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7 truques e dicas para você intensificar seu treino na esteira

Veja copo usar os treinos na esteira a seu favor - iStock
Veja copo usar os treinos na esteira a seu favor - iStock
Fausto Fagioli Fonseca

por Fausto Fagioli Fonseca

faustoffonseca@gmail.com

Publicado em 16/06/2025, às 09h00

Se você treina na esteira com frequência, precisa saber como aproveitar ao máximo esse equipamento.

Embora muita gente enxergue a esteira como uma alternativa prática apenas para dias chuvosos, ela pode ser uma aliada poderosa para melhorar o condicionamento físico, ganhar velocidade, controlar melhor o esforço e até corrigir a postura.

Com ajustes simples, o treino indoor pode se tornar mais desafiador e eficaz. A seguir, conheça sete estratégias certeiras para transformar a sua corrida na esteira em um treino mais inteligente, variado e produtivo. 

1. Suba a inclinação para simular o asfalto e sair da zona de conforto

Correr na esteira com inclinação zero não representa exatamente a realidade do treino ao ar livre. Mesmo no plano, o asfalto impõe mais resistência por conta do atrito com o solo e da ação do vento.

Para corrigir essa diferença e tornar a corrida na esteira mais realista, eleve a inclinação entre 1% e 2%. Esse pequeno ajuste já é suficiente para engajar mais a musculatura posterior da coxa e dos glúteos, elevar o gasto calórico e exigir mais do sistema cardiorrespiratório.

Se quiser ir além, você pode usar a inclinação como ferramenta para simular subidas. Subir o grau de inclinação entre 3% e 5% por curtos períodos desafia o corpo a produzir mais força e potência, fortalecendo as pernas e melhorando o desempenho em terrenos íngremes.

Apenas tenha cuidado com a postura: evite inclinar o tronco para frente e mantenha a passada ajustada.

2. Experimente os treinos intervalados para ganhar velocidade e resistência

A esteira oferece um dos ambientes mais controlados possíveis para realizar treinos intervalados, aqueles em que você alterna momentos de alta intensidade com períodos de recuperação. Você pode, por exemplo, correr 1 minuto em ritmo forte seguido de 1 a 2 minutos em ritmo leve ou caminhando, e repetir essa sequência por 20 a 30 minutos.

Esse tipo de treino aumenta significativamente o VO2 máximo (a capacidade do corpo de consumir oxigênio), melhora a eficiência metabólica e eleva o limiar de esforço. Tudo isso se traduz em mais desempenho e fôlego, tanto na esteira quanto nas ruas. Além disso, como o painel da esteira permite ajustes finos de velocidade, você consegue repetir os intervalos com mais precisão do que ao ar livre.

3. Use os programas automáticos para variar estímulos e evitar a estagnação

A maioria das esteiras modernas conta com programas de treino pré-configurados, que alternam automaticamente velocidades e inclinações ao longo do tempo. Esses programas são desenhados justamente para oferecer estímulos variados que desafiam o corpo de formas diferentes — seja com tiros curtos, simulações de percurso montanhoso ou treinos em pirâmide.

Essas variações são fundamentais para evitar a estagnação fisiológica, que ocorre quando o corpo se adapta ao mesmo tipo de estímulo repetido. Além disso, os programas automáticos são uma ótima alternativa para quem sente dificuldade em montar uma rotina estruturada sozinho: bastam alguns toques no painel para transformar um treino monótono em uma sessão dinâmica e eficiente.

4. Aposte no treino progressivo para ganhar controle sobre o ritmo

Treinos progressivos, em que você começa devagar e termina forte, ajudam o corpo a desenvolver uma percepção mais refinada do esforço, chamada de pacing. Esse tipo de treino melhora o controle respiratório, o foco mental e a resistência física. Na prática, você começa caminhando ou trotando e aumenta gradualmente a velocidade a cada 5 minutos, por exemplo, até alcançar um ritmo desafiador no final.

Na esteira, esse controle é ainda mais preciso, já que você pode definir velocidades exatas e observar, minuto a minuto, como o corpo responde. Esse tipo de treino é especialmente útil para quem está se preparando para provas de 5, 10 km ou até meias-maratonas, pois ensina o corpo a poupar energia no início e sustentar o ritmo no final.

5. Treine de frente para o espelho para corrigir sua biomecânica

Pode parecer um detalhe, mas correr diante de um espelho pode fazer uma grande diferença no seu desempenho e na prevenção de lesões. Na esteira, o movimento repetitivo amplifica desequilíbrios posturais que muitas vezes passam despercebidos. O espelho permite observar — em tempo real — a posição dos ombros, o alinhamento do tronco, a amplitude dos braços e o encaixe da passada.

Ao se ver correndo, você pode corrigir vícios como inclinar demais o corpo para frente, manter os braços rígidos ou deixar o tronco "despencar" após longos minutos de treino. Uma biomecânica mais eficiente torna o movimento mais econômico, melhora a ventilação e protege as articulações.

6. Explore treinos por tempo em vez de distância

Ao contrário do treino ao ar livre, em que o foco costuma ser a distância percorrida, a esteira permite trabalhar com o tempo como variável principal. Você pode organizar sessões com blocos de tempo bem definidos — como 5, 10 ou 15 minutos — e definir metas específicas para cada etapa.

Por exemplo: 5 minutos em ritmo leve, 10 minutos em ritmo moderado, 5 minutos de sprint final.

Treinar por tempo traz benefícios como controle emocional, adaptação ao esforço contínuo e melhora do foco. Além disso, é uma forma de aproveitar melhor o treino mesmo em dias de agenda apertada: 20 minutos bem planejados na esteira podem ser mais produtivos do que 40 minutos em ritmo constante e sem propósito.

7. Use a esteira para simular treinos técnicos com total controle

A esteira oferece a oportunidade única de simular situações específicas de prova ou reforçar aspectos técnicos da corrida que nem sempre podem ser treinados com segurança na rua.

Por exemplo: treinos com mudanças bruscas de ritmo, acelerações em subida, passadas mais curtas com maior cadência ou corridas em velocidade constante por longos trechos.

Você pode até usar a esteira para ensaiar a transição entre diferentes ritmos, como acontece em provas que têm subidas, retas e descidas. E como não há interferências externas — como trânsito, vento ou obstáculos —, a resposta do corpo ao estímulo é mais fácil de observar, facilitando os ajustes necessários ao longo do ciclo de treinamento.

Fausto Fagioli Fonseca

Fausto Fagioli Fonseca

Formado em jornalismo e pós-graduado em jornalismo esportivo, atua na área de esportes e saúde desde 2008. @faustoffonseca