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Ter um parceiro com doença cardíaca pode dobrar o risco para o outro

O estado de saúde e os fatores de risco das mulheres parecem afetar os homens em maior medida - iStock
O estado de saúde e os fatores de risco das mulheres parecem afetar os homens em maior medida - iStock

Redação Publicado em 06/05/2021, às 16h01

Pessoas que vivem com um cônjuge com doença cardíaca têm mais que o dobro de chances de desenvolver o mesmo problema, de acordo com um novo estudo chinês apresentado na 70ª Sessão Científica Anual do American College of Cardiology

Os pesquisadores envolvidos entrevistaram mais de 5.000 casais heterossexuais acima dos 45 anos e habitantes de sete regiões da China entre os anos de 2014 e 2016. Todos os participantes forneceram informações sobre o seu histórico de saúde e de seu (a) parceiro (a), incluindo detalhes sobre fatores de risco, como índice de massa corporal (IMC), pressão arterial, estilo de vida, prática de atividade física, tabagismo, uso de álcool e aspectos socioeconômicos. 

Além disso, também foi definido um histórico referente a doenças cardiovasculares, como: ataques cardíacos, acidente vascular cerebral (AVC), intervenção coronária percutânea ou enxerto de bypass da artéria coronária, sendo esses dois últimos procedimentos para abrir ou contornar artérias bloqueadas. 

Segundo a pesquisa, os resultados mostram que o risco de doenças cardiovasculares de uma pessoa está diretamente associada ao estado de saúde e estilo de vida de sua esposa ou marido.

Além de compartilhar o estilo de vida e o ambiente socioeconômico, os dados sugerem que o estresse de cuidar de um cônjuge cardíaco também pode contribuir para o aumento do risco cardiovascular. 

Mais atenção aos cuidadores

Como as informações foram coletadas de diversas regiões da China, representando uma ampla gama de origens econômicas e culturais, a equipe acredita que os resultados são, provavelmente, semelhantes às tendências de outros países de renda média ao redor do mundo. 

Para os autores, a pesquisa alerta sobre a necessidade de cuidados preventivos a parceiros e parceiras de pessoas com doenças cardiovasculares. Nessa questão, eles defendem o monitoramento da saúde desses cuidadores, bem como a disponibilidade de assistência já na atenção primária do sistema de saúde.

Homens são mais afetados 

De acordo com as descobertas, a relação entre histórico de doença cardíaca e o próprio risco de desenvolvê-la foi especialmente observada em homens. Dentre os homens cujas esposas tinham doenças cardíacas, 20% apresentavam problemas cardiovasculares - contra 12,8% daqueles casados com mulheres não cardíacas. 

A probilidade do homem apresentar um problema cardiovascular era maior se sua esposa tivesse um histórico de derrame, obesidade ou tabagismo. De acordo com os pesquisadores, o papel relevante das mulheres na determinação da dieta de uma família pode ajudar a explicar o fato observado. 

Já entre as mulheres cujos maridos tinham doenças cardíacas, 21% apresentaram problemas cardiovasculares contra apenas 9% das mulheres com maridos não cardíacos. Nesses casos, as chances da mulher desenvolver alguma doença cardiovascular era maior se seu marido tivesse um histórico de derrame. 

Segundo os autores, o estado de saúde e os fatores de risco das mulheres, que são as condutoras do estilo de vida na maioria das famílias, parecem afetar os homens em maior medida do que o contrário. 

O estudo ainda examinou as tendências do diabetes, mas descobriu que ter um cônjuge diabético não aumenta significativamente o risco do outro também desenvolver a doença. Esse achado pode indicar que fatores genéticos e histórico familiar são dominantes para o risco de diabetes