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6 recomendações para evitar o risco de trombose em viagens

O uso de meias elásticas de compressão é extremamente benéfico - iStock
O uso de meias elásticas de compressão é extremamente benéfico - iStock

Você já ouviu dizer que as panturrilhas são nosso "segundo coração"? A batata da perna  funciona como uma grande bomba, ejetando o sangue em direção ao pulmão, para ser reoxigenado e redistribuído pelo coração.

Sempre que temos uma situação em que a panturrilha não trabalha direito, como longos períodos de imobilidade, o sangue se acumula nas pernas e não tem um retorno adequado, o que vai levar à retenção de líquido, inchaço, sensação de pernas pesadas e cansadas. Esses são sinais de que a circulação não está adequada.

Por esse motivo, ficar muito tempo sem andar ou se movimentar, como acontece nas viagens de avião ou ônibus, pode aumentar o risco de trombose, termo que se refere à condição na qual há o desenvolvimento de um “trombo”, um coágulo sanguíneo, nas veias das pernas e coxas (que entope a passagem do sangue).

A cirurgiã vascular e angiologista Aline Lamaita, médica membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, explica que, no avião, quem fica sentado na janela tende a se movimentar ainda menos. Mas ainda há outro problema adicional para quem está viajando nas nuvens: 

Se já não fossem suficientes esses riscos, temos que adicionar a desidratação, que é provocada pela diminuição de ingestão líquida para evitar ir ao banheiro do avião, somada à causada pelo ar condicionado e pela pressurização da cabine. A desidratação pode “engrossar” o sangue, isso somado à diminuição de velocidade, conferida pela restrição de posição, pode ser um prato cheio para desenvolver uma trombose."

As viagens de ônibus frequentemente têm paradas obrigatórias que permitem que os passageiros realmente se movimentem de uma forma maior, já que não estariam restritas ao corredor do meio de transporte. Mas é preciso fazer um esforço para se mexer nesse tipo de transporte. As viagens de carro se tornam ideais porque as paradas podem ser feitas de forma sistemática para que se ande um pouco a cada duas horas, reduzindo o risco de complicações.

A médica dá algumas dicas adicionais para evitar o risco de trombose nas viagens de fim de ano e férias: 

  1. É importante, em qualquer viagem, usar roupas confortáveis, evitar calças que comprimam o abdômen, uso de cintas, ou qualquer vestuário que aumente a pressão intra-abdominal, que dificulta terrivelmente a circulação das pernas.
  2. Cuidado com meias ou calças que possam fazer dobras e incomodar em pontos específicos, causando um garrote, e especial cuidado para sapatos e sandálias que ficam amarradas nas pernas, e possam causar um garrote no caso de um inchaço.
  3. O uso de meias elásticas de compressão é extremamente benéfico, já que evita a retenção de líquido das pernas, estimula a circulação, aumenta a velocidade do fluxo sanguíneo nas pernas e evita a trombose. Há opções de tecidos tecnológicos, que evitar aquecimento excessivo, podendo ser usadas durante o esporte e também nos dias mais quentes. 
  4. Antes de uma viagem, devemos ter uma refeição mais leve, com alimentos de fácil digestão e pobres em sódio, para não estimular a retenção. Isso inclui evitar alimentos muito processados, industrializados, salgadinhos e refrigerantes, pois são muito ricos em sódio.
  5. Lembre-se que o consumo de álcool, mesmo com moderação, causa muita retenção de líquido, além de diminuir nossa mobilidade durante a viagem, o que nunca será benéfico para a circulação!
  6. Sempre que o inchaço ocorrer em apenas uma perna, um sinal de alerta deve ser acionado. "Edemas que ficam unilaterais podem ser decorrentes de alterações ortopédicas localizadas, mas a principal preocupação nesse momento é descartar a possibilidade de uma trombose venosa profunda", diz a médica. Sendo assim, inchaço em apenas uma das pernas, e repentino, deve ser levado a sério e a ajuda médica deve ser providenciada de imediato, principalmente se estiver associado à queixa dolorosa.
Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin