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Gordura visceral: novo estudo sugere qual a melhor dieta para perdê-la

A gordura visceral se acumula na cavidade abdominal, ficando próxima a órgãos vitais, os quais pode envolver e danificar - iStock
A gordura visceral se acumula na cavidade abdominal, ficando próxima a órgãos vitais, os quais pode envolver e danificar - iStock

Redação Publicado em 05/12/2022, às 12h00

Um novo estudo de intervenção clínica em larga escala descobriu que uma dieta mediterrânea modificada, chamada de dieta mediterrânea verde, é mais eficaz na redução da gordura visceral do que a dieta mediterrânea padrão ou uma dieta geralmente saudável. As três dietas resultaram em uma redução da gordura visceral, mas a dieta mediterrânea verde dobrou o benefício da dieta mediterrânea “tradicional”.

O estudo, publicado na BMC Medicine, foi conduzido pela equipe de pesquisa experimental Direct-Plus e liderado pela professora Iris Shai da Universidade Ben-Gurion do Neguev, em Israel, por Hila Zelicha, especialista em doença hepática gordurosa não alcoólica, agora atuando na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e auxiliadas por colegas da Itália, Alemanha e Estados Unidos.

É bom lembrar que a gordura visceral se acumula na cavidade abdominal, abaixo da camada dos músculos, ficando próxima a órgãos vitais, os quais pode envolver e danificar. Ela tem sido associada à mortalidade precoce e a uma série de outras preocupações médicas graves.

Dieta mediterrânica verde

A dieta mediterrânea verde difere da dieta mediterrânea original em sua ênfase em polifenóis, compostos vegetais que têm sido associados à proteção contra diabetes tipo 2, alguns tipos de câncer e doenças cardíacas. Eles também parecem apoiar a saúde do cérebro e a digestão. Os polifenóis são encontrados no chocolate amargo, nas frutas vermelhas, no vinho tinto e no chá, bem como em algumas nozes.

Na dieta mediterrânea verde, prevista neste estudo, uma pessoa consumiu 28 gramas de nozes – cerca de sete nozes – 3 a 4 xícaras de chá verde e 100 miligramas da planta aquática Wolffia globosa (Mankai) – também conhecida como “lentilha-d'água”- em um smoothie ou shake todos os dias. Todos os ingredientes são ricos em polifenóis. Fora isso, a dieta é a mesma da mediterrânea original, mas sem o consumo de carnes vermelhas e processadas.

Para o estudo randomizado controlado por 18 meses, os pesquisadores dividiram os 294 participantes em três grupos:

  • Um grupo seguiu uma dieta mediterrânea padrão (MED);
  • Um seguiu uma dieta mediterrânea verde (MED-verde);
  • Um último grupo seguiu rigorosamente as diretrizes dietéticas saudáveis (HDG).

Todos os grupos receberam sessões educativas de estilo de vida e recomendações de atividade física, juntamente com uma academia gratuita. Os pesquisadores forneceram nozes, chá e Mankai, juntamente com receitas de smoothies verdes.

Uma intervenção dietética promissora

Aaron Cypess, do Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, e que não esteve envolvido no estudo, elogiou a pesquisa para o Medical News Today:

O ensaio clínico foi bem conduzido e esses tipos de intervenções dietéticas de longo prazo são muito difíceis de executar. O estudo gerou muitas hipóteses que agora podem ser testadas em relação ao mecanismo pelo qual os polifenóis afetam a massa do TAV”.

“TAV” significa “tecido adiposo visceral”, que é outro termo para gordura visceral. “Adiposo” descreve um tecido corporal que armazena gordura. No final do estudo, as reduções na gordura visceral foram avaliadas por ressonância magnética. Todos os três grupos perderam uma quantidade semelhante de peso corporal total. Os participantes da dieta mediterrânea verde reduziram sua gordura visceral em mais de 14%. Aqueles na dieta mediterrânea perderam 6% e o grupo de dieta saudável perdeu 4,2%.

Como foi dito anteriormente, a gordura visceral é profunda no corpo e encontrada em torno dos órgãos internos, ao contrário da camada superficial de gordura que podemos ver. “A maioria das intervenções atualmente disponíveis não tem como alvo específico o tecido adiposo profundo”, apontou o Cypess, “mas os benefícios da perda de massa gorda, em geral, ainda são valiosos”, acrescentou.

Como não pode ser visto, determinar se alguém tem TAV não é uma tarefa simples. Embora Hila, uma das autoras do estudo, tenha notado que a circunferência da cintura é um indicador bastante bom da presença de TAV, a ressonância magnética e a tomografia computadorizada são os padrões-ouro para a detecção. "No entanto, a tomografia computadorizada envolve radiação ionizante e a ressonância magnética emergiu como uma poderosa ferramenta de previsão não invasiva, mas é muito cara e demorada”, alertou. Ainda há necessidade, lembrou ela, de uma ferramenta melhor, facilmente acessível e validada para avaliar o TAV.

Perder gordura visceral

Neste momento, a dieta mediterrânea verde é o regime que reduz mais significativamente a gordura visceral, de acordo com pesquisas recentes. Como observou Cypess, a maioria das dietas leva a uma redução no tecido adiposo ao redor dos órgãos. Mesmo neste estudo, o braço de controle HDG (Grupo Dimensões da Saúde) levou à perda de gordura visceral, mas não tanto quanto a dieta [verde mediterrânea].”

Uma vez que dietas eficazes normalmente proporcionam pelo menos alguma redução no tecido adiposo visceral, “a melhor dieta e plano de exercícios é aquele que a pessoa pode aderir por meses e anos no futuro”, afirmou Cypess. Já Hila disse que os exercícios aeróbicos, como correr ou andar de bicicleta, “demonstraram ser uma estratégia poderosa para a redução do tecido adiposo visceral”.

Na pesquisa anterior feita pela professora Iris, fazer exercício juntamente com o consumo de nozes ampliou o efeito da dieta mediterrânea padrão na redução do TAV, disse Hila.

Comer mais gorduras à base de plantas”, sugeriu ela, “como azeite, abacate, nozes e sementes, e evitar carboidratos simples e ácidos graxos trans pode ajudar a reduzir o tecido adiposo visceral”, finalizou.

Fonte: MedicalNewsToday

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