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Por que os meninos não são levados ao urologista?

Meninos devem ser levados ao urologista da mesma forma que as meninas vão ao ginecologista - iStock
Meninos devem ser levados ao urologista da mesma forma que as meninas vão ao ginecologista - iStock

Redação Publicado em 31/08/2022, às 12h00

Um levantamento divulgado esta semana pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revela que o número de atendimentos de garotos de 12 a 18 anos no urologista é 18 vezes menor que as consultas de meninas da mesma faixa etária no ginecologista. A distorção mostra o quanto é preciso conscientizar pais e jovens para mudar esse cenário.

Dados do Ministério da Saúde, obtidos com exclusividade pela SBU, mostram que em 2021 foram registrados 189.943 atendimentos femininos por ginecologistas na faixa etária de 12 a 18 anos, contra 10.673 atendimentos masculinos por urologista nessa mesma faixa etária. Em 2020, foram 165.925 atendimentos femininos por ginecologistas e 7.358 atendimentos de meninos por urologistas.

Prevenção ao HPV e ao câncer

Chamar atenção para a importância da saúde íntima e da fertilidade dos homens desde cedo é o objetivo da campanha #VemProUro, que a SBU realiza neste mês de setembro pelo quinto ano consecutivo. A entidade também reforça a necessidade de se prevenir os cânceres provocados pelo vírus HPV, o que pode ser feito com a vacinação dos adolescentes.

O HPV é a principal causa de câncer de colo do útero, mas também está associado ao câncer de pênis, de boca e garganta, e também de ânus. E a infecção por esse vírus muitas vezes é assintomática, e as pessoas o transmitem muitas vezes sem saber.

Registros do Ministério da Saúde mostram que menos de 40% dos adolescentes masculinos têm as duas doses da vacina do HPV, como informa o urologista Daniel Zylbersztejn, coordenador da campanha. Ela é ofertada gratuitamente no SUS para meninas entre 9 e 14 anos, desde 2014, e meninos entre 11 e 14 anos, desde 2017.

Não sabem sequer colocar o preservativo

As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais comuns são sífilis, herpes simples, cancro mole, HPV, linfogranuloma venéreo, gonorreia, tricomoníase, hepatite B e C e HIV. Elas podem ser evitadas, em grande parte, pelo uso consistente de preservativo.

Porém, uma pesquisa da SBU feita em 2020 constatou que que 44% dos entrevistados não usaram preservativo na primeira relação sexual e 35% não usam ou usam raramente o preservativo. Já 38,57% dos meninos disseram não saber sequer colocar o preservativo.

A entidade também cita pesquisa divulgada pelo IBGE, em julho passado, indicando que a educação sexual do jovem no país está deficitária. Os dados mostram que de 2009 a 2019 o percentual de escolares que usaram camisinha na última relação sexual caiu de 72,5% para 59%. Entre as meninas, a queda foi de 69,1% para 53,5% enquanto entre os meninos, de 74,1% para 62,8%.

É uma geração que não teve o mesmo acesso a informações e ao medo da Aids como seus pais. Mas, apesar de o HIV ser uma infecção que pode ser controlada, a importância do uso do preservativo continua a mesma, inclusive porque outras infecções, como sífilis e gonorreia, têm se tornado cada vez mais presentes em todo o mundo.

É na conversa com o urologista, desde cedo, que os garotos podem tirar dúvidas, aprender sobre a prevenção, e identificar infecções e outros problemas o mais cedo possível. 

Serviço:

Ao longo do mês de setembro a SBU vai realizar ações on-line de esclarecimento como lives e vídeos no seu perfil nas redes sociais do Portal da Urologia (@portaldaurologia). Também haverá palestras on-line de urologistas em escolas para adolescentes. E em seu site (www.portaldaurologia.org.br) conteúdo com temas voltados para os adolescentes.

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