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Gosta de cochilar? Saiba as vantagens e desvantagens do hábito

Uma soneca curta pode melhorar a performance, mas é preciso tomar alguns cuidados - iStock
Uma soneca curta pode melhorar a performance, mas é preciso tomar alguns cuidados - iStock

Enquanto algumas pessoas veem a soneca como um luxo, outras a consideram uma forma de manter a alerta e o bem-estar. Mas, apesar de trazer benefícios, a também soneca pode ter desvantagens.

Sonecas curtas podem melhorar o funcionamento mental e a memória, além de melhorar a alerta, a atenção e o tempo de reação. Também ajudam a melhorar a produtividade e a criatividade, inclusive para resolver problemas.

Combate ao estresse

Um pequeno estudo revelou que pessoas que tiraram sonecas curtas ficam menos frustradas e impulsivas, o que resulta em melhor foco e eficiência ao realizar tarefas relacionadas ao trabalho.

Cochilar também pode reduzir o estresse. Um estudo constatou que cochilos de aproximadamente 20 minutos melhoraram o humor geral dos participantes. No entanto, cochilos mais longos, com mais de 30 minutos geralmente não estão associados a um melhor humor e a um aumento nos sentimentos de bem-estar.

Sonecas curtas também podem estar associadas a um risco reduzido de doenças cardiovasculares. Se ficarmos acordados mais do que deveríamos, tendemos a acumular substâncias associadas às reações de "luta ou fuga" em nossos corpos, o que pode levar a alterações na pressão sanguínea e problemas cardíacas. A soneca parece auxiliar nesse processo para algumas pessoas.

Desvantagens do cochilo

Uma condição associada a cochilos com mais de 30 minutos é a inércia do sono - a sonolência e a desorientação que as pessoas às vezes sentem após acordar de um cochilo mais longo.

Quanto mais longo o cochilo, maior é a inércia do sono a ser superada. Isso pode prejudicar a função cognitiva por vários minutos até meia hora. Em muitos casos, esses efeitos podem ser minimizados ao se consumir cafeína imediatamente após o cochilo. No entanto, é importante notar que a cafeína não substitui o sono!

Cochilos longos ou no final da tarde também podem interferir no sono noturno, seja causando dificuldades para adormecer ou para permanecer dormindo durante a noite. Essa interrupção do ciclo regular de sono e vigília pode resultar em privação de sono geral, o que pode ter vários efeitos negativos na saúde.

Além disso, para pessoas com 60 anos ou mais, cochilos mais longos - acima de 30 minutos - podem aumentar o risco de problemas cardiovasculares. Pesquisadores descobriram que adultos mais velhos que tiram cochilos por mais de uma hora por dia têm uma incidência maior de pressão sanguínea elevada, alto teor de açúcar no sangue, excesso de gordura corporal na cintura e níveis anormais de colesterol ou triglicerídeos, sintomas esses conhecidos como síndrome metabólica.

A razão para esse fenômeno é em grande parte desconhecida. Indivíduos mais velhos tendem a cochilar com mais frequência do que adultos jovens, em parte devido a um sono mais alterado durante a noite. Isso pode estar relacionado a mais dor, ao uso de certos medicamentos ou a outros fatores.

Dicas para não errar na soneca

Portanto, para maximizar os benefícios e reduzir os riscos do hábito de cochilar, aqui estão algumas dicas:

- Mantenha os cochilos curtos (com menos de 30 minutos) para evitar a inércia do sono e interrupções do sono noturno.

- Tire cochilos no início da tarde, quando há uma diminuição natural nos níveis de energia após o almoço.

- Evite cochilos no final da tarde. Você deve acordar pelo menos de quatro a seis horas antes de dormir.

- Crie o ambiente certo, cochilando em um espaço tranquilo, confortável e com pouca iluminação.

- Se você está lutando sempre contra a sonolência durante o dia, é melhor abordar a causa raiz em vez de depender apenas de cochilos.

Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin