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4 hábitos para manter os rins saudáveis

Anti-inflamatórios de venda livre são vilões para os rins, principalmente se você tiver pressão alta ou diabetes - iStock
Anti-inflamatórios de venda livre são vilões para os rins, principalmente se você tiver pressão alta ou diabetes - iStock

Ter rins saudáveis deveria ser uma meta de saúde para todos. Muitas vezes lembramos do coração, dos vasos sanguíneos, do intestino... mas esquecemos dos maravilhosos órgãos que filtram nosso sangue incansavelmente, cerca de 12 vezes por hora!

Fabricar hormônios, controlar a pressão arterial, equilibrar a água e os eletrólitos do sangue: os rins são ativos protetores da nossa regulação interna.

Dessa forma, elenco aqui os melhores hábitos para ajudar você a manter seus rins saudáveis. Lembremos que os hábitos devem ser conquistados com nossa paciência e com a perseverança do dia-a-dia. Vamos juntos!

1. Praticar atividades físicas

As atividades físicas previnem o ganho de peso e a pressão alta, motivos suficientes para reduzir a chance da doença renal crônica, que, em último grau de gravidade, pode levar o indivíduo à hemodiálise.

Exercitar-se 5 vezes por semana, 30 minutos ao dia, reduz o risco de doença cardiovascular e reduz seu risco de ter doença renal crônica.

2. Reduzir a quantidade de sal e alimentos salgados 

Preste atenção em quanto você ingere de sal por dia. O brasileiro come, em média, 9 gramas de sódio por dia, sendo que o ideal para manter seus rins saudáveis é 2 gramas diariamente.

Boas medidas para este controle são verificar os rótulos dos produtos e evitar alimentos embutidos e congelados, como presunto, mortadela, salame e alimentos pré-preparados, que contêm bastante sal na sua composição.

Além disso, saleiro, molhos prontos e temperos como o shoyu não devem estar presentes à mesa durante as refeições.

3. Parar de fumar (inclusive cigarro eletrônico e narguilé)

Quem fuma tem maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares e doença renal crônica, além de elevar seu risco de desenvolver câncer de rim.

A inflamação gerada pelos diversos componentes do cigarro é prejudicial ao funcionamento dos rins, podendo inclusive gerar queda na função renal e aumento da proteína na urina.

A chamada "proteinúria" é fator de risco independente de mortalidade. Ou seja: quem elimina proteína pela urina tem maior chance de morrer, quando comparado com quem tem os rins que “barram ” a excreção de proteína pela urina.

O fumo através do cigarro eletrônico e do narguilé expõe o indivíduo às exatas mesmas substâncias do tabaco e, provavelmente, a outras não conhecidas, pois inexiste o controle de suas preparações.

Quer ajuda para parar de fumar? Conheça o Programa Nacional de Controle do Tabagismo nos estados, no site www.gov.br. Procure ajuda médica caso sinta dificuldade neste processo.

4. Parar de tomar remédios livres nas farmácias, como anti-inflamatórios e analgésicos

Quem nunca teve uma dor de garganta e resolveu ir à farmácia comprar uma nimesulida? E aquela dipirona que vive na bolsa? E tem gente que a toma todo dia!

O hábito da automedicação é muito prejudicial.

Os anti-inflamatórios, como por exemplo o diclofenaco, a nimesulida e o ibuprofeno, são vilões para os rins, principalmente se você tiver pressão alta ou diabetes. Estas medicações reduzem a filtração do sangue e também podem provocar nefrites e até lesão renal aguda, uma forma rápida de redução da função dos rins, que pode infelizmente ser fatal.

O uso exagerado e prolongado de analgésicos também está relacionado a uma doença chamada nefrite intersticial crônica, a qual requer atenção pois pode reduzir a função dos rins a longo prazo.

Importante, portanto, é consultar sempre um médico antes de utilizar qualquer medicação. Adicionalmente, restrinja o número de dias de anti-inflamatório, caso você realmente precise tomá-lo.

Recordo que estes hábitos contribuem para uma vida mais saudável e sem surpresas quanto à saúde renal. Isso porque a doença renal crônica não dá sintomas! Eles só ocorrem quando geralmente é muito tarde para qualquer medida médica, e não há reversão para uma função normal. Vamos cuidar do nosso presente, valorizando a saúde dos nossos filtros naturais, essenciais para a vida em equilíbrio.
Dra. Caroline Reigada

Dra. Caroline Reigada

Médica nefrologista, especialista em medicina interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Também é especialista em medicina intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, atualmente é médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Instagram: @dracaroline.reigada.nefro

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Site Doutor Jairo