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Reserva cognitiva: por que é importante exercitar o cérebro

Nossas funções cognitivas (de atenção, raciocínio, aprendizado e memória) devem ser estimuladas sempre - iStock
Nossas funções cognitivas (de atenção, raciocínio, aprendizado e memória) devem ser estimuladas sempre - iStock

Assim como é preciso guardar algum dinheiro todo mês para garantir o sustento durante a aposentadoria, planejar o futuro envolve não apenas manter ossos e músculos fortes, fazer as consultas e exames médicos de rotina e se alimentar bem. É preciso, também, exercitar o cérebro e, assim, cuidar da sua reserva cognitiva. 

Cada vez mais estudos têm mostrado que nossas funções cognitivas (de atenção, raciocínio, aprendizado e memória) devem ser estimuladas a vida inteira. Ainda que as pessoas não ganhem novos neurônios com o passar da idade, essas células mantêm sua capacidade fazer novas conexões, o que os especialistas chamam de “neuroplasticidade”.

Ginástica para o cérebro

A chamada “estimulação cognitiva” não apenas ajuda as pessoas a manterem a mente afiada por mais tempo, como também funciona como fator de proteção para os diferentes tipos de demência que podem surgir a partir dos 50 anos, como o Alzheimer (que é o tipo mais comum, mas não o único).

Segundo as psicólogas Denise Brasil, Aline de Lucena e Marcela Nogueira, que fazem parte do Chronos, um centro voltado para a estimulação cognitiva no Rio de Janeiro, manter a mente ativa é fundamental para a saúde e o bem-estar.

Elas explicam que, de maneira geral, quando somos jovens e estudamos, nosso cérebro tende a receber e processar mais informações. Porém, com o avanço da idade e a redução dos estímulos, o cérebro entra em uma "zona de conforto", e pode ter suas funções retraídas.

Veja outras maneiras de trabalhar sua reserva cognitiva:

1. Busque estímulos à mente

Fazer palavras cruzadas virou uma espécie de símbolo de como exercitar o cérebro, mas, segundo as psicólogas, é preciso ir muito além, com atividades variadas que exercitem a memória, a percepção, a atenção, a linguagem e o raciocínio, ou seja, as funções cognitivas. Isso inclui se divertir com diferentes tipos de jogos e passatempos, bem como participar de grupos de leitura ou para discutir filmes. 

2. Cultive relacionamentos

Outro exercício fundamental para a saúde do cérebro é cultivar conexões sociais. Nascemos para viver em grupo, e o isolamento traz consequências negativas para a saúde e as emoções, além de tornar a vida menos interessante. Se estiver difícil conhecer gente nova, procure fazer um curso. 

3. Aprenda uma habilidade nova

Aprender uma nova habilidade não é apenas divertido e interessante, mas também pode ajudar a fortalecer as conexões em seu cérebro. Inclusive, uma pesquisa já mostrou que conhecer algo novo pode ajudar a melhorar a função da memória em idosos.

4. Ensine algo a alguém

Além disso, uma das melhores maneiras de expandir o aprendizado é ensinar uma habilidade a outra pessoa. Portanto, depois de aprender algo novo, é essencial praticar. Mostrar e ensinar isso requer que expliquemos o conceito e corrijamos erros que possam surgir. 

5. Movimente-se sempre

A prática regular de exercícios físicos também oxigena o cérebro e melhora muito funções como atenção, memória e capacidade de aprendizado.  Exercícios aeróbicos como caminhar, correr ou fazer jardinagem podem ajudar o hipocampo do cérebro – a parte que está ligada à memória e ao aprendizado – a crescer. Além disso, favorece o fluxo sanguíneo nesse órgão vital.

6. Cuide bem do seu sono

Há evidências cada vez maiores de que pessoas com sono de má qualidade na meia idade têm um risco aumentado de desenvolver Alzheimer no futuro. A lógica por trás disso é que o sono, especialmente o sono profundo, tem um papel fundamental na limpeza dos resíduos cerebrais produzidos ao longo do dia, entre eles a proteína beta-amiloide, associada à condição. Por isso é importante ter atenção à qualidade do seu sono e, se necessário, procurar ajuda médica se dormir bem estiver difícil. 

Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin