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Você faz palavras cruzadas? Veja 3 benefícios dessa prática

Um exercício de palavras cruzadas bem projetado envolverá várias regiões do cérebro - iStock
Um exercício de palavras cruzadas bem projetado envolverá várias regiões do cérebro - iStock

Um estudo publicado no NEJM Evidence mostrou que pessoas com problemas leves de memória que fizeram palavras cruzadas apresentaram melhora na cognição e experimentaram um menor encolhimento cerebral. A comparação foi feita com pessoas que jogaram jogos cognitivos on-line. 

Os participantes desta pesquisa – que teve uma duração de 18 meses – tinham entre 62 e 80 anos de idade. Todos conviviam com um comprometimento cognitivo leve, ou seja, pensamento e memória foram prejudicados em comparação com adultos da mesma faixa etária saudáveis. Além disso, a maioria tinha educação de nível superior. 

Como as palavras cruzadas podem beneficiar o cérebro?

Os participantes foram aleatoriamente orientados para um grupo que resolveu palavras cruzadas on-line ou outro que jogou jogos cognitivos on-line focados na memória, velocidade de processamento e função executiva. Cada grupo completou sessões de 30 minutos quatro vezes por semana durante 12 semanas. Eles também se envolveram em várias sessões de reforço mais curtas.

Em comparação com o desempenho inicial em uma escala de 70 pontos, as palavras cruzadas melhoraram a cognição dos participantes em cerca de um ponto no período de 12 semanas e em aproximadamente de meio ponto no período de 78 semanas.

Isso pode não parecer muito, mas os pesquisadores explicam que a aprovação da FDA (Food and Drug Administration) para medicamentos que melhoram o pensamento e a memória em pessoas com doença de Alzheimer, por exemplo, foi baseada em uma diferença de dois pontos nessa escala.

De fato, 37% daqueles que fizeram palavras cruzadas mostraram pelo menos uma melhoria de dois pontos, o que significa que essa atividade pode contribuir para o pensamento e a memória quase tanto quanto um medicamento.

Os resultados revelaram ainda que cerca de metade das pessoas com comprometimento cognitivo leve mostraram declínios no pensamento e na memória ao longo do tempo. Então, segundo os pesquisadores, mostrar sinais de melhora na cognição em 12 e 78 semanas é bastante impressionante.

Além disso, tanto em indivíduos com comprometimento cognitivo leve quanto naqueles que envelhecem normalmente, o cérebro tende a encolher. Em uma comparação entre o grupo dos jogos on-line e o das palavras cruzadas, a última atividade resultou entre 0,5% e 1% menos encolhimento do hipocampo (responsável por lembrar episódios da nossa vida) e do córtex (onde nosso pensamento acontece) ao longo do estudo.  

Confira:

Qual a quantidade necessária de palavras cruzadas?

O protocolo do estudo revela que os participantes foram convidados a trabalhar em palavras cruzadas quatro vezes por semana, durante 30 minutos por sessão. Elas foram projetadas para serem moderadamente difíceis.

Por que fazer palavra cruzada é benéfico?

Segundo um artigo da Harvard Health Publishing, existem várias razões pelas quais inserir o hábito de fazer palavras cruzadas na rotina pode melhorar o pensamento e a memória e, até mesmo, retardar o encolhimento do cérebro. Veja só:

  1. Fazer palavras cruzadas é difícil, e muitos estudos mostraram que a realização de tarefas cognitivas moderadamente difíceis é útil para a saúde cognitiva e cerebral;
  2. Um exercício de palavras cruzadas bem projetado envolverá várias regiões do cérebro em sua busca pela palavra certa. Além disso, as pistas para resolvê-la, muitas vezes, forçam a pessoa a vincular conceitos que ela não tinha imaginado. Essas características significam que palavras cruzadas fazem com que grandes áreas do córtex estejam ativas e estimulem novas conexões no cérebro. O hipocampo então se lembrará dessas novas conexões, fortalecendo tanto ele mesmo quanto o córtex.
  3. Palavras cruzadas são geralmente uma atividade social. A pessoa com a caneta (ou tablet) na mão normalmente lê as pistas, e todos ao redor tentam ajudar com as melhores respostas. As atividades sociais têm sido relacionadas a uma melhor conectividade entre diferentes partes do cérebro.

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Milena Alvarez

Milena Alvarez

Caiçara e jornalista de saúde há quatro anos. Tem interesse por assuntos relacionados a comportamento, saúde mental, saúde da mulher e maternidade. @milenaralvarez