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Maioria dos brasileiros quer doar órgãos, mas não avisa a família

De acordo com os dados, o desejo de ser um doador diminui com a idade - iStock
De acordo com os dados, o desejo de ser um doador diminui com a idade - iStock

Redação Publicado em 27/09/2021, às 18h30

Uma pesquisa solicitada pelo Instituto Brasileiro do Fígado (IBRAFIG) e realizada pelo Datafolha revelou que sete entre 10 brasileiros têm a intenção de doar órgãos, porém, 46% não avisam a família sobre esse desejo.  

Vale lembrar que, pela legislação brasileira, sem o consentimento familiar não é permitida a doação. Além disso, a pandemia de Covid-19 teve um forte impacto nesse setor e acentuou a queda das taxas de doação e de transplante de órgãos, regredindo aos índices de 2012 e 2014, respectivamente. 

Dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) mostram que 1.126 pessoas estão na fila de espera por um transplante de fígado e mais de 45 mil aguardam por um transplante de órgãos sólidos e de tecidos.

Incentivo à doação

Com esse cenário, o IBRAFIG, em parceria com ABTO, desenvolveu a campanha: “Seja Doador de Órgãos, Avise sua Família”, que tem como principal objetivo incentivar a doação e diminuir o tempo de espera de pacientes na fila de transplante.

Confira:

De acordo com os idealizadores, um único doador é capaz de salvar oito vidas e, com os números de doações muito baixos após quase dois anos de pandemia, o projeto tem caráter de urgência para alertar – e relembrar – sobre um aspecto importante: sem o consentimento da família, não há doação, mesmo que a intenção do possível doador seja conhecida por todo o seu entorno. 

Mapeando potenciais doadores

A pesquisa – realizada de 2 a 7 de agosto de 2021 – foi conduzida de forma presencial e contou com 1.976 pessoas com 18 anos ou mais de 129 municípios brasileiros. Entre os principais resultados estão que a intenção de doar os órgãos diminui com a idade: 79% dos entrevistados de 18 a 24 anos contra 55% das pessoas com mais de 60 anos. 

Vale ressaltar que, segundo os especialistas, não há idade limite para ser doador – a definição final cabe à equipe médica que capta a doação e à equipe responsável pelo transplante.

Em contrapartida, essa vontade tende a aumentar com a escolaridade (56% entre os com ensino fundamental versus 79% dos brasileiros com ensino superior) e com a renda (55% nas classes DE e 78% na classe AB).  

Os dados revelaram ainda que a região Sudeste tem a maior proporção de brasileiros que manifestam o desejo de doar (73%), enquanto o Nordeste tem a menor taxa de potenciais doadores (59%). 

Além disso, os homens parecem avisar menos a família e, quanto menor o nível de instrução formal, menor a notificação aos familiares. Segundo as descobertas, Nordeste, Centro Oeste e Norte lideram esse ponto, sendo as regiões onde as pessoas menos avisam às famílias sobre o desejo de doar. 

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