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Um terço dos jovens procura ajuda emocional na internet; isso é seguro?

A internet oferece suporte emocional ao mesmo tempo que pode ser uma fonte de sofrimentos - iStock
A internet oferece suporte emocional ao mesmo tempo que pode ser uma fonte de sofrimentos - iStock

Redação Publicado em 22/08/2022, às 14h00

Um estudo divulgado recentemente pela Folha de S.Paulo mostrou que um terço das crianças e adolescentes brasileiros já buscou na internet algum tipo de ajuda emocional. Esse é um comportamento ainda mais comum entre as meninas e jovens de 15 a 17 anos. 

Os dados são do TIC Kids Online Brasil, que analisa o comportamento digital dos jovens no Brasil anualmente desde 2012. Foram feitas mais de 2.600 entrevistas presenciais, com base na amostragem populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre outubro de 2021 e março de 2022.

Segundo os resultados, 32% das crianças e adolescentes recorrem à internet quando acontece algo ruim ou para falarem sobre suas emoções, prevalencendo entre 36% das meninas e em 29% dos meninos.

A pesquisa revelou ainda que essa busca por auxílio aumenta à medida que as crianças crescem. O índice salta de 15% entre 11 e 12 anos para 28% dos 13 aos 14 anos, chegando até 46% na faixa dos 15 aos 17 anos.

É importante lembrar que o levantamento apurou as informações em um período em que a pandemia ainda exigia dos jovens distanciamento dos amigos e da escola, provocando um forte impacto emocional. Esse contexto pode ter inflado os números. 

Fala-se mais sobre saúde mental na internet

A pandemia fez com que as pessoas expusessem cada vez mais seus interesses por uma vida mais saudável. É o que diz um levantamento feito pelo Twitter, em parceria com Black Swan Data e Crowd DNA, para investigar as principais tendências culturais observadas nos últimos dois anos na plataforma no país.

De acordo com o Twitter Trends Brasilas conversas gerais sobre bem-estar cresceram quase 50% e as menções sobre autocuidado aumentaram 20% entre os usuários brasileiros. Além disso, os debates sobre saúde mental tiveram um crescimento de 39% na plataforma. 

Por outro lado, postagens com hashtags relacionadas à estética, assim como enaltecendo apenas os benefícios físicos da prática de atividade física, apresentaram uma queda de mais de 60%. 

Houve ainda um crescimento significativo, de aproximadamente 150%, em conversas sobre cuidados comunitários, nos quais assuntos como o uso do Sistema Único de Saúde (SUS) e a igualdade de direitos no acesso à saúde foram mencionados diretamente. 

Temas alternativos e mais abrangentes também foram contemplados pelo estudo. Debates sobre tratamentos, como a acupuntura e homeopatia, tiveram um impulso de 34% na plataforma brasileira.  

Confira:

Internet: os dois lados da moeda

A internet e as redes sociais parecem oferecer dois caminhos: o da causa e o da solução, sendo, muitas vezes, a principal fonte de ansiedades, inseguranças e tristeza dos mais jovens. 

Cyberbullying, preconceito, violências, exposição da intimidade, desmoralização, exclusões e rejeições repetidas são fenômenos que fazem parte do cotidiano na vida digital e capazes de provocar esses sentimentos e emoções negativos.

Em contrapartida, ao mesmo tempo que as redes têm o potencial de impor situações complexas do ponto de vista emocional, elas parece surgir na pesquisa como um importante “porto seguro”, onde jovens podem buscar outras pessoas que estão passando pela mesma situação ou, até mesmo, especialistas. 

A internet ajuda ou atrapalha?

Ela pode dar suporte e acolhimento àqueles que estão em sofrimento, da mesma forma que pode fazer com que tenham contato com pessoas ou grupos que mais prejudicam do que ajudam.

A vivência e a opinião de influenciadores e leigos podem ter um peso semelhante – ou mesmo igual – à experiência de profissionais e especialistas, o que coloca crianças e adolescentes em um maior risco.

Assim, a partir do momento que a internet é uma fonte de suporte emocional, ela precisa ser um espaço melhor “curado”, mediado e controlado. Os jovens precisam saber as melhores formas de uso, os impactos causados pelo contato frequente com a internet e a importância de desenvolverem “filtros pessoais” para terem uma percepção maior dos riscos, gerirem as próprias emoções e terem mais proteção.

Ou seja, ter em mente quais abordagens, mensagens e imagens merecem atenção, bem como saber em quem confiar, como se portar e qual informação precisa ser checada, favorecendo um ambiente mais seguro para as crianças.

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