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Ter uma boa noite de sono pode aumentar sua resposta à vacinação

Duração do sono pode reduzir ou aumentar a proteção oferecida por uma vacina - iStock
Duração do sono pode reduzir ou aumentar a proteção oferecida por uma vacina - iStock

Redação Publicado em 14/03/2023, às 16h00

Dormir bem é essencial para a saúde física e mental. E um novo estudo mostra que uma boa noite de sono ainda faz com que as pessoas produzam mais anticorpos depois de receber uma vacina, ou seja, fiquem mais protegidas contra a doença para a qual estão sendo imunizadas.

O trabalho foi publicado no periódico Current Biology esta semana.

Os autores descobriram que pessoas que dormiam menos de 6 horas por noite produziam significativamente menos anticorpos do que pessoas que dormiam 7 horas ou mais, e o déficit era equivalente a 2 meses (em termos de redução de anticorpos). Em outras palavras, quem dormia melhor ficava protegido por 60 dias a mais, em média. 

Sono e imunidade

“Um bom sono não apenas amplifica, mas também pode estender o tempo de proteção da vacina”, diz a autora sênior do estudo Eve Van Cauter, professora da Universidade de Chicago.

Quando a pandemia do Covid começou e a vacinação em massa se tornou uma prioridade internacional, Cauter e Karine Spiegel, do Instituto Nacional Francês de Saúde e Medicina, decidiram revisar o conhecimento científico sobre o efeito do sono sobre o sistema imunológico. 

A equipe vasculhou a literatura e, depois, reavaliou os resultados de sete estudos que envolviam vacinas contra influenza (gripe) e hepatites A e B, bem como a resposta, em termos de produção de anticorpos, para indivíduos que dormiam uma quantidade “normal” (7–9 horas, que é a recomendação usual para adultos saudáveis) ou que dormiam menos de 6 horas por noite.

A equipe também comparou diferenças entre homens e mulheres, bem como entre adultos com mais de 65 anos ou mais jovens.

Diferenças para mulheres e idosos

No geral, eles encontraram fortes evidências de que dormir menos de 6 horas por noite reduz a resposta imune à vacinação. Quando analisaram homens e mulheres separadamente, no entanto, o resultado foi significativo apenas para os homens. Já para as mulheres o efeito da duração do sono na produção de anticorpos foi muito mais variável, provavelmente devido à flutuação dos níveis de hormônios sexuais nas mulheres. 

O efeito negativo da privação de sono nos níveis de anticorpos também foi maior para adultos de 18 a 60 anos, em comparação com pessoas com mais de 65 anos. Isso não surpreendeu os pesquisadores, já que adultos mais velhos tendem a dormir menos, em geral.

Alguns dos estudos mediram a duração do sono diretamente, com ajuda de relógios de pulso com detecção de movimento, ou exames feitos em laboratório, enquanto outros se basearam na duração do sono auto-relatada. Em ambos os casos, dormir mal foi associado a níveis mais baixos de anticorpos, mas o efeito foi mais intenso nos estudos que usaram medidas objetivas (provavelmente porque as pessoas nem sempre estimam direito o quanto dormem).

Saber que a duração do sono afeta a imunidade após a vacinação pode dar às pessoas algum controle sobre sua saúde. Os autores observam que as variações que têm sido observadas entre quem se vacinou contra Covid mostra que indivíduos com doenças pré-existentes ficam menos protegidos, bem como obesos e homens, de maneira geral. Esses fatores não podem ser modificados, enquanto a qualidade do sono, essa sim pode ser melhorada.

Dormir e acordar sempre nos mesmos horários, desligar os eletrônicos no mínimo uma hora antes de se deitar, e ter um quarto escuro, silencioso e com temperatura confortável são medidas que podem contribuir muito para uma boa noite de sono.

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