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Personalidade pode envelhecer ou proteger o cérebro, diz pesquisa

A demência é caracterizada pela perda da capacidade de lembrar, pensar ou tomar decisões cotidianas - iStock
A demência é caracterizada pela perda da capacidade de lembrar, pensar ou tomar decisões cotidianas - iStock

Redação Publicado em 13/04/2022, às 14h00

Um novo estudo publicado no Journal of Personality and Social Psychology revelou que certos traços de personalidade podem ser um ponto-chave para saber se as pessoas têm maiores riscos de desenvolverem um leve comprometimento cognitivo mais tarde na vida. 

Segundo os achados, ser mais consciente e extrovertido mantém o prejuízo cognitivo longe por mais tempo, enquanto ter níveis mais elevados de neuroticismo aumenta as chances de algum declínio cognitivo. 

Os pesquisadores explicaram que os traços de personalidade refletem padrões relativamente duradouros de pensar e de se comportar, o que pode causar comportamentos saudáveis ou insalubres. 

Assim, o acúmulo de experiências ao decorrer do tempo pode contribuir para a maior vulnerabilidade a determinadas doenças e transtornos, como prejuízo cognitivo leve, ou  contribuir para diferenças individuais na capacidade de suportar alterações neurológicas relacionadas à idade. 

Entretanto, os autores ressaltam que não é tão simples assim saber o que é “a galinha ou o ovo”. Traços específicos de personalidade podem aumentar o risco devido a uma vida inteira de comportamentos que predispõem o desenvolvimento de declínio cognitivo ou doença de Alzheimer, mas também simplesmente pode existir um papel biológico direto relacionado à doença. 

Quais são os principais traços de personalidade?

A pesquisa analisou personalidades de quase duas mil pessoas na região de Chicago (Estados Unidos) desde 1997. Foi analisado o papel de três traços-chave de personalidade: consciência, extroversão e neurose sobre como as pessoas resistiram ao declínio cognitivo na vida posterior.

Neuroticismo é um traço de personalidade que afeta o quão bem uma pessoa lida com o estresse. Pessoas neuróticas abordam a vida em um estado de ansiedade, raiva e autoconsciência e, muitas vezes, veem pequenas frustrações como aflitivas ou ameaçadoras.

Já as pessoas conscientes tendem a ter altos níveis de autodisciplina, são organizadas e direcionadas a objetivos, enquanto os extrovertidos são entusiasmados com a vida e muitas vezes assertivos.

Confira:

Redução de risco

Os indivíduos que apresentaram pontuações maiores em consciência ou baixa pontuação em neurose tiveram significativamente menos chances de desenvolverem um comprometimento cognitivo leve

Cada seis pontos adicionais que uma pessoa marcou em uma escala de consciência estavam associados a uma redução de 22% do risco de transição do funcionamento cognitivo normal para o prejuízo cognitivo leve.

Além disso, ser mais extrovertido e socialmente engajado parecia oferecer um ano adicional de vida livre de demência, bem como também aumentou a capacidade de uma pessoa de recuperar a função cognitiva normal após receber um diagnóstico prévio de comprometimento cognitivo leve. 

No entanto, à medida que os níveis de neurose aumentavam, o risco de transição para o declínio cognitivo também subia: cada sete pontos adicionais na escala estavam associados a um risco 12% maior, o que pode se traduzir em perder, pelo menos, um ano de cognição saudável.

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