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Esquizofrenia: estudo reforça ideia de possível origem autoimune

Alguns estudos têm indicado que é possível haver uma origem autoimune em parte dos casos - iStock
Alguns estudos têm indicado que é possível haver uma origem autoimune em parte dos casos - iStock

Redação Publicado em 06/06/2022, às 15h00

Mais um estudo reforça a hipótese, ainda preliminar, de que alguns casos de esquizofrenia sejam resultado de um processo autoimune – quando o organismo confunde alguma estrutura própria com um vírus ou bactéria e passa a atacá-la.

A esquizofrenia é um transtorno mental de difícil tratamento, já que existem causas e sintomas diferentes. Além disso, muitos pacientes não apresentam melhora com os medicamentos disponíveis. Alguns estudos recentes têm indicado que, ao menos para parte dos casos, é possível que exista uma origem autoimune.

Corpo contra o cérebro

Pesquisadores da Universidade Médica e Odontológica de Tóquio resolveram analisar essa hipótese e, para isso, optaram por se concentrar em uma molécula chamada NCAM1, que ajuda as células do cérebro a se comunicarem umas com as outras por meio de conexões conhecidas como sinapses. Estudos anteriores sugeriram que essa molécula pode ter papel na esquizofrenia, por isso esse foi o alvo. 

A equipe, então, foi atrás de autoanticorpos, ou seja, proteínas produzidas pelo sistema imunológico para combater a molécula analisada. Eles selecionaram 200 pessoas saudáveis e outras 200 com esquizofrenia, mas encontraram autoanticorpos contra a NCAM1 em apenas 12 pacientes com esquizofrenia – isso talvez indique uma relação para apenas parte dos pacientes. 

Mas o que impressionou a equipe foi o que aconteceu depois. Eles purificaram os autoanticorpos e os injetaram no cérebro de camundongos. E não é que as cobaias tiveram mudanças no comportamento e sinapses muito parecidas com as observadas em humanos com esquizofrenia? Os resultados foram publicados no periódico Cell Reports Medicine

Confira:

Outros estudos

Para a equipe, se estudos futuros comprovarem a origem autoimune de ao menos parte dos casos de esquizofrenia, é possível que haja um avanço importante na busca por novos tratamentos.

Em 2020, pesquisadores da Universidade de Manchester, no Reino Unido, apresentaram resultados positivos com o uso de metotrexato, um medicamento utilizado em condições autoimunes como a artrite reumatoide, em pessoas com esquizofrenia. Em artigo publicado no Journal of Translational Psychiatry, eles também afirmaram que é importante que outros estudos sejam feitos para confirmar a hipótese. 

Segundo dados da Organização Pan-Americana de Saúde, cerca de 23 milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas pela esquizofrenia, e no Brasil esse número chega a dois milhões. Dados da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Pessoas com Esquizofrenia (Abre), por sua vez, estimam que 0,7% da população brasileira seja acometida com a doença.

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