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Meu parceiro é meu melhor amigo: até que ponto isso é bom?

Ter um parceiro-melhor amigo é ótimo, mas também há desvantagens - iStock
Ter um parceiro-melhor amigo é ótimo, mas também há desvantagens - iStock

Você acha que seu marido (ou mulher) é seu melhor amigo (ou sua melhor amiga)? Uma pesquisa feita nos EUA mostra que 14,4% dos adultos comprometidos chamam seu parceiro romântico de melhor amigo. E quais as consequências desse tipo de relação para a vida a dois e para o bem-estar em geral? De acordo com o estudo, existem vantagens e desvantagens nisso.

Namoro, amizade ou ambos?

Pesquisadores da Universidade do Estado do Colorado Colorado State University entrevistaram 940 adultos comprometidos para saber como nomear um parceiro como melhor amigo se relaciona com a qualidade do relacionamento e na saúde mental.

Os participantes tinham entre 18 e 85 anos, com idade mediana de 41 anos. Eles responderam a questionários e foram convidados a listar sete pessoas mais próximas como "amigo", "melhor amigo", "parceiro romântico" ou uma combinação deles.

As pesquisas mediram dois aspectos da qualidade do relacionamento — proximidade emocional e interações rotineiras — por meio de escalas de 7 pontos. Sete dimensões de bem-estar também foram avaliadas, incluindo satisfação com a vida, companheirismo, solidão, estresse percebido e apoio social.

Apenas 36,4% dos respondentes incluíram o parceiro entre os amigos nomeados, incluindo os 14,4% que rotularam esse parceiro como melhor amigo.

A pesquisa mostrou que as chances de chamar o parceiro de melhor amigo aumentaram com a idade, mas diminuíram com o aumento da renda. Isso sugere que, quando as pessoas têm menos recursos financeiros, elas podem depender mais do parceiro romântico para suprir necessidades emocionais, o que também as torna mais vulneráveis caso esse relacionamento esteja em crise

Vantagens e desvantagens

Participantes que nomearam seu parceiro como melhor amigo relataram maior companheirismo, mas menor apoio social vindo de amigos que não o parceiro — possivelmente refletindo um estreitamento da rede social.

Parceiros-melhores amigos tiveram pontuações mais altas em proximidade emocional e rotinas em comum do que melhores amigos que não eram parceiros.

Para os pesquisadores, os resultados sugerem que parceiros românticos podem atender às necessidades diárias de companheirismo, mas manter um melhor amigo distinto pode ampliar a rede de apoio.

Importância da rede de apoio

A mensagem que fica é que amizade é fundamental num casamento ou namoro feliz. Mas cultivar amizades independentes é algo importante para manter o bem-estar e a saúde mental, como confirma a professora e autora principal do estudo, Natalie Pennington:

"Acho que as conclusões gerais e amplas desse estudo são — invista tempo e energia nas pessoas que realmente importam, pois são elas que estarão ao seu lado nos momentos difíceis e para comemorar suas conquistas. Também diria que valorizar a amizade dentro de um relacionamento romântico é algo ótimo, mas também há muito valor em investir em amizades platônicas para ter uma rede de apoio mais completa."

Referência: 

What’s in a label? Exploring the intersection of relationships with best friends and romantic partners with well-being”. Natalie Pennington, Brooke H. Wolfe, Jeffrey A. Hall, Amanda J. Holmstrom, and Samantha T. Schaffer. Journal of Social and Personal Relationships (2025)

Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin