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Como identificar o risco de suicídio e ajudar alguém que pensa nisso

Existe sempre possibilidade de buscar ajuda e desenvolver condições internas de lidar com o sofrimento. - iStock
Existe sempre possibilidade de buscar ajuda e desenvolver condições internas de lidar com o sofrimento. - iStock

Redação Publicado em 02/09/2022, às 12h00

Falar sobre as nossas emoções é fundamental. E isso é algo que precisa ser reiterado em qualquer época do ano, e não apenas neste Setembro Amarelo, mês escolhido para chamar atenção sobre o tema. Como sugere o CVV (Centro de Valorização da Vida),  entre o desejo de acabar com a dor e a vontade de viver, existe a possibilidade de buscar ajuda e desenvolver condições internas de lidar com o sofrimento.

Fatores de risco para o suicídio

As taxas de suicídio no país são mais altas para os homens, pois eles tendem a utilizar meios mais letais. Mas as mulheres tentam mais vezes, segundo as estatísticas. Os índices também são mais altos na população LGBTQIA+, por causa do preconceito e de questões culturais.

O Ministério da Saúde observa, também, que a proporção de suicídios é mais alta para quem tem 70 anos ou mais (8,9/100 mil hab.); tem até três anos de estudo (6,8/100 mil hab.); e na população indígena (15,2/100 mil hab.).

Pesquisas apontam que quase 97% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtornos de personalidade e abuso de álcool ou drogas. Mas existem diversos fatores envolvidos nessa relação, como a gravidade dos sintomas, questões culturais, ausência de tratamento e impulsividade, entre outros.

Também há outros problemas e condições que aumentam o risco de alguém pensar em morrer, como discriminação, bullying, sofrimento no trabalho, perda de emprego, exposição a agrotóxicos, crises políticas e econômicas, conflitos familiares, perda de alguém querido, doenças crônicas dolorosas ou incapacitantes e acesso a meios letais, como armas ou venenos.

Confira:

Dá para evitar!

Estima-se que 90% dos suicídios podem ser prevenidos. Por isso é importante perder o medo e oferecer ajuda. Muitas vezes, ter com quem falar, colocar o sofrimento para fora e poder contar com um “ombro amigo” fazem toda a diferença.

Como muitas dessas tragédias acontecem por impulso, no desespero, esse tempo para ser ouvido, ouvir e pensar podem mudar o destino de muita gente. Esse “ombro amigo” também pode ser fundamental para incentivar a pessoa a buscar tratamento, na suspeita de um transtorno mental.

A maioria das pessoas expressa a ideação suicida de alguma maneira, seja de maneira sutil (com palavras ou imagens mais sombrias nas redes sociais, abandono de atividades, isolamento ou mudanças de comportamento), ou de forma mais explícita (com frases como “a vida perdeu o sentido pra mim” e “eu sou um peso para os outros”, ou até elaboração de testamento).

Para resumir, veja algumas atitudes merecem atenção:

Mudanças repentinas de comportamento ou personalidade (a pessoa de repente fica mais calada, passa a se isolar, ou parece mais agitada do que de costume, etc.);

Mudanças no desempenho (o jovem começa a ir mal na escola, o adulto começa a faltar ou tem queda de produtividade no trabalho, etc.);

Palavras, desenhos ou expressões que demonstram falta de esperança, pessimismo, sensações de vazio ou de culpa (isso pode se manifestar até nas redes sociais que a pessoa utiliza, com postagens de textos, imagens ou vídeos mais sombrios);

Perda de interesse em atividades que antes eram rotina (a pessoa deixa de ir à igreja, abandona a atividade física ou o hobby, etc.);

Falta de autocuidado ou mudanças na aparência (a pessoa deixa de fazer a barba ou cortar o cabelo, não toma mais banho todo dia, engorda ou emagrece, etc.);

Uso mais intenso de álcool, cigarro ou drogas;

Sinais de automutilação, como marcas de cortes ou queimaduras no corpo;

Falar com mais frequência sobre temas relacionados à morte, fazer testamento ou seguro de vida, começar a doar pertences;

Como ajudar

O mais importante é demonstrar disposição para ouvir sem julgamentos. Muitas vezes, as pessoas tentam ajudar com frases como “eu já passei por coisa pior”, “agradeça pelo que você tem de bom” ou “levanta a cabeça”, mas isso só aumenta a sensação de culpa ou de impotência diante do sofrimento.

Nos sites e páginas do CVV, do Ministério da Saúde e da campanha Setembro Amarelo, entre outros, é possível encontrar cartilhas com informações valiosas para quem quer ajudar, mas não sabe como. Se você suspeitar de uma emergência, não hesite: ligue para o SAMU (192), ou leve a pessoa para um serviço de emergência (em pronto-socorros, hospitais ou numa UPA 24H).

Se é você quem está sofrendo

Não tenha vergonha de pedir ajuda. Falar é sempre melhor. Se não der para ser alguém da família, busque um amigo, um professor, alguém de confiança na sua comunidade, um grupo de suporte ou um profissional de saúde.

O Centro de Valorização da Vida oferece apoio emocional a todas as pessoas que precisam conversar, sob total sigilo, pelo telefone 188 (ligação gratuita), ou por email, chat ou Voip, todos os dias, 24 horas. Você também pode buscar auxílio profissional dos CAPS e nas Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde).

Lembre-se que a depressão é uma doença como outra qualquer. Se você não pensa duas vezes ao procurar o médico em caso de dor ou febre, não há porque ter receio de procurar um psiquiatra, psicólogo, assistente social ou mesmo um grupo de suporte em caso de sofrimento emocional.

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