Maioria dos brasileiros não consome a quantidade necessária, diz especialista
Tatiana Pronin Publicado em 18/10/2025, às 10h00
De uns tempos para cá, muita gente passou a se preocupar mais com o consumo de proteína, fundamental para a formação e manutenção dos músculos. Porém, às vésperas do Dia Nacional e Mundial de Combate à Osteoporose (20), você já parou para analisar se sua ingestão de cálcio está dentro do limite recomendado?
“Diversos estudos mostram que a maioria da população brasileira não atinge as recomendações diárias de cálcio”, alerta a nutricionista Iana Mizumukai de Araújo, da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso).
Um dos principais trabalhos sobre o tema é o artigo “Cálcio dietético: estratégias para otimizar o consumo”, publicado na Revista Brasileira de Reumatologia (2009). O estudo analisou dados do Brazilian Osteoporosis Study (BRAZOS), conduzido em várias regiões do país, e revelou que 90% dos brasileiros consomem apenas um terço do cálcio recomendado, cerca de 400 mg/dia, quando o ideal seria 1.200 mg. Apenas 6% da população fazia uso de suplementos.
Pesquisas mais recentes também confirmam essa deficiência: “Em adolescentes de Santa Catarina, por exemplo, a ingestão mediana foi de 540 mg/dia. Já entre crianças pré-escolares, um trabalho mostrou que 87% delas apresentavam ingestão inadequada”, cita a especialista.
Segundo as Dietary Reference Intakes (DRIs, 2020), as necessidades diárias de cálcio são as seguintes:
“O cálcio é o mineral mais abundante do corpo humano, e apenas 1% dele circula no sangue, mas essa pequena fração é vital para diversas funções metabólicas”, explica a nutricionista. Veja as principais delas abaixo:
Uma dieta rica em cálcio também é fundamental para a prevenção de fraturas provocadas pela osteoporose. De acordo com o Ministério da Saúde, 50% das mulheres e 20% dos homens com 50 anos ou mais vão sofrer com ao menos uma fratura osteoporótica ao longo da vida.
Essa perda progressiva da massa óssea não apenas envolve dores crônicas e deformidades, como também aumenta o risco de morte. Dados norte-americanos indicam que cerca de 5% dos indivíduos que apresentam fratura de quadril morrem durante a internação hospitalar; 12% morrem nos 3 meses subsequentes e 20% morrem no ano seguinte ao da fratura.
Certas condições comuns também podem favorecer o desenvolvimento da osteoporose, como a deficiência de vitamina D, o sedentarismo, a menopausa, o alcoolismo, o uso de certos medicamentos e a presença de transtornos alimentares ao longo da vida, como a anorexia nervosa.
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Os laticínios, como leite, queijos e iogurtes, são as principais fontes alimentares de cálcio e, também, as de maior biodisponibilidade, ou seja, o mineral presente nesses alimentos é mais facilmente absorvido e utilizado pelo organismo.
Além deles, vegetais verde-escuros, leguminosas e algumas sementes também contribuem para a ingestão de cálcio, embora com menor aproveitamento pelo corpo devido à presença de compostos que reduzem sua absorção. O importante é variar as fontes e incluir o cálcio ao longo do dia, já que a absorção é mais eficiente em porções fracionadas de até 500 mg de cálcio por porção.
Veja, a seguir, qual o teor de cálcio presente em alguns alimentos comuns, de acordo com a IOF (Fundação Internacional de Osteoporose, na sigla em inglês):
A nutricionista ainda ensina que alguns fatores, como combinações de nutrientes, podem fazer com que o nosso organismo absorva mais ou menos cálcio.
- Vitamina D adequada
- Lactose
- Ácido cítrico (frutas cítricas)
- Consumo fracionado ao longo do dia
- Proteínas em quantidade adequada
- Excesso de fitatos (presentes em certos grãos crus e cereais integrais não fermentados)
- Oxalatos (presente em alimentos como espinafre e beterraba)
- Cafeína e sódio em excesso
- Suplementos de ferro e zinco tomados junto com cálcio
- Dietas muito ricas em fibras insolúveis
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