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Está sobrecarregado? Procure tomar mais água!

Não espere a sede chegar: tomar água pode melhorar sua resposta ao estresse - iStock
Não espere a sede chegar: tomar água pode melhorar sua resposta ao estresse - iStock

Redação Publicado em 26/09/2025, às 10h00

Você está com excesso de trabalho e tem um monte de tarefas para entregar num prazo apertado? Então é bom manter uma garrafinha de água à mão. Segundo pesquisadores, uma hidratação insuficiente pode aumentar nossa tendência a ter problemas de saúde relacionados ao estresse.

O estudo, feito por uma equipe da Universidade Liverpool John Moores, no Reino Unido, mostra que quem ingere menos líquidos do que o recomendado por dia apresenta uma resposta hormonal ao estresse mais elevada. E isso está associado ao risco maior de doenças cardíacas, diabetes e depressão. Os resultados foram publicados no periódico Journal of Applied Physiology.

Quanto é pouco?

Cada indivíduo tem uma necessidade de ingestão de água diferente. Isso depende da idade, do nível de atividade física, da alimentação e de vários outros fatores. Mas, de forma geral, os especialistas recomendam que as pessoas tomem ao menos quatro ou cinco copos de água e outros líquidos ao dia.

No entanto, o estudo mostrou que ingerir menos de 1,5 litro por dia, o que equivale a sete xícaras de chá, levou a uma resposta de cortisol ao estresse mais de 50% maior do que aqueles que bebiam certa de 2 ou 2,5 litros ao dia.

O líder do estudo, professor Neil Walsh, fisiologista da Escola de Ciências do Esporte e Exercício, explica que o cortisol é o principal hormônio do estresse no nosso corpo. Uma reatividade exagerada do cortisol ao estresse pode levar a consequências negativas à saúde. Veja o que ele diz:

Se você sabe que tem um prazo apertado ou uma apresentação para fazer, manter uma garrafa de água por perto pode ser um bom hábito, com benefícios potenciais para sua saúde a longo prazo.”

Alta e baixa ingestão 

A equipe dividiu um grupo de adultos jovens saudáveis em dois grupos com mesmo tamanho, de acordo com a ingestão diária de líquidos (água, chá, café, suco e outros).

O grupo de “baixa ingestão” incluía pessoas que consumiam menos de 1,5 litro. Já o grupo de “alta ingestão” costumava ingerir a recomendação diária, que é de 2 litros para mulheres e 2,5 litros para homens.

Ambos os grupos foram equilibrados em relação a fatores que são conhecidos por influenciar a resposta ao estresse, como características psicológicas e qualidade do sono.

Estresse simulado

Ao longo de uma semana, os participantes mantiveram seus hábitos normais de consumo de líquidos. Nesse período, eles tiveram seus níveis de hidratação monitorados com exames de sangue e de urina.

Além disso, realizaram o chamado Teste de Estresse Social de Trier, uma ferramenta que costuma ser usada para medir o estresse por meio de uma entrevista de emprego simulada e uma conta de matemática que precisa ser feita de cabeça.

Ambos os grupos se sentiram igualmente ansiosos e apresentaram aumentos semelhantes na frequência cardíaca durante o teste de estresse. No entanto, apenas o grupo de ‘baixa ingestão’ mostrou um aumento significativo no cortisol presente na saliva em resposta ao teste.

Sede nem sempre aparece

Embora o grupo de baixa ingestão não tenha relatado sentir mais sede do que o grupo de alta ingestão, eles apresentaram urina mais escura e concentrada, que são sinais claros de má hidratação.

Uma observação importante foi que a hidratação inadequada esteve associada a uma maior reatividade do cortisol ao estresse, o que, como já foi relatado, tem sido ligado a problemas de saúde.

Qual o papel da desidratação?

Nosso organismo possui um sistema de regulação de água, que está intimamente ligado ao centro de resposta ao estresse do cérebro. Quando o organismo percebe a desidratação, seja por ingestão insuficiente de líquidos ou por perda excessiva (pelo suor, por exemplo), ele desencadeia a liberação de um hormônio chamado vasopressina.

A vasopressina atua principalmente nos rins, promovendo a reabsorção de água para manter o volume sanguíneo e o equilíbrio de eletrólitos. Esse mecanismo de conservação, porém, tem um custo elevado: a liberação sustentada de vasopressina coloca uma carga adicional sobre os rins, que precisam trabalhar mais para concentrar a urina e controlar o equilíbrio eletrolítico.

A vasopressina também age no centro de resposta ao estresse do cérebro, o hipotálamo, onde pode influenciar a liberação de cortisol. Esse papel duplo ajuda a manter o volume sanguíneo e o equilíbrio de eletrólitos, mas também aumenta os níveis de cortisol.

Os pesquisadores afirmam que, embora sejam necessários mais estudos de longo prazo, os resultados reforçam as recomendações atuais de ingestão diária de água — aproximadamente 2 litros de líquidos por dia para mulheres e 2,5 litros para homens.

Mantenha-se hidratado

De acordo com os pesquisadores, estar hidratado pode ajudar nosso corpo a lidar com o estresse de forma mais eficaz.

Uma maneira prática de verificar o estado de hidratação é observar a cor do seu xixi: o amarelo-claro normalmente indica boa hidratação. Se estiver mais escuro, é porque você precisa aumentar a ingestão de água.

É bom saber que o café é um líquido, mas a cafeína presente na bebida age como diurético, ou seja, faz as pessoas fazerem mais xixi e perderem mais água. Por isso é bom manter sempre uma garrafinha de água por perto, ao longo do dia, principalmente se você abusa do cafezinho.