Soltar gases, assim como arrotar, é algo absolutamente normal e que faz parte do processo digestivo. Apesar disso, muita gente morre de vergonha quando faz isso em público.
Segundo a nutricionista britânica Emily Leeming, que realiza pesquisas sobre microbioma e tem uma coluna no jornal Daily Mail, uma pessoa saudável tende a soltar pum de 15 a 20 vezes ao dia.
Porém, em alguns casos o excesso de gases pode ser resultado de uma dieta inadequada, ou de problemas de saúde, como intolerância alimentar.
Os gases que produzimos no intestino são basicamente formados por dióxido de carbono, hidrogênio e metano. Eles são o resultado da quebra de compostos, como as fibras, pelas bactérias que habitam nosso intestino.
Emily conta que todos nós produzimos, em média, de 500 a 2.000 ml de gases por dia, e a maior parte disso sai para fora sem que a gente nem se dê conta. Boa parte desses puns é liberada cerca de uma hora após uma refeição, bem como durante a noite, quando o esfíncter anal está relaxado.
A especialista também garante que 99% dos gases que soltamos não cheira mal, por isso, em tese, você não precisaria “segurá-los” o tempo todo. Isso não faz mal à saúde, segundo ela, mas pode causar dores, à medida que esses gases pressionam a parede intestinal.
Certos tipos de bactéria produzem gases mais mal cheirosos, segundo a especialista.
Mas o que você como também tem um papel importante nesse odor. Os maiores vilões são os alimentos ricos em enxofre, como a carne vermelha. Outros tipos de carne, bem como peixe, ovo, repolho, brócolis, couve-flor e couve-de-bruxelas também contêm esse composto.
Feijões também podem causar flatulência em quem não está acostumado a consumir, mas com o passar do tempo, o problema melhora. Ela ensina a começar com pequenas quantidades e ir aumentando aos poucos.
A especialista diz que ninguém deve evitar o consumo de vegetais e fibras por causa da flatulência, já que esses alimentos são benéficos à saúde. Além disso, uma dieta sem fibras também pode levar uma pessoa a ter gases com cheiro ainda pior.
Já reduzir o consumo de carne vermelha pode ser útil para quem está com o incômodo. Outra recomendação importante é que, junto com alimentos ricos em fibra, é fundamental consumir bastante água.
Se você sofre com flatulência após consumir leite e derivados, isso pode ser sinal de intolerância à lactose. Nesse caso, você pode dar preferência aos produtos sem esse tipo de açúcar, ou com menor quantidade, como kefir e queijos mais duros.
A flatulência também pode ser um problema para quem sofre da síndrome do intestino irritável, que inclui outros sintomas como dores abdominais, prisão de ventre e diarreia. Nesse caso é preciso procurar um especialista para receber orientações.
De forma geral, chá de hortelã-pimenta pode ser útil para quem sofre com gases, ou cápsulas com o óleo essencial dessa planta (nesse caso é bom consultar um profissional de saúde para saber se não há alguma contraindicação).
Evitar bebidas gaseificadas, como refrigerantes e cervejas, é outra boa pedida, bem como chicletes sem açúcar – eles não apenas fazem você engolir mais ar, como contêm xilitol, um adoçante que pode causar flatulência em algumas pessoas.
Por último, uma caminhada de 30 minutos após as refeições pode ajudar bastante a dispersar o excesso de gases e a distenção abdominal, além de trazer uma série de outros benefícios.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin
