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O que caracteriza o autismo?

Saiba mais sobre o Transtorno do Espectro Autista - iStock
Saiba mais sobre o Transtorno do Espectro Autista - iStock

Redação Publicado em 28/03/2022, às 14h00

O Dia Mundial de Conscientização do Autismo é celebrado no dia 2 de abril e marca a importância de combater a discriminação e o preconceito. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo possuem o Transtorno do Espectro Autista, uma condição que compromete, de alguma forma, a linguagem, a comunicação e a socialização. 

De acordo com Roseli Miranda, psicóloga especialista em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e atendimento em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), o transtorno está ligado à dificuldade parcial ou total nas áreas da comunicação e na interação social. Ela ainda ressalta que não é uma doença, mas um transtorno mental do desenvolvimento, que já nasce com a criança e não tem cura.

O que caracteriza o autismo? 

As principais características da síndrome estão relacionadas ao desenvolvimento de habilidades sociais, comunicação e linguagem, interesses, comportamentos repetitivos e um processamento sensorial diferenciado. Logo, a percepção e a interpretação dos acontecimentos podem ser totalmente diferentes em autistas, o que pode causar reações desproporcionais, incomuns e indiferentes.

Uma criança sem o transtorno, por exemplo, consegue ficar sentada na sala de aula das sete ao meio-dia. Já uma criança autista consegue frequentar normalmente uma sala de aula, mas com algumas particularidades: nesse período, faz de duas a três lições adaptadas para ela e depois vai ao banheiro, bebe água, dá uma volta pelo pátio para respeitar a sua individualidade e o seu processo de aprendizagem.

Particularidades

A psicóloga também destaca que nenhum autista é igual ao outro, ou seja, cada um pode reagir de uma forma diferente em determinadas ocasiões. No entanto, um ponto bastante comum é a sensibilidade auditiva. 

Confira:

A audição do autista é muito mais aguçada, então algumas situações podem ser gatilho para crises, por exemplo: pessoas cantando parabéns e batendo palma em uma festa de aniversário, sinal da escola, despertador para acordar, relógio contando os segundos, entre outros”, comenta a especialista.

Como fazer o diagnóstico? 

O diagnóstico é feito por meio de uma equipe multidisciplinar e o tratamento deve agir para promover bem-estar e qualidade de vida. A psicóloga explica que antes de iniciar o tratamento é preciso entender em qual área o paciente autista precisa de atenção naquele momento. 

Se ele apresenta dificuldades na fala, será necessário trabalhar com uma fonoaudióloga; se apresenta dificuldades na interação social, teremos que trabalhar com terapia em grupo e individual, sessões de arteterapia e educação física. O tratamento é multiprofissional baseado na demanda de cada um”, esclarece Roseli.

Uma característica importante da síndrome é a necessidade de receber estímulos e ter uma rotina, por isso, uma metodologia bastante utilizada é a Análise do Comportamento Aplicada (ABA). Essa intervenção consiste em apresentar várias vezes um comportamento para o paciente até ele ser absorvido, até que entenda a demanda que está sendo estimulado a fazer.

A psicóloga também fala sobre a importância da inclusão social da criança com TEA, que deve sempre ser estimulada, respeitando as suas condições. “A inclusão social do autista é muito importante por diversos motivos, mas um ponto muito interessante é: eles podem aprender por imitação. Ou seja, se eles estão em uma sala de aula onde as outras crianças escrevem com lápis, pegam o tubo de cola, ficam em silêncio durante a aula ou se estão em contato com a família, que se senta à mesa para as refeições, que conversa e respeita uns aos outros, eles vão internalizando essas ações e adquirindo esses novos comportamentos”, conclui.

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