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6 mitos ou verdades sobre HIV e outras ISTs

Uma consulta no dia seguinte a uma relação desprotegida pode evitar o risco de contrair o HIV - iStock
Uma consulta no dia seguinte a uma relação desprotegida pode evitar o risco de contrair o HIV - iStock

Redação Publicado em 02/12/2025, às 10h00

As ISTs ou infecções sexualmente transmissíveis são condições causadas por vírus, bactérias ou outros micro-organismos e transmitidas, especialmente, através do contato sexual com outra pessoa infectada sem o uso de preservativo. 

Entre as ISTs mais conhecidas estão: sífilis, gonorreia, candidíase, tricomoníase, HPV (Papilomavírus Humano) e o HIV (vírus da imunodeficiência humana). Diante desse contexto, conheça alguns mitos e verdades sobre essas infecções: 

#1 Não é preciso se preocupar com ISTs no sexo oral 

Mito. Muitas pessoas não consideram o sexo oral como “fazer sexo” e podem ficar despreocupadas em usar proteção durante essa prática. Porém, várias ISTs têm potencial para serem transmitidas através do sexo oral, incluindo: gonorreia, clamídia, sífilis, herpes e HPV. 

Assim, o sexo oral não é uma atividade totalmente livre de riscos e, por isso, é importante comunicar sobre o seu estado de saúde e utilizar os tipos de proteção disponíveis (preservativo feminino ou masculino) na hora da prática.

#2 Dá para dizer que alguém tem uma IST só de olhar para a pessoa

Mito. Infelizmente, muita gente acredita nisso. Uma pessoa com alguma infecção sexualmente transmissível pode perfeitamente parecer saudável e não manifestar sintomas. Porém, isso não significa que ela não possa transmitir a condição. Embora o risco de transmissão seja geralmente maior quando os sintomas estão presentes, muitas ISTs ainda podem ser disseminadas na ausência de sinais - e é por isso que uma aparência saudável não substitui a comunicação, a proteção e os testes. 

#3 Não dá para se infectar pela mesma IST duas vezes

Mito. Só porque uma pessoa teve uma infecção sexualmente transmissível uma vez não significa que ela está livre de tê-la novamente. Ter se curado de uma condição, como gonorreia, clamídia ou sífilis, por exemplo, não traz imunidade – na verdade, muitas pessoas contraem a mesma infecção várias vezes e, até mesmo, da mesma pessoa. 

Se uma pessoa foi tratada para uma IST, mas a sua parceria sexual não, é possível transmiti-la de volta. Por isso é tão importante testar e, em caso de um diagnóstico positivo, tratar a infecção. Vale lembrar ainda que as ISTs virais, que são incuráveis, podem ter múltiplas cepas, ou seja, diferentes tipos de vírus, como é o caso da herpes ou do HPV.

#4 Não é preciso se preocupar com ISTs se estiver usando preservativos 

Mito. Embora os preservativos sejam uma das melhores ferramentas para proteger contra ISTs, usá-los consistentemente não garante o fim dos riscos . Herpes e HPV, às vezes, estão presentes no corpo em lugares que não são cobertos por preservativos, o que significa que ainda podem ser transmitidos durante o sexo protegido. 

As pessoas também cometem muitos erros na hora de usar o preservativo, que acabam minando seus benefícios de proteção, como esperar até depois de começar a fazer sexo para colocar preservativo e tirar o preservativo antes de terminarem a relação. Muitas, ainda, colocam os preservativos incorretamente e não inspecionam a embalagem e a data de validade, aumentando a probabilidade de falha do preservativo e de transmissão de doenças.

#5 Existe uma "pílula do dia seguinte" para o HIV

Verdade. A PEP (profilaxia pós-exposição) é como se fosse uma pílula do dia seguinte, só que, em vez de proteger contra uma gravidez indesejada, protege contra a infecção pelo HIV. Uma pessoa que se expôs ao vírus, seja através de relação sexual desprotegida ou até acidente ocupacional contendo sangue, pode procurar o serviço especializado e solicitar os medicamentos que compõem o esquema da PEP. Porém, é importante frisar: você tem até 72 horas após a exposição para iniciar o tratamento pós-exposição e os medicamentos devem ser tomados durante 28 dias.

Vale lembrar que outras ISTs também podem ser evitadas com o uso de medicamento logo após a exposição. Aliás, a DoxiPEP, estratégia que consiste no uso do antibiótico doxiciclina como profilaxia pós-exposição (PEP) tem se mostrado eficaz para a prevenção de novas infecções por clamídia e sífilis e, com menor impacto, por gonorreia. O uso da DoxiPEP pelo SUS (Sistema Único de Saúde) ainda está em estudo, com uso experimental em alguns centros. 

#6 Quem tem carga viral indetectável ainda transmite o HIV? 

Verdade. Uma pessoa com sorologia (exame do soro sanguíneo) positiva para o HIV e que faz o tratamento antirretroviral (Tarv) corretamente, será indetectável (carga viral em níveis muito baixos) em questão de tempo. Ou seja, ela diminui tanto a quantidade de vírus circulante em seu organismo que fica muito difícil encontrar o HIV no sangue e, consequentemente, o risco de transmissião é praticamente nulo. 

É importante pontuar que, mesmo seguindo o tratamento à risca, o ideal é manter o uso de camisinha, que protege contra as demais infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Portanto, mesmo com a redução a quase zero na quantidade de vírus no corpo, é fundamental manter as medidas de prevenção. 

O mais importante é se cuidar

O fato de as ISTs existirem não é uma razão para evitar ou ter medo da atividade sexual, mas sim para seguir os cuidados indicados. Atualmente, temos ferramentas eficazes disponíveis para evitá-las. Além disso, muitas são curáveis, como sífilis, gonorreia, clamídia, sem contar com as diversas (e eficazes) ferramentas para gerenciar as incuráveis.