Estudo reforça diferenças nos sintomas do transtorno em homens e mulheres
Redação Publicado em 14/10/2025, às 10h00
Mulheres com TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) são diagnosticadas cerca de cinco anos mais tarde do que os homens, apesar de os sintomas surgirem na mesma idade para ambos os sexos. O alerta é de um estudo recente publicado no periódico European Psychiatry e apresentado no congresso ECNP, em Amsterdã, voltado para o estudo e tratamento de doenças cerebrais.
O estudo também sugere que mulheres com TDAH podem sofrer maiores dificuldades emocionais e funcionais do que os homens, em função desse atraso no diagnóstico.
O TDAH afeta milhões de pessoas, mas a compreensão de como ele se apresenta e impacta homens e mulheres de forma diferente ainda é limitada, de acordo com a pesquisadora principal do estudo, Silvia Amoretti, do Instituto de Salud Carlos III, na Espanha.
Ela explica que muitas mulheres não recebem o diagnóstico correto de TDAH, o que leva a complicações como depressão, ansiedade e prejuízos na vida pessoal e profissional.
Por outro lado, pesquisas indicam que homens com o transtorno têm uma probabilidade maior de se envolver em comportamentos de risco, o que também pode trazer graves consequências.
Compreender melhor essas diferenças pode, segundo os pesquisadores, melhorar o diagnóstico e tratamento dessa condição.
Para chegar às conclusões, os pesquisadores analisaram uma amostra de 900 adultos diagnosticados com TDAH pela primeira vez em um programa ambulatorial especializado em Barcelona, na Espanha. Do total, 54,9% eram homens, e a idade média era de 36,9 anos.
Foram avaliadas as diferenças entre homens e mulheres em termos de idade no diagnóstico, gravidade dos sintomas de TDAH, doenças psiquiátricas associadas e funcionamento psicológico e social, entre outras questões.
Os resultados mostram que as mulheres foram diagnosticadas com TDAH com uma idade média de 28,9 anos, enquanto os homens receberam o diagnóstico em média aos 24,1 anos. Apesar disso, os sintomas surgiram na mesma época para ambos os sexos.
A análise também mostrou que os homens tinham cerca de três vezes mais probabilidade de ter enfrentado problemas legais (18,1%) do que as mulheres (6,6%).
“Descobrimos que, embora os sintomas de TDAH tenham começado em idades semelhantes em homens e mulheres, as mulheres foram diagnosticadas cerca de cinco anos depois. No momento do diagnóstico, elas apresentavam sintomas mais graves, pior desempenho na vida diária e maiores taxas de depressão e ansiedade”, comentou a pesquisadora.
Os dados mostram que o TDAH frequentemente passa despercebido em mulheres até se tornar um problema sério.
“Nossas descobertas sugerem que podemos estar ignorando os primeiros sinais em meninas e mulheres, especialmente quando seus sintomas são menos perturbadores, mas ainda impactantes”, acrescentou.
A principal hipótese para explicar o diagnóstico tardio é que os sintomas de TDAH se manifestam de forma diferente em homens e mulheres.
Os meninos são mais propensos a serem hiperativos ou impulsivos, e esse comportamento acaba sendo mais visível para pais, professores e médicos.
Por outro lado, meninas com TDAH têm maior probabilidade de apresentar desatenção e, em geral, isso leva mais tempo para ser notado.
“Temos observado tendências semelhantes internacionalmente, então é provável que este seja um problema global. A natureza da condição leva a diagnósticos mais precários em mulheres em todos os lugares, o que significa que elas podem perder, em média, cinco anos de tratamento, cinco anos de uma vida melhor”, concluiu Amoretti.
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