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Socializar pode melhorar a função cognitiva dos idosos no dia a dia

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que há cerca de 50 milhões de pessoas com demência no mundo - iStock
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que há cerca de 50 milhões de pessoas com demência no mundo - iStock

Redação Publicado em 16/09/2021, às 19h30

Em um estudo liderado pela Universidade de Penn State (Estados Unidos), os pesquisadores descobriram que quando adultos entre 70 e 90 anos relataram ter tido interações sociais mais frequentes e agradáveis, eles também tiveram um melhor desempenho cognitivo no mesmo dia ou nos dois seguintes.

De acordo com os autores, as descobertas – publicadas na revista PLOS ONE – mostram que a socialização com outras pessoas pode impactar imediatamente o desempenho cognitivo (no mesmo dia ou nos dias que sucedem a interação). Esses efeitos em um período tão curto de tempo eram desconhecidos até então.

Vale lembrar que, segundo uma previsão da Universidade de Washington (Estados Unidos),  os casos globais de demência quase triplicarão e podem atingir mais de 152 milhões de pessoas em trinta anos, impulsionados pelo envelhecimento populacional. 

Ou seja, é esperado que ocorra um aumento de 57,4 milhões no mundo inteiro em 2019 para cerca de 152,8 milhões em 2050. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, em todo o planeta, há cerca de 50 milhões de pessoas com demência e quase 10 milhões de novos casos a cada ano e o isolamento social mais tarde na vida, por exemplo, é um grande fator de risco.

Assim, para os pesquisadores, é fundamental encontrar maneiras de prevenir essas condições antes que elas cheguem ao estágio clínico, visto que afetam diretamente os pacientes, bem como sua família e cuidadores.  

Melhor desempenho cognitivo

Para o estudo, a equipe utilizou dados de 312 idosos (de 70 a 90 anos), coletados por celulares ao longo de 16 dias. Os participantes precisaram relatar cinco vezes quantas interações sociais vivenciaram em determinado dia, bem como com quem interagiram e se foi uma experiência positiva ou negativa. Tanto as interações digitais – como falar ao telefone ou mensagens de texto – como as presenciais foram contabilizadas. 

Além disso, os idosos completaram três testes cognitivos após cada relatório. Um foi projetado para medir a velocidade de processamento cognitivo e a atenção, e os outros dois eram responsáveis por avaliar diferentes aspectos da memória e da capacidade de armazenar informações. 

Confira:

Os pesquisadores descobriram que, quando os idosos interagiam com mais frequência com pessoas próximasespecialmente seus amigos –, eles apresentavam um melhor desempenho nos testes cognitivos quando comparados com aqueles que socializaram em menor quantidade. 

Outra informação revelada pelo estudo foi que, quando os participantes não estavam experimentando regularmente certos tipos de contato social, eles tiveram melhor desempenho cognitivo nos dias em que puderam vivenciar o que não era habitual. Por exemplo, se uma pessoa geralmente não tinha muito contato com a família, ela experimentou um aumento na cognição em dias que teve um contato maior com seus familiares.

Segundo os autores, embora a pesquisa sugira que a falta de socialização possa ter efeitos negativos e ser um fator de risco para o declínio da função cognitiva mais tarde na vida, as descobertas também são uma oportunidade para futuras intervenções que possam ajudar a “impulsionar” os níveis habituais da socialização cotidiana entre os idosos.

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