Você provavelmente já ouviu falar sobre a Dieta Mediterrânea, famosa por seus benefícios para o coração. E, se você tem pressão alta, talvez já tenha se informado sobre a Dieta Dash, com foco na redução de sódio.
De uns tempos para cá, especialistas têm chamado atenção para um novo plano alimentar capaz de evitar o risco de uma das doenças crônicas mais temidas da atualidade. É a Dieta Mind, uma espécie de combinação entre a Dash e a Mediterrânea que tem como foco principal a saúde do cérebro, ou seja, a prevenção de quadros de demência, como o alzheimer.
Um estudo apresentado nesta segunda-feira (1º) na reunião anual da Sociedade Americana de Nutrição não só reafirmou os benefícios da Dieta Mind, como sugeriu que esse plano alimentar pode fazer efeito mesmo se for iniciado mais tarde na vida.
Pessoas de meia-idade e idosos apresentaram risco significativamente menor de desenvolver demência ao seguir essa dieta rica em folhas verdes, azeite, grãos integrais e muita fruta vermelha, segundo pesquisadores da Universidade do Havaí e do Sul da Califórnia, nos EUA.
A pesquisa é relevante, pois envolveu dados de quase 93 mil adultos norte-americanos de um projeto conhecido como Coorte Multiétnica, iniciado no começo da década de 1990, quando os participantes tinham entre 45 e 75 anos.
Com informações detalhadas sobre a alimentação desses indivíduos em mãos, os pesquisadores descobriram que pessoas com maior pontuação nas características da Dieta Mind apresentaram um risco 9% menor de desenvolver demência.
Uma redução maior no risco, de 13%, foi observada em participantes que se identificaram como negros, latinos ou brancos. Já entre asiáticos e nativos do Havaí a relação não foi tão acentuada, por razões que ainda precisam ser investigadas.
Os resultados também mostraram que quem aumentou sua aderência à Mind ao longo de dez anos (inclusive aqueles que não seguiam a dieta direito no início) teve um risco 25% menor de demência em comparação com quem deixou de aderir ao plano. Essa tendência foi observada em todas as faixas etárias e grupos raciais.
“Os resultados do nosso estudo confirmam que padrões alimentares saudáveis na meia-idade e na terceira idade e sua melhora ao longo do tempo podem prevenir o alzheimer e demências relacionadas”, disse Song-Yi Park, PhD, professora associada da Universidade do Havaí.
Isso sugere que nunca é tarde demais para adotar uma dieta saudável para prevenir a demência.”
De qualquer forma, Park alertou que, como todos os estudos observacionais, a nova pesquisa relata uma associação e não prova que a dieta previne a demência.
A Dieta do Mediterrâneo, que prioriza o consumo de peixes, frutos do mar, azeite de oliva, grãos integrais, sementes e uvas vermelhas, além de incluir pouca carne e industrializados, sempre foi a queridinha dos especialistas em nutrição e citada como referência para prevenção de doenças cardiovasculares.
A Dieta Dash também tem sido referência quando o assunto é evitar as consequências da hipertensão não tratada, que envolve o risco mais alto de infartos e derrames. Ela não é tão diferente da Mediterrânea, mas prioriza a redução do consumo de sal.
Mas não é verdade que tudo que faz bem para o sistema cardiovascular também favorece a saúde cerebral? Sim. Mas a Dieta Mind (cujo nome, em inglês, significa "Intervenção Mediterrânea-Dash para prevenção de doenças neurodegenerativas") foi projetada especificamente para a saúde cerebral.
Uma das principais diferenças da Mind em relação às que a originaram são o foco no consumo de frutas vermelhas (como morango, mirtilo, framboesa, amora e romã, por exemplo), que têm sido associadas à saúde do cérebro por sua abundância de antioxidantes.
Quando o participante consumia duas ou mais porções dessas frutas na semana (especialmente morangos e mirtilos), ele recebia 1 ponto. Já se a pessoa consumia apenas uma porção por semana, a pontuação caía para 0,5. Quem não costumava comer essas frutas ficava com 0.
Vale lembrar que, embora menos estudadas no Hemisfério Norte, frutas vermelhas mais comuns no Brasil, como açaí e pitanga, também são consideradas potências nutricionais.
Veja, a seguir, algumas sugestões práticas do que consumir e o que evitar para ter uma dieta semelhante à Mind, de acordo com um estudo publicado em 2015:
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin