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Câncer colorretal: dieta e exercício aumentam sobrevida

Vegetais como folhas verdes são exemplos de alimentos antioxidantes - iStock
Vegetais como folhas verdes são exemplos de alimentos antioxidantes - iStock

Terceira causa mais frequente de morte por neoplasias no país, o câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino, é associado a uma série de fatores causais diferentes, incluindo dieta, microbioma intestinal, ambiente e genética.

Mas dois estudos comentados no evento anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês) trazem boas notícias para quem é acometido pela doença. Um deles mostra que a prática de exercícios regulares podem melhorar as taxas de sobrevivência de pacientes com câncer colorretal. Além disso, seguir uma dieta com componentes anti-inflamatórios também está associado a uma sobrevida maior.

Viver mais e melhor

“Os dois estudos são recentes e constituem evidências importantes de que adicionar práticas saudáveis na rotina durante e após o tratamento do câncer pode ajudar a reduzir o risco de recorrência, melhorar a qualidade de vida e ainda viver mais e melhor”, explica Ramon Andrade de Mello, oncologista do Centro Médico Paulista High Clinic Brazil e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia.

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, em 2023-2025, haverá cerca de 45 mil casos novos de câncer colorretal por ano no Brasil. A incidência desse câncer é maior nas regiões Sudeste e Sul.

Atividade física regular

O primeiro estudo, publicado no New England Journal of Medicine e apresentado na conferência da Asco (American Society of Clinical Oncology) no começo de junho, acompanhou 889 pacientes entre 2009 e 2024, todos com câncer de cólon e que haviam concluído a quimioterapia.

“Metade recebeu um livreto informativo que os incentivava a adotar um estilo de vida saudável com boa nutrição e exercícios; a outra metade também foi acompanhada por um consultor de atividade física por três anos”, explica o médico.

Os dados mostram, segundo o oncologista, que a atividade física deve ser tratada como parte fundamental do tratamento:

O programa de exercícios evitou que 1 em cada 16 pacientes desenvolvesse câncer recorrente ou novo. Além disso, o estudo mostrou uma taxa de sobrevida livre de doença em cinco anos de 80% para o grupo com um consultor de exercícios, em comparação com 74% para o grupo que apenas recebeu o livreto.”

Quando iniciar a atividade física, segundo o médico, é algo que depende da condição de cada paciente, mas, em geral, pode ser durante o tratamento quimioterápico ou logo após o térmico do tratamento.

Alimentos anti-inflamatórios

Outro estudo recente, publicado no começo de junho no Journal of Clinical Oncology e também apresentado na conferência da Asco, mostrou que adicionar componentes anti-inflamatórios na dieta também aumentam a sobrevida em pacientes com câncer colorretal.

“Café, chá e vegetais como folhas verdes foram alguns dos alimentos inseridos na dieta. Eles contêm polifenóis, compostos antioxidantes com benefícios de modulação da inflamação para a saúde. O grupo que consumiu esses alimentos e praticou níveis mais altos de atividade física teve um risco 63% menor de morte em comparação aos pacientes que consumiram dietas com padrão menos natural e mais inflamatório, com mais carne vermelha, carne processada, grãos refinados e bebidas adoçadas com açúcar”, diz o médico.

O consumo de vegetais também é indicado como prevenção desse tipo de câncer. “Sabemos que as fibras exercem um papel protetor para o intestino, principalmente na prevenção do câncer de cólon e de reto. Recomendamos que o consumo diário de fibras fique entre 25 a 35g/dia, o que pode ser conseguido com uma alimentação equilibrada e balanceada, com cereais, tubérculos, raízes, frutas, legumes e verduras”, diz o oncologista.

Diagnóstico em adultos mais jovens

Os diagnósticos de câncer colorretal têm aumentado entre adultos mais jovens, muito por conta de hábitos pouco saudáveis. “O câncer de intestino é realmente associado ao ambiente, dieta, estilo de vida, produtos químicos presentes nos alimentos e vai além da genética. Por isso, estudos como esses são extremamente importantes para refletirmos sobre como nossa dieta e estilo de vida impactam não apenas o risco de desenvolver esse tipo de câncer, mas também como as pessoas se saem depois dele”, finaliza.

Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin