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Por que a monogamia funciona para algumas pessoas e não para outras?

Monogamia é uma forma de relacionamento em que a pessoa tem apenas uma parceria (sexual ou romântica) - iStock
Monogamia é uma forma de relacionamento em que a pessoa tem apenas uma parceria (sexual ou romântica) - iStock

Redação Publicado em 13/08/2021, às 17h12

De acordo com um novo estudo publicado no Archives of Sexual Behavior, o estilo de relacionamento de uma pessoa (monogâmico ou não monogâmico) está associado com a forma como o seu cérebro “se conecta”.

A pesquisa contou com 20 homens classificados como heterossexuais e que foram submetidos a exames cerebrais enquanto olhavam para diferentes tipos de imagens. 

Algumas eram de cunho sexual, retratando casais engajados em relações com penetração, enquanto outras eram mais românticas e mostravam homens e mulheres vestidos em momentos sem intimidade sexual. Além disso, outras imagens eram neutras e representavam cenas da natureza ou pessoas envolvidas em atividades cotidianas. 

Monogâmicos vs. Não monogâmicos

Metade dos participantes revelou ser “altamente monogâmica”, isto é, nunca teve uma relação sexualmente aberta ou cometeu algum tipo de infidelidade. Eles também relataram ter um número menor do que a média de parceiros sexuais ao longo da vida e disseram que raramente tinham fantasias com outra pessoa além da sua parceria. 

A outra parte se rotulou como “altamente não monogâmica”, contando já ter tido alguma experiência com relacionamentos sexualmente abertos e traição. Essa parcela revelou ainda um número maior do que a média de parceiros sexuais em sua vida e ter preferência por se relacionar com múltiplas pessoas ao mesmo tempo. 

Conexões no cérebro

Os resultados mostraram que, independentemente da orientação de relacionamento de cada um, todos os homens tiveram uma ativação substancial das vias de recompensa do cérebro quando expostos às imagens de cunho sexual. Em outras palavras – e sem surpresas – quase todos acharam as fotos “satisfatórias”. 

Em contrapartida, os homens monogâmicos apresentaram uma ativação substancialmente maior do sistema de recompensa em resposta a imagens românticas. Assim, as regiões cerebrais ativadas enquanto eles estavam vendo esse tipo de foto eram, em grande parte, as mesmas conectadas quando estavam observando as de sexo.

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Portanto, os homens monogâmicos parecem processar as imagens românticas e sexuais de forma semelhante, achando ambos os tipos muito “gratificantes” e “satisfatórios”. 

Já para os homens não monogâmicos os resultados foram distintos. Ao contrário do observado no outro grupo – que apenas mostrou uma resposta geral de recompensa às imagens românticas –, os não monogâmicos tinham regiões cerebrais ativas que estavam envolvidas no processamento cognitivo de maior ordem, sugerindo que eles estavam estudando e pensando sobre as fotos. 

Existem outras possibilidades

Os achados indicam a possibilidade de que diferentes pessoas possam estar dispostas a estilos de relacionamento distintos com base na forma como os seus cérebros são “conectados”. Ou seja, talvez as tendências à monogamia ou não monogamia estejam enraizadas na estrutura cerebral. 

Porém, também existem outras hipóteses. Por exemplo, possivelmente, ter mais prática ou experiência com a monogamia “religa” o cérebro e, portanto, o que foi observado na pesquisa seria apenas o resultado e não a causa do fato. 

Por isso, segundo os pesquisadores, mais estudos são necessários para explorar esse fenômeno e também replicar os achados em amostras maiores e mais diversas. 

Embora sejam resultados preliminares, para a equipe, eles sugerem a possibilidade de existir uma orientação de relacionamento ligada ao cérebro, o que significa que pessoas diferentes podem estar predispostas a múltiplos estilos de relação

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