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O luto pode se transformar em depressão?

O luto é um sentimento natural e todos os seres humanos vão experimentá-lo em algum momento - Arte
O luto é um sentimento natural e todos os seres humanos vão experimentá-lo em algum momento - Arte

Redação Publicado em 31/05/2022, às 17h00

“Doutor, perdi meu pai no meio do ano passado e ando muito triste e desanimada. Não consigo superar essa perda. Será que é só luto ou posso estar com depressão?”

O luto é uma resposta natural dos humanos a uma perda importante. Inevitavelmente, todos nós vamos experimentar esse sentimento em algum momento da vida. 

O luto, por si só, não é uma doença, e sim uma adequação que sofremos ao enfrentarmos a perda de alguém muito querido. Porém, quando ele começa a se prolongar demais, pode comprometer o dia a dia, a rotina, os afetos e as emoções. Assim, em algumas situações, pode se configurar em um luto prolongado ou complicado.

A Associação Americana de Psiquiatria incluiu no último Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) a categoria de luto prolongado. Apesar da inclusão, surgiram opiniões divergentes sobre o tema.

Por um lado, os especialistas a favor defendiam que, com a inserção dessa nova classificação, seria mais fácil a identificação, o tratamento e a cobertura pelos planos de saúde. Em contrapartida, outro grupo acreditava que esse tipo de luto não deveria ser incluído como uma categoria, já que isso estigmatizaria ainda mais as pessoas que estão enfrentando uma dificuldade emocional importante. 

Confira:

Como ficar alerta aos sinais do luto prolongado?

As respostas ao luto são muito individuais e dependem de vários fatores, como a história de vida da pessoa, seu funcionamento psíquico, seu grupo social e questões culturais e sociais. Os principais sinais de alerta para um quadro de luto prolongado são:

  • Ter um sentimento de luto por um tempo prolongado: algo que dure, pelo menos, de seis meses a um ano (ou até mais); 
  • Disrupção de identidade (por exemplo, sentir que parte de si morreu);
  • Sensação marcada de descrença sobre a morte;
  • Evitar lembretes de que a pessoa está morta;
  • Dor emocional intensa (por exemplo, raiva, amargura ou tristeza) relacionada à morte;
  • Dificuldade de reintegração (por exemplo, dificuldade em se envolver com amigos, em buscar interesses ou em planejar o futuro);
  • Embotamento emocional (a pessoa se fecha);
  • Sentir que a vida não tem sentido;
  • Solidão intensa (por exemplo, sentir-se sozinho ou distante dos outros).

Algumas pessoas podem desenvolver um quadro depressivo após um luto prolongado e, nessa situação, a depressão precisa ser tratada. De qualquer maneira, o ponto de partida é buscar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra.