Doutor Jairo
Ouça » Dúvida

A pílula do dia seguinte pode atrasar a menstruação?

A pílula do dia seguinte deve ser utilizada em até 72h após a relação sexual - iStock
A pílula do dia seguinte deve ser utilizada em até 72h após a relação sexual - iStock

Redação Publicado em 16/07/2022, às 12h00

“Doutor, faz dois meses que a minha menstruação não desce. Fiz teste de gravidez, deu negativo e não estou com nenhum sintoma de gestação. Só que não posso ir ao ginecologista agora. Será que esse atraso está acontecendo porque tomei muita pílula do dia seguinte?”

Realmente, o atraso menstrual é um dos principais sintomas da gravidez, porém, parece não ser esse o caso. A menstruação não descer pode acontecer pelas mais diversas causas: um quadro infeccioso, muito estresse ou um desbalanço hormonal, por exemplo. Para ter certeza, só mesmo consultando um ginecologista.

Agora, tomar uma grande quantidade de pílulas do dia seguinte pode atrapalhar o ciclo menstrual e provocar um atraso? Sim, pode! Se a mulher fez uso desse método durante alguns meses e mais de uma vez, isso pode levar a uma perda de regularidade da menstruação.

Quando e como tomar a pílula do dia seguinte?

Para evitar uma possível gravidez, a pílula do dia seguinte deve ser tomada o mais rápido possível (apesar do nome, não é preciso esperar o dia seguinte), pois a sua eficácia diminui de maneira progressiva com o passar do tempo. 

Assim, o ideal é que a pílula do dia seguinte seja tomada nas primeiras 12 ou 24 horas após a relação sexual, período que garante maior eficácia, na ordem de 95%. Mas também é possível utilizá-la em até 72 horas (ou três dias) após a relação suspeita. Se tomada depois desse prazo, no quarto ou no quinto dia após a relação, a eficácia diminui bastante e a mulher deve ficar atenta para o risco de gravidez.

Alguns estudos indicam que as taxas de eficácia das pílulas do dia seguinte podem ser um pouco mais baixas para mulheres com sobrepeso ou obesidade.

Conclusão: mesmo quando tomada de forma correta, a pílula do dia seguinte apresenta uma margem de falha e não garante 100% de proteção. Portanto, é aquela velha história: melhor prevenir do que remediar.

De acordo com o Ministério da Saúde, as principais indicações para o uso da pílula do dia seguinte são:

  • Deslocamento do diafragma;
  • Rompimento do preservativo;
  • Esquecimento prolongado do anticonceptivo oral ou atraso do injetável; 
  • Coito interrompido em que ocorre derrame do sêmen na vagina;
  • Cálculo incorreto do período fértil, erro no período de abstinência ou interpretação equivocada da temperatura basal;
  • Casos de violência sexual, quando a mulher é privada de escolha e submetida à gravidez indesejada;
  • Relação sexual desprotegida sem uso de nenhum método contraceptivo e preservativos (masculino ou feminino).

Confira:

Quais os outros efeitos colaterais?

A pílula do dia seguinte é um método conhecido por grande parte das mulheres para evitar uma gravidez indesejada. Entretanto, é um método de emergência e seu uso deve ser exceção e nunca a regra.

A pílula do dia seguinte tem de seis a 20 vezes a dose hormonal de uma pílula comum. Sendo assim, utilizá-la com frequência pode acarretar maiores problemas para além da irregularidade menstrual, como  dores de cabeça, náuseas, vômitos, desconforto no estômago e tonturas.

A recomendação, quando a mulher começa a repetir o uso da pílula do dia seguinte, é procurar um ginecologista que ofereça opções de métodos contraceptivos que deem maior segurança. As pílulas anticoncepcionais convencionais, por exemplo, contêm menores dosagens de hormônios, causam menos efeitos colaterais e são mais eficazes. Também há outras formas de administração, como adesivos, injeções ou implantes, para quem costuma esquecer de tomar a pílula.