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Duda Riedel agradece luta por composto para transplante de medula

A atriz Duda Riedel chamou a atenção para o fato de que o Bussulfano poderia não ser mais comercializado no Brasil - Reprodução / Twitter
A atriz Duda Riedel chamou a atenção para o fato de que o Bussulfano poderia não ser mais comercializado no Brasil - Reprodução / Twitter

Giulia Poltronieri Publicado em 14/01/2021, às 18h07

A atriz Duda Riedel, que já teve leucemia, chamou atenção na internet após informar que o transplante de medula óssea no Brasil poderia estar com os dias contados porque um medicamento fundamental para quem realiza o procedimento, o bussulfano, deixaria de ser vendido. Mas hoje ela comemorou, em sua página no Instagram, uma vitória temporária: o abastecimento do composto foi garantido até o ano que vem. 

Tudo começou no dia 23 de novembro de 2020, quando o laboratório Pierre Fabre, responsável pela distribuição do bussulfano, anunciou que a fabricação do composto seria descontinuada no país.  Na ocasião, Duda usou as redes sociais para contar a notícia, lembrar da importância do transplante e pedir que as pessoas se juntassem para tentar impedir a descontinuação do remédio. A notícia assustou muita gente.

Eu descobri a leucemia em maio de 2019 e no primeiro momento já me foi dito que talvez eu precisasse me submeter a um transplante de medula óssea. A partir daí, a gente começou a ir em busca de um doador compatível. No final de outubro, encontramos um doador 100% compatível no banco de medula óssea. Ela se prontificou a doar pra mim. No final de novembro eu fiz o transplante", contou ela, em entrevista para o site.

Como o remédio age no transplante?

Tiago Cepas, coordenador de políticas públicas da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), explica que "é na medula óssea que nascem as células-tronco hematopoéticas, que na maturidade, passam por processo de diferenciação, tornando-se glóbulos brancos (que combatem infecções), vermelhos (que carregam o oxigênio), e plaquetas (que ajudam na coagulação). Aí, sim, estarão preparadas para serem lançadas na corrente sanguínea".

De acordo com o médico, o transplante de células-tronco hematopoéticas é utilizado para substituir a medula óssea do paciente que não está funcionando adequadamente, já que foi acometida por doenças.

A partir daí, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), para que o paciente receba o transplante, ele é submetido a um tratamento que ataca as células doentes e destrói a própria medula. Então, ele recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue.

"O medicamento bussulfano, junto com ciclofosfamida, é usado para preparar o organismo do paciente para o Transplante de Medula Óssea (TMO). Este remédio pode ser utilizado em adultos e crianças, antes do procedimento. Esta etapa do transplante é conhecida como 'tratamento condicionante'", finaliza Tiago.

E afinal, o Bussulfano vai mesmo acabar?

Autoridades médicas ficaram sem resposta por alguns dias, mas, finalmente, uma resposta positiva foi divulgada. A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) emitiu uma nota com as informações que recebeu do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), explicando quais são os planos para manter o bussulfano no país.

Confira:

"- A Pierre Fabre, distribuidora exclusiva no Brasil do medicamento Busilvex
(nome comercial do medicamento Bussulfano), cuja licença de comercialização
pertence ao laboratório japonês Otsuka, reforça que não interrompeu a distribuição do Busilvex e que o estoque atual atende às necessidades dos pacientes do país até junho de 2021.
- Como parte deste compromisso, a Pierre Fabre, em conjunto com o laboratório Otsuka, está em processo de oficialização, junto às instituições regulatórias brasileiras, de pedido de importação de Bussulfano, proveniente de outro fornecedor parceiro do laboratório Otsuka, visando atender ao mercado brasileiro até a metade de 2022".

Sendo assim, o medicamento permanecerá disponível por enquanto. E a ABHH ainda ressalta: "Com o alargamento do tempo de fornecimento garantido, outras soluções deverão ser buscadas no sentido da normalização definitiva do fornecimento do medicamento ao mercado brasileiro".

"Isso nos dá mais tempo para resolver completamente esse caos", publicou Duda na rede social. "Seguiremos lutando para que isso tenha uma solução por completo."