia e obstetrícia. Atua em consultório, ensino e pesquisa. [email protected]