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Resistência à insulina: quais os sinais e como evitar

Algumas condições, bem como estilo de vida, podem elevar o risco de resistência à insulina - iStock
Algumas condições, bem como estilo de vida, podem elevar o risco de resistência à insulina - iStock

Quando você come, os níveis de glicose (açúcar) no sangue aumentam e seu pâncreas responde produzindo insulina, hormônio crucial para converter os alimentos em energia, ou armazenar essa energia para mais tarde.

Quando você tem resistência à insulina, seu corpo não responde ao hormônio secretado após as refeições de forma tão eficaz quanto deveria. Isso significa que suas células não absorvem glicose suficiente. Resultado? O pâncreas produz mais insulina para ajudar no processo.

Resistência à insulina x pré-diabetes

Com o passar dos anos, o pâncreas não consegue acompanhar essa evolução. Como consequência, seu açúcar no sangue começa a ficar alto após as refeições e isso pode resultar no que os médicos chamam de pré-diabetes (quando o nível de glicose em jejum fica entre 100 e 125 mg/dL). Se os níveis de glicose não forem tratados e ultrapassarem 125 mg/dL, a pessoa será diagnosticada com diabetes tipo 2.

Pessoas com certas condições genéticas, como distrofia miotônica ou lipodistrofia, muitas vezes têm resistência à insulina. Mas com mais frequência, as pessoas desenvolvem resistência à insulina como resultado de uma combinação de fatores sociais e biológicos, como mostra reportagem do The New York Times. Veja alguns fatores que podem aumentar o risco dessa condição: 

  • ter histórico familiar de diabetes tipo 2;
  • ter alto teor de gordura no sangue, como triglicerídeos elevados, colesterol LDL alto ou colesterol HDL baixo;
  • ser sedentário e seguir uma dieta insalubre; 
  • usar certos medicamentos, como esteroides, antipsicóticos e alguns antirretrovirais;
  • ter pressão alta, doenças cardíacas, doença hepática gordurosa não alcoólica e síndrome dos ovários policísticos.

Os médicos dependem de exames de sangue usados para pré-diabetes e diabetes - como os que verificam seus níveis de glicose ou hemoglobina A1C - para determinar se você tem resistência à insulina. Assim, é importante que esses testes sejam feitos com frequência, ainda mais para pessoas que têm os fatores de risco acima. 

Sinais ou sintomas possíveis 

Na maioria das vezes, não há sinais óbvios até meses ou anos após o corpo começar a ter dificuldades para controlar os níveis de insulina e açúcar no sangue. Mas veja alguns sinais e sintomas que servem de alerta:

1. Você sente fome ou cansaço o tempo todo

Como seu corpo não está absorvendo glicose de forma eficiente, você pode não obter energia significativa dos seus alimentos. Como resultado, você pode se sentir excessivamente cansado e seu cérebro pode continuar sinalizando que você precisa comer mais alimentos doces ou ricos em carboidratos.

2. Você ganhou peso

Quando seu corpo começa a ficar sem ter onde armazenar o excesso de glicose no fígado e músculos, ele começa a converter o açúcar extra em gordura. Isso pode agravar o problema: mais gordura corporal pode piorar a resistência à insulina. E a gordura visceral (ou abdominal), em particular, libera ácidos graxos, hormônios e moléculas pró-inflamatórias no sangue. 

Embora o tamanho da cintura não possa ser usado isoladamente para diagnosticar problemas de saúde, os médicos podem utilizar a medida para rastrear possíveis riscos. Homens com uma circunferência da cintura superior a 102 centímetros e mulheres não grávidas com uma circunferência da cintura superior a 88 centímetros têm um risco maior de resistência à insulina.

3. Você nota manchas escuras ou placas na pele

Algumas pessoas com resistência à insulina mais avançada também desenvolvem manchas escuras ou placas em dobras do corpo, chamadas de acantose nigricans. Elas costumam aparecer na nuca ou nas laterais do pescoço, nas axilas ou na virilha.

4. Sua menstruação é irregular

Se você notar que seu ciclo menstrual começa a falhar, ou tiver outros sinais que indiquem síndrome de ovários policísticos (SOP), como aumento da acne ou pelos faciais, é importante que o médico peça exames para avaliar desequilíbrios hormonais, bem como resistência à insulina.

5. Você bebe mais água ou faz muito xixi

Se a resistência à insulina progredir, níveis elevados de açúcar no sangue podem fazer com que seus rins trabalhem mais e você pode sentir a necessidade de beber mais e urinar mais.

Como reverter a resistência à insulina

1. Mexa-se mais. O exercício é uma das ferramentas mais eficazes para reverter a resistência à insulina. Em um pequeno estudo com adultos de 19 a 44 anos, pesquisadores descobriram que apenas uma sessão de 45 minutos de exercício de intensidade moderada poderia melhorar a sensibilidade à insulina; seis semanas de exercício regular melhoraram a sensibilidade em 40%. Como os benefícios se dissipam 48 a 72 horas após você parar de se exercitar, é importante continuar se exercitando regularmente. A atividade física também ajuda a aumentar a massa muscular e reduzir a gordura corporal, ambos importantes para seu corpo gerenciar melhor a glicose e a insulina. 

2. Faça pequenas trocas na dieta. Uma das dietas mais estudadas para redução do risco de desenvolver diabetes tipo 2 e outras doenças é a dieta mediterrânea, que prioriza grãos integrais, frutas, legumes, nozes e azeite de oliva. Mas qualquer dieta com baixo teor de carboidratos ou baixo teor de gordura que seja acessível e sustentável para você pode ajudar, segundo especialistas. O importante é caprichar no consumo de vegetais, ter fibras e proteínas suficientes nas refeições e evitar o açúcar refinado e as bebidas adoçadas, bem como farinhas e frituras. 

3. Resolva seus problemas para dormir. Algumas evidências indicam que a apneia do sono, a mudança nos ritmos circadianos de quem trabalha à noite e o simples fato de não dormir o suficiente, em geral, podem aumentar seus níveis de insulina e hormônios da fome. Além disso, ter um sono de má qualidade pode fazer você desejar mais alimentos ricos em carboidratos para obter energia. Faça o possível para dormir sete horas ou mais.

4. Gerencie melhor o estresse. Quando você está estressado, seu corpo libera mais cortisol, e esse hormônio pode inibir a produção de insulina como uma forma de manter a glicose prontamente disponível para uma reação de "luta ou fuga". Embora o estresse seja inevitável, você pode aprender a gerenciá-lo, como pedir ajuda para amigos ou parentes, fazer terapia, exercícios de respiração, yoga e meditação. 

5. Deixe de fumar. A nicotina e outras substâncias químicas presentes nos cigarros podem levar à inflamação no corpo, aumentando o estresse oxidativo e alterando as células para que não respondam tão bem à insulina. Quando você para de fumar, a sensibilidade à insulina do seu corpo melhora, embora o risco de diabetes possa ser alto nos primeiros dois anos após parar, quando é comum o peso aumentar um pouco. Lembre-se que obter orientação médica contra o tabagismo, algo que é possível encontrar no serviços públicos de saúde, aumenta muito as chances de sucesso. 

Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin