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3 coisas que o filme RED ensina sobre a adolescência

Mei Lee precisa aprender a lidar com as suas emoções e com todos os desafios da puberdade - Divulgação/ Disney
Mei Lee precisa aprender a lidar com as suas emoções e com todos os desafios da puberdade - Divulgação/ Disney

Milena Alvarez Publicado em 19/04/2022, às 15h00

As animações da Disney não costumam dar “um ponto sem nó” e chegam aos olhos do público com mensagens e reflexões importantes. Este ano foi a vez de “RED: Crescer é uma fera”trazer à tona uma das fases mais desafiadoras da vida: a adolescência.

O longa conta a história de Mei Lee, uma pré-adolescente de 13 anos que precisa aprender a lidar com o fato de se transformar em um panda-vermelho gigante, além de enfrentar todas as transformações típicas da adolescência. A protagonista se vê dividida entre a filha que sempre foi e a sua nova personalidade. Qual caminho seguir?

Por isso, trouxemos três coisas que o filme pode nos ensinar sobre transformações, desafios, emoções, coragem e tudo o que envolve ser uma adolescente. 

1. Crescer é sinônimo de mudanças

Certa manhã, Mei Lee desperta em seu quarto metamorfoseada em um panda-vermelho enorme. Em um primeiro momento, a palavra “panda” pode nos remeter a imagens de animais “fofinhos”, porém, não é essa a descrição que a protagonista utiliza quando se olha no espelho e nota a transformação que sofreu. 

Mei se descreve como um panda-vermelho "monstruoso", “peludo”, “desastrado”, “fedorento” e “esquisito”. Além disso, ao perceber a metamorfose, ela entra em choque e dá um grito desesperado dentro do banheiro, fazendo a sua mãe, Ming Lee, pensar que a filha “virou mocinha”, ou seja, teve a primeira menstruação.

Essas cenas funcionam como uma metáfora para as inúmeras transformações – físicas, comportamentais e emocionais – provocadas pela chegada da puberdade. Segundo Jairo Bouer, a adolescência realmente é uma fase cheia de novos desafios porque se trata de um momento de transição:

Você sai de um lugar mais protegido, com situações e limites que são bem conhecidos, para um momento de vida novo, em que o jovem está buscando liberdade e autonomia. Essa mudança comportamental também vem junto com a física, com alterações corporais. A menina, muitas vezes, não se reconhece, começa o aparecimento de pelos, das mamas e elas crescem se sentindo desproporcionais, ou seja, com a sensação de que os braços e as pernas cresceram mais rápido do que o resto do corpo. Tudo isso mexe profundamente com a autoestima dos mais jovens”, explica.

Assista o trailer oficial: 

2. Cuidar da saúde mental é importante 

Toda vez que Mei Lee não consegue lidar com as suas emoções, ela acaba se transformando no panda-vermelho. Assim, durante boa parte do filme, ela busca aprender como conter a raiva, a tristeza, o medo e a ansiedade para, dessa forma, evitar que a sua “monstruosa” metamorfose ocorra. 

Essa situação mostra que todas as nossas emoções podem – e devem – ser sentidas. No início, a protagonista vive um conflito interno reprimindo o seu “lado fera” mas, com o tempo, ela aprende que, em vez de lutar para controlar ou evitar um sentimento, o mais importante é saber o que fazer com ele. 

Para Jairo, cuidar da saúde mental e aprender a lidar melhor com as emoções é fundamental em qualquer momento da vida, mas é especialmente necessário em fases de mudanças, como a adolescência. 

Na vida adulta, quando ocorre uma transformação, você, geralmente, tem mais experiência de vida, consegue mensurar melhorar as emoções e cuidar da sua saúde mental. Porém, nessa transição da infância para a adolescência, até porque a pessoa vem de um período muito protegido para uma fase em que está se libertando sem conhecer ao certo os novos caminhos e desafios, essas mudanças são particularmente mais difíceis”. 

O psiquiatra pontua ainda que não é à toa que, atualmente, os adolescentes apresentem tantas questões de saúde mental e uma dificuldade de lidar com as emoções. Mesmo que as tecnologias e as redes sociais ofereçam tantas possibilidades e experiências pessoais, podem deixar a pessoa ainda mais perdida e mais exposta à avaliação dos outros.

Confira:

3. Seja quem você é! 

Mei Lee parece ser duas pessoas completamente diferentes. Em algumas cenas, a protagonista aparece saltitando confiante pelas ruas de Toronto (Canadá). Mesmo sendo zoada por colegas, ela não tem nenhuma vergonha de ser “nerd” e diz para quem quiser ouvir que ama estudar, se orgulhando de cada nota máxima. 

O grande desafio para Mei está dentro da sua própria casa. Com uma mãe superprotetora, a pré-adolescente tem tanto medo de decepcioná-la e não atingir as suas expectativas que deixa de ser quem realmente é (ou quem está se transformando). 

Seus gostos, como o amor pela boy band do momento, a 4-Town, não são compartilhados por puro medo. Mei Lee vive uma vida dupla: é contida do lado de dentro e expansiva, corajosa e confiante da porta para fora. 

Jairo explica que é natural os pais protegerem seus filhos, especialmente quando ainda são pequenos. Mas é preciso tomar cuidado para não exagerar e impedir que eles saiam do ninho e voem:

Na infância, a preocupação, os cuidados e a atenção são muito maiores. Mas os pais precisam aprender a dar um pouco mais de liberdade, garantirem autonomia e esse processo de transformação e descoberta para a criança aos poucos, à medida que eles sentem que ela vai adquirindo maturidade. É fundamental dar espaço para que ela consiga achar o seu lugar no mundo. Se você superprotege, pode acabar atrasando ou dificultando esse movimento de mudança”, enfatiza.   

Ao decorrer do filme, Mei precisa buscar a sua própria personalidade e não apenas aqueles traços que agradam e cumprem as expectativas de sua mãe: quem é ela? Quais são seus sonhos e seus verdadeiros desejos? 

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