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Alimentação emocional: como comer e não sentir culpa

A comida costuma ter um sabor muito melhor e nos deixa muito mais felizes quando consumimos algo "proibido" - iStock
A comida costuma ter um sabor muito melhor e nos deixa muito mais felizes quando consumimos algo "proibido" - iStock

Redação Publicado em 16/09/2022, às 12h00

Você já se referiu a si mesmo como um ‘comedor emocional’? Digita "alimentação emocional" em uma caixa de pesquisa do Google esperando e rezando para encontrar uma resposta para seu hábito noturno de comer doces? Provavelmente já leu inúmeros artigos dizendo como "consertar" seu "problema emocional" de alimentação. Bem, a boa notícia é que você não está sozinho. Mas a notícia não tão boa é que provavelmente está desperdiçando seu tempo e energia.

Comida deve ser reconfortante

Como ser humano, você está biologicamente programado para encontrar prazer na comida. É um mecanismo de sobrevivência inato que ajuda a mantê-lo vivo. A ciência mostrou que, se você não está recebendo energia suficiente (calorias via alimentos), sua conexão mente-corpo basicamente tornará a comida mais atraente. Em outras palavras: você fica com fome e depois deseja um pão de queijo. 

Imagine um mundo no qual a comida não fosse agradável. Você acha que seria tão compelido a comer? Provavelmente, não. Comida é combustível, sim, mas também serve para acalmar e confortar. Procure tirar a culpa e a vergonha desse prazer que lhe dá alegria e conforto e perceba que é completamente normal se sentir feliz quando você morde um hambúrguer suculento ou uma deliciosa fatia de um bolo de chocolate.

A alimentação emocional funciona como um pêndulo. Se você se esforçar cada vez mais para evitá-la, controlar-se e ingerir apenas alimentos que considera "bons", o pêndulo vai oscilar alto em uma direção. E, eventualmente, esse impulso vai forçá-lo a balançar alto na outra direção, o que neste caso significa comer demais e ingerir alimentos "ruins".

Conclusão: quanto mais você tenta controlar a alimentação emocional, mais ela acaba controlando você. Permita-se saborear uma tigela de sorvete quando estiver se sentindo para baixo sem sentir culpa ou vergonha (isso provavelmente só levará a mais excessos) e, em vez disso, veja como uma forma de autocuidado. Não há problema em comer emocionalmente, desde que a comida não seja o único mecanismo de enfrentamento que você tenha em sua caixa de ferramentas para lidar com as coisas da vida.

Você está restringindo sua comida

Você está preso a uma mentalidade de dieta? Você sente constantemente a pressão para restringir certos alimentos? Comer emocional e fome são fáceis de misturar. Se você está "fazendo dieta" e restringindo coisas que lhe dão prazer (pizza, biscoitos ou até mesmo seu smoothie favorito), não estará apenas mais inclinado a comer emocionalmente (digamos, pedir comida gordurosa depois um dia estressante no trabalho), mas mais inclinado a comer demais até mesmo alimentos "saudáveis" porque você está com fome. Esta é mais uma razão pela qual você deve desistir de uma dieta restritiva de uma vez por todas.

Se você não estiver ingerindo calorias suficientes, seu cérebro liberará uma substância química chamada neuropeptídeo Y (NPY), que faz você desejar carboidratos (a primeira e mais prontamente disponível fonte de energia do seu corpo). É basicamente o mecanismo de sobrevivência inato do seu corpo entrando em ação para garantir que você tenha todo o combustível necessário para fazer as coisas – ou até mesmo levantar peso na academia.

Conclusão: se você está restringindo carboidratos ou calorias e sente um desejo irresistível de afogar suas emoções em uma pizza inteira, provavelmente não é uma alimentação emocional, mas sim uma reação à baixa energia e desejo por coisas que você estava restringindo.

Alimentos proibidos são mais prazerosos

Já notou como a comida tem um sabor muito melhor e deixa você muito mais feliz em um "dia de trapaça" do que em um "dia de dieta"? Isso tem pouco a ver com seus laços emocionais com a comida e tudo a ver com o fascínio de alimentos proibidos. Pesquisas mostram que os centros de recompensa e prazer em seu cérebro se acendem ainda mais em resposta a um alimento que antes estava fora dos limites. Então aquele sorvete que você está trancando nas profundezas do seu freezer vai ser mais delicioso quando você finalmente se deliciar do que se você apenas se der permissão para tê-lo sempre que estiver com vontade.

Lembre-se que você é humano. Você tem emoções e necessidades que impulsionam muitas de suas ações diárias, relacionadas à comida ou não. É como colocar uma criança em uma sala cheia de brinquedos e dizer a ela que pode brincar com qualquer brinquedo ali, exceto com a bola azul. Adivinha qual brinquedo essa criança vai pegar? É a mesma ideia com a comida. Se você disser a si mesmo que croissants estão fora dos seus limites, você vai sonhar com um torrado com cream cheese. Sim, a verdade dói.

Conclusão: tire a moralidade da equação alimentar removendo os rótulos de "bom" e "ruim". Dê a si mesmo permissão para comer todos os alimentos(com ênfase no equilíbrio e na variedade) e você provavelmente reduzirá esses desejos, que no momento podem parecer farras emocionais.

Fonte: Shape

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