Estudos mostram que a insônia afeta mais de 30% dos adultos em todo o mundo. E quem tem dificuldades para adormecer ou ter uma noite completa de sono tende a desenvolver outros problemas de saúde, como diabetes, doenças renais e distúrbios gastrointestinais.
Algumas pesquisas já indicaram, também, uma associação entre insônia e doenças cardiovasculares, porém os resultados eram contraditórios.
Para tentar chegar a uma conclusão mais confiável, pesquisadores fizeram uma meta-análise com estudos feitos nos últimos 20 anos sobre o tema, que incluíram, ao todo, cerca de 389 mil pessoas com insônia e mais de 2 milhões de indivíduos saudáveis. Os participantes foram acompanhados por períodos que variaram de 3 a 20 anos.
O trabalho, publicado na revista PLoS One, mostra que a insônia está, de fato, associada a um risco maior de morrer por doenças cardiovasculares. De acordo com os resultados, pessoas com dificuldades crônicas para dormir apresentaram:
- um aumento de 53% no risco de morte relacionada a doenças do coração em comparação com indivíduos saudáveis.
- um risco 48% maior de sofrer ataques cardíacos.
- 31% mais chances de desenvolver qualquer tipo de doença cardiovascular.
- 14% mais chances de mortalidade por todas as causas em comparação com indivíduos saudáveis.
Ao analisar dados disponíveis de estudos que acompanharam os participantes por períodos mais longos, de 10 a 20 anos, os pesquisadores observaram que a taxa de mortalidade por qualquer causa era muito maior para pessoas com insônia. Isso sugere que as dificuldades para dormir podem afetar as pessoas a longo prazo.
Uma das hipóteses mencionada pelos pesquisadores é que a insônia causaria uma desregulação do sistema nervoso autônomo e o aumento da inflamação sistêmica. Outro ponto é que as dificuldades para pegar no sono causam aumento da pressão arterial.
Um dos autores, o cardiologista Cheng-Han Chen, do Centro Médico MemorialCare Saddleback, na Califórnia, explicou que, muitas vezes, a insônia também está associada à apneia obstrutiva do sono, um fator de risco bem conhecido para doenças cardiovasculares.
Embora mais estudos ainda devam ser feitos para esclarecer a ligação entre insônia e risco cardiovascular, o médico fez algumas recomendações para pessoas que desejam melhorar a qualidade do sono, como:
Outra recomendação importante é desligar os elestrônicos pelo menos uma hora antes de ir para a cama, e buscar ajuda de um especialista quando preciso. Hoje os exames que avaliam a qualidade do sono estão mais acessíveis, e muitas vezes são cobertos por planos de saúde.
Quanto antes os distúrbios de sono forem diagnosticados, mais cedo será possível evitar suas consequências negativas para a saúde.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin
